O sentimento de prazer na realização da tão esperada viagem pode virar um pesadelo. Nos últimos meses, aumentaram as ocorrências nas estradas, tendo como vítimas passageiros e motoristas do setor, no Maranhão. As empresas de transporte rodoviário, pensando no bem-estar de seus clientes - e para evitar queda no faturamento -, decidiram reforçar as medidas de segurança.

A principal medida adotada pelos empresários do Sistema de Transporte Rodoviário é a aquisição dos serviços de escolta privada, ou seja, a proteção por vigilância do ônibus durante todo o percurso. De acordo com as empresas, o serviço costuma “pesar” no orçamento final. Em média, cada empresa de escolta privada cobra até R$ 10 mil por mês pelo serviço. “É uma medida necessária, até mesmo para evitar novos riscos de assaltos, especialmente em trechos em que a pavimentação asfáltica está prejudicada”, disse o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário e Fretamento do Maranhão (Setresma), Benedito Ubaldo.

Horários
Além desta medida, de acordo com o dirigente, algumas empresas também estão modificando horários de saída de determinados coletivos, para que a maior parte do trecho seja feita durante os períodos matutino e vespertino. “Outra medida adotada é diminuir o tempo de espera em ca­da parada, para tornar as viagens mais curtas”, disse Ubaldo.

O sindicato responsável informou ainda a O Estado que outra orientação a ser seguida pelas empresas do setor é evitar embarcar passageiros que aguardam pelo ônibus na estrada. Motoristas que realizam viagens diariamente, seja por rodovias federais ou estaduais, afirmam que a orientação é seguida integralmente. “Antes, se tinha este costume. A gente podia parar, mesmo à noite, para embarcar um passageiro. Atualmente, só embarcamos nos pontos determinados, ou seja, nas rodoviárias, e mediante apresentação imediata do bilhete”, disse o motorista da empresa Guanabara Santino Alves.

Ele informou ainda que, por exemplo, durante uma viagem entre São Luís e Caxias (MA), são previstas apenas três paradas - uma no município de Miranda do Norte, outra em Entroncamento e a terceira em Peritoró. “Poderia haver mais, contudo para não correr os riscos, a gente corta essa quantidade de paradas”, confirmou o motorista.

O também motorista da empresa Sideral Evangelista Matias – que trabalha na função há mais de 30 anos – afirmou que jamais foi vítima de assalto durante as viagens. No entanto, confessou que foram necessárias algumas medidas paliativas, para conter os riscos de assaltos. “Por exemplo, quando eu passo em algum trecho esburacado demais, em que os bandidos poderiam se utilizar de ferramentas, às vezes, para abrir o bagageiro externo e levar as malas, a gente liga o pis­ca-alerta para ter uma referência maior no retrovisor, especialmente em trechos mais escuros”, disse.

Passageiros que viajam com frequência relatam o medo ao optar pelo serviço. “Como a gente muitas vezes não têm opção, não tem jeito. É se apegar a Deus e pedir que não aconteça nada”, disse a pescadora Rosinete Alves, que seguia viagem na tarde de ontem para o município maranhense de Viana.

Até o fechamento desta página, a Polícia Militar não se pronunciou sobre a segurança nas estradas estaduais. Já a Polícia Rodoviária Federal informou que realiza barreiras em pontos estratégicos das estradas, com o objetivo de fiscalizar os ônibus, e, ao mesmo tempo, inibir as ações dos assaltantes.

Número
R$10 mil por mês é o custo dos serviços de escolta privada;

RELEMBRE
Maria de Jesus Moreira Américo, de 71 anos, morreu de infarto após ser vítima de assalto a ônibus, registrado na noite de sexta-feira, 8, na BR-226. De acordo com informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), ela estava em um ônibus da empresa Guanabara, que vinha de Presidente Dutra, com parada em Grajaú e destino à cidade de Imperatriz, quando o veículo foi invadido por pelo menos seis adolescentes encapuzados. Ainda de acordo com a polícia, eles entraram no carro armados de espingardas garruchas e anunciaram o assalto. Todas as bolsas e objetos, como celulares, cordões e dinheiro dos passageiros foram levados.

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