Prevenção

Vacina contra gripe só está disponível na rede particular

Na rede pública de saúde, a campanha nacional de imunização deverá ser realizada de 30 de abril a 20 de maio

Jock Dean / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h49
Vacinação contra gripe H1N1, para os grupos de risco (como crianças), deve ser iniciada em 30 de abril
Vacinação contra gripe H1N1, para os grupos de risco (como crianças), deve ser iniciada em 30 de abril (Vacina)

O Ministério da Saúde só vai iniciar no dia 30 de abril a campanha nacional de vacinação contra a gripe H1N1. O aumento de casos da doença em outras regiões do Brasil, porém, tem levado a população ludovicense a procurar pelas doses da vacina em hospitais públicos e clínicas particulares. Na rede pública, estará disponível apenas para os chamados grupos de risco. Nas clínicas particulares o preço da dose é, em média, R$ 100,00. Segundo infectologista, a imunização é importante, para evitar o aumento no número de casos.

O Ministério da Saúde informou que já foram registrados 444 casos de síndrome aguda respiratória grave por influenza A (H1N1) em todo o Brasil, com 71 óbitos. O maior número foi registrado em São Paulo, onde ocorreram 55 mortes.

No Maranhão, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que este ano foi notificado apenas um caso de Síndrome Respiratória Aguda Grave e que não há confirmação laboratorial de que esse caso está relacionado ao vírus H1N1. Ainda segundo a SES, neste período do ano, em que chove com mais frequência, é comum aumentar a demanda nos prontos-socorros de pessoas com problemas respiratórios.

A SES destacou ainda que a Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza acontecerá em todo o país de 30 de abril a 20 de maio. O objetivo é reduzir as complicações e as internações decorrentes das síndromes respiratórias na população-alvo da campanha, como gestantes, idosos e pessoas com comorbidades (quando a pessoa tem dois ou mais problemas de saúde), que têm riscos maiores de adoecer.

Procura
Não é preciso receita médica para obter a vacina contra a gripe H1N1. Basta procurar uma unidade de saúde e solicitar a imunização. Foi o que fez Juliana Freitas, que foi até o Centro de Saúde Paulo Ramos, na Rua do Passeio, perguntar se a vacina estava disponível. “Eles me informaram que só terão a vacina quando começar a campanha, no fim do mês, e que no meu caso, como não faço parte dos grupos de risco, tenho de procurar uma clínica particular se quiser to­mar”, afirmou.

Em unidades de saúde da rede privada, as doses já estão disponíveis. Em outras, os lotes da vacina chegam até o fim desta semana. Embora não haja uma procura muito elevada, como nos estados do país em que os casos da doença aumentaram subitamente neste início de ano, os estabelecimentos se previnem, pois, durante a campanha do Ministério da Saúde, mais pessoas procuram as clínicas particulares para se imunizar.

A infectologista Maria dos Remédios Freitas, do Departamen­to de Patologia do Hospital Universitário da Universidade Fe­deral do Maranhão – Unidade Presidente Dutra (HUUFMA), informou que essa é uma medida de prevenção que deve ser tomada pelo maior número possível de pessoas. “O número de casos da doença é inversamente proporcional ao de pessoas vacinadas. Quanto mais pessoas vacinadas, menor o número de casos. Infelizmente, a rede públi­ca não tem condições de atender todo mundo. Por isso, a prioridade são os grupos de risco, mas quem puder se vacinar nas clínicas particulares deve fazê-lo”, recomendou.

Vacinas
As vacinas contra o vírus da gripe são produzidas em laboratórios diferentes, mas têm a mesma com­posição. Todo ano os agentes que compõem a vacina mudam, isso porque são feitas análises pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para saber quais vírus são incidentes em cada região e, a partir de então, os laboratórios produzem a imunização. Na rede privada, são disponibilizados dois tipos de vacina: trivalente e quadrivalente. Já na pública, só é aplicada a trivalente. A diferença é que uma tem uma “cepa” (linhagem de microrganismo) de Influenza B e a outra, duas. A quadrivalente foi aprovada ano passado. Por isso, ainda não está na rede pública.

A vacina é segura e também considerada uma das medidas mais eficazes na prevenção de complicações e casos graves de gripe. Estudos demonstram que a vacinação pode reduzir entre 32% e 45% o número de hospitalizações por pneumonias e de 39% a 75% a mortalidade por complicações da influenza. “Mas pessoas com doenças imunossupressoras, que são as que causam baixas no sistema imunológico, devem evitar se vacinar”, explicou Maria dos Remédios Freitas.

Nesse caso, o ideal é procurar um médico para avaliar o estado de saúde e o melhor momento para fazer a imunização. Neste grupo, estão pessoas HIV positivas, em tratamento contra algum câncer e quem estiver com dengue, zika ou febre chikungunya entre outras.

Para receber a dose, é importante levar o cartão de vacinação e o documento de identificação. As pessoas com doenças crônicas ou com outras condições clínicas especiais também precisam apresentar prescrição médica especificando o motivo da indicação da vacina. Pacientes cadastrados em programas de controle das doenças crônicas do Sistema Único de Saúde (SUS) deverão se dirigir aos postos em que estão registrados para receber a dose, sem necessidade de prescrição médica.

Número
R$ 100,00
é o preço médio da vacina contra o vírus H1N1 em clínicas particulares

SAIBA MAIS

Contraindicações
Após a aplicação da vacina podem ocorrer, de forma rara, dor no local da injeção, eritema e enrijecimento. São manifestações consideradas comuns, cujos efeitos costumam passar em
48 horas. A vacina é contraindicada para pessoas com história de reação anafilática prévia em doses anteriores ou pessoas que tenham alergia grave relacionada a ovo de galinha e seus derivados. É importante procurar o médico para mais orientações.

Metas
Em 2015, o Maranhão não atingiu a meta de vacinação contra a gripe estabelecida pelo Ministério da Saúde. A recomendação era que 80% do público-alvo – idosos, trabalhadores da saúde, crianças de seis meses a menores de cinco anos, gestantes, indígenas e mulheres que tenham feito parto em até 45 dias - fossem vacinados, mas no estado, o índice não atingiu 75%.
No Maranhão, um total de 1.384.208 pessoas deveriam ser vacinadas, conforme dados divulgados pelo Ministério da Saúde, mas apenas pouco mais de um milhão de pessoas receberam uma dose da vacina. No estado, a cobertura vacinal foi de 74,45%. O estado segue a tendência da Região Nordeste, onde apenas 66,48% das 11.137.022 pessoas que deveriam ser vacinadas foram imunizadas. O Brasil também não atingiu a meta em 2015.

SOBRE A GRIPE

O que é a gripe H1N1?
É uma gripe do tipo A causada pelo vírus H1N1, que circula entre humanos. Ele foi detectado no México, em abril de 2009, e se disseminou rapidamente, causando uma pandemia mundial chamada, na época, de gripe suína.
Como ela é contraída?
Quando se inala secreções do doente ao falar, espirrar ou tossir e quando há contato com superfícies infectadas, como maçanetas ou talheres.
Quais são os sintomas?
Os mesmos da gripe normal, porém mais fortes: febre alta, tosse, dor muscular, dor de cabeça e de garganta, coriza e irritação nos olhos e ouvidos. Também pode provocar falta de ar e dor no tórax.
Como se prevenir?
A vacinação é a melhor maneira, mesmo não sendo 100% eficaz. Além disso, evite levar a mão aos olhos, ao nariz e à boca, lave sempre as mãos com sabão ou álcool e cubra a boca quando for tossir ou espirrar.
Como funciona o tratamento?
O doente deve repousar, beber muito líquido e evitar álcool e cigarro. Medicamentos como o paracetamol (Tylenol) podem ser usados para combater febre e dores. Em casos graves ou grupos de risco (idosos, crianças, grávidas, asmáticos, entre outros), pode ser recomendado antiviral, como o oseltamivir (Tamiflu), vendido com receita médica.
Qual é a diferença entre o H1N1 e os outros vírus da gripe?
O H1N1 tem mais chances de causar complicações como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), especialmente em pessoas de maior risco.

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