SÃO LUÍS – A cidade de Raposa é considerada um lugar onde você pode saborear as delícias do mar, passear por belas praias e dunas. Além de poder visitar vastas áreas de manguezais ainda preservados, e tudo isso em meio à vida pacata dos moradores. Excelente, não é?

A equipe de O ESTADO ONLINE descobriu que não é bem assim que a população de Raposa vê o município, principalmente na área da saúde. Localizada na Região Metropolitana de São Luís, a cidade enfrenta diversos problemas no sistema de saúde pública.

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Atendimento

A falta de atendimento nos postos de saúde e na Maternidade Municipal de Raposa tem deixado famílias a mercê da sorte, como é o caso dos pais do pequeno Jonas, de 6 meses, Ranyere Veloso e Alaine Veloso.

Quando o casal procurou atendimento na maternidade da cidade, a informação foi que não havia recursos para realizar o parto. “Jonas não nasceu aqui porque a única maternidade daqui não tem recurso, e toda vez que chega na hora H sempre eles transferem para São Luís”, desabafa o pai.

Ainda de acordo com Ranyere Veloso, os atendimentos nos postos de saúde da cidade não funcionam de forma correta. “Pra você ter uma noção como funciona aqui, um dia Jonas passou mal e tive que levar ele no hospital meia noite. Quando chegamos lá tudo fechado, e eu tive que abrir o portão chamar o atendente que estava dormindo. Mais em frente à zeladora, também dormindo, e pra piorar a situação, o médico também estava dormindo. Tivemos que esperar ele acordar e quando veio mal olhou pra nossa cara, e foi logo escrevendo. Em seguida, levamos Jonas pra tomar uma injeção que é a única coisa que eles sabem fazer quando entramos na sala. Estava lá o enfermeiro e a enfermeira se agarrando, quase indo pros finalmente. Uma falta de respeito com o povo de Raposa”, disse Raneyre.

O prefeito

Para o prefeito Clodomir Santos, existe uma falha durante as trocas de plantões dos médicos. Segundo o prefeito, o problema ocorre somente com os médicos que cumprem carga horária de 12 horas.

“Com relação ao plantonista, nós temos o plantonista de 24 horas e o de 12 horas na Unidade Mista. Todos os dias nós temos médicos 24 horas no município de Raposa. Agora, o que ocorre é quando há um plantonista de 12 horas, nos intervalos de passar o plantão pro outro, o médico costuma atrasar. Se ele pegar um engarrafamento em São Luís, ele não vai chegar aqui. O que está aqui, ele tem um outro serviço, e quando termina o horário dele, ele sai. Para resolver esse problema só se a gente pudesse colocar um médico nesse intervalo. Isso hoje, pro município de Raposa, é impossível até pelo custo. Agora, a falta de médicos é, simplesmente, na troca de plantão. Não é falta, é aquele intervalo da troca de médico, acontece. Mais quando o médico é 24 horas ,não acontece”, disse o prefeito.

Relatório de fiscalização

De acordo com o relatório de fiscalização da V01º Ciclo do Programa de Fiscalização em Entes Federativos, que tem como objetivo analisar a aplicação de recursos federais no município sob a responsabilidade de órgãos e entidades federais, estaduais e municipais ou entidades legalmente habilitadas, os problemas no sistema de saúde da cidade de Raposa vão além do que muitos imaginam.

Segundo as investigações da V01º Ciclo do Programa de Fiscalização em Entes Federativos, foi concluído que a aplicação dos recursos federais para Atenção Básica de Saúde não foi realizada de acordo com o determinado, sendo observadas as seguintes falhas: recursos financeiros não foram movimentados na sua totalidade; descumprimento, por parte de alguns profissionais de saúde, de carga horária semanal de 40 horas previstas para atendimento na Estratégia Saúde da Família; Estrutura física inadequada das Unidades Básicas de Saúde do município e mais alguns pontos.

Os alertas, as reclamações e denúncias por parte da população sobre a rede municipal de saúde de Raposa, são exemplos reais de como a possível ineficiência e as falhas de gestão podem repercutir de forma dura na qualidade de vida daqueles que precisam do sistema público de saúde.

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