Raio-X Raposa

Infraestrutura de Raposa é um problema crônico

Ruas e avenidas da cidade estão tomadas por buracos e lama; lixo também incomoda a população

Daniel Moraes / Imirante.com

Atualizada em 11/10/2022 às 12h49

O município de Raposa é o menor entre os que formam a Região Metropolitana de São Luís. Segundo dados do último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população de Raposa é de 29.755 habitantes e está distribuída em pouco mais de 60 mil quilômetros quadrados de unidade territorial. Mas não se engane: a cidade pode ser pequena, os problemas, não.

 Idosa quase cai ao caminhar por uma rua de Raposa. Foto: Daniel Moraes / Imirante.com
Idosa quase cai ao caminhar por uma rua de Raposa. Foto: Daniel Moraes / Imirante.com

A falta de infraestrutura das ruas e avenidas do município é uma das principais reclamações da população raposense. A cidade está repleta de buracos e lama. Problemas que, para muitos, também começa a ser sentido no bolso. Que o diga o comerciante Antônio Ricardo dos Santos. A pequena quitanda que ele montou dentro de casa, na rua da Paz, fica “ilhada” ao menor sinal de chuva.

“Não pode chover dois minutos que a rua já fica completamente alagada. E aí ninguém consegue chegar aqui na minha lojinha. As vendas caíram muito”, reclama o morador. O grande acúmulo de água também preocupa o comerciante por causa do aumento de casos de dengue e zika vírus registrados. “Quem me garante que aí não está cheio de mosquitos? Quem não vive aqui pode achar que é besteira, mas eu acho que a minha saúde e a da minha família está sendo prejudicada”, opina.

 Casa de seu Antônio Ricardo dos Santos, onde ele montou um pequeno comércio, fica ilhada toda vez que chove. Foto: Daniel Moraes / Imirante.com
Casa de seu Antônio Ricardo dos Santos, onde ele montou um pequeno comércio, fica ilhada toda vez que chove. Foto: Daniel Moraes / Imirante.com

Outra moradora afirma que, por causa das péssimas condições da rua, os ônibus não passam mais pelo local, obrigando os usuários a percorrer longos caminhos para conseguirem pegar os ônibus. “Tenho que sair muito mais cedo de casa agora para levar minha filha para a escola, arriscando ser assaltada, porque a rua está destruída e os ônibus não passam mais por aqui. Até quando vai ser assim?”, questiona Iracilda Alves.

Todos esses problemas, no entanto, parecem pequenos para os moradores da rua João Bragança. Por lá, até o tráfego de pedestres é bastante complicado. A rua nunca foi pavimentada, e, com as chuvas, acabou cortada ao meio. Enormes buracos foram abertos. Quando chove, eles ficam submersos, aumentando consideravelmente o risco de acidentes. Hoje, os moradores vivem receosos.

 Rua João Bragança, em Raposa, é uma das piores de toda a Região Metropolitana de São Luís. Moradores afirmam que prefeito sabe da situação e nada faz para saná-la. Foto: Daniel Moraes / Imirante.com
Rua João Bragança, em Raposa, é uma das piores de toda a Região Metropolitana de São Luís. Moradores afirmam que prefeito sabe da situação e nada faz para saná-la. Foto: Daniel Moraes / Imirante.com

“O risco de acidentes é constante. Não faz muito tempo, quando ainda era possível passar de carro por aqui, um motorista que estava com duas crianças caiu com o carro no buraco. Era um buraco tão grande, que as rodas traseiras ficaram levantadas, o carro entrou quase todo no buraco. Graças a Deus ninguém ficou ferido”, relembra o operador de máquinas Edvan Rodrigues. Segundo ele, a prefeitura sabe da situação da rua e nada faz para resolvê-la. “Eu já procurei a prefeitura diversas vezes, eles dizem que não têm recursos, que não podem fazer nada. Acho que estão esperando acontecer um acidente realmente grave. Aí eles vão trabalhar, mas já vai ser tarde”, diz.

Problemas de infraestrutura são vistos em quase todas as ruas e avenidas do município. “A cidade parece que não tem prefeito. O nosso bairro está esquecido”, reclama Antônia Cristina, moradora do residencial pirâmide.

Lixo

 Grande quantidade de lixo acumulado no porto do Braga, em Raposa, região utilizada por pescadores. Foto: Daniel Moraes / Imirante.com
Grande quantidade de lixo acumulado no porto do Braga, em Raposa, região utilizada por pescadores. Foto: Daniel Moraes / Imirante.com

A sujeira também é um problema no município de Raposa. Sem um local de depósito apropriado, o lixo fica espalhado pelas ruas e avenidas, atraindo ratos, urubus e insetos. O lixo também se acumula no entorno do porto do Braga, onde pescadores e marisqueiros se reúnem para pesar o que foi pescado durante o dia, e também ao redor das casas das rendeiras. Fato que, para muitos, prejudica o turismo da cidade – que é um dos pontos fortes da economia do município.

“Olha, o turista chega aqui e até se espanta. É muito lixo espalhado. É plástico, pneu, resto de alimento. Tudo o que não presta fica espalhado por aí. Qual o turista vai indicar uma cidade toda acabada para alguém?”, questiona a rendeira Maria do Carmo.

Esclarecimentos

 Clodomir Alves, prefeito do município de Raposa. Foto: Daniel Moraes / Imirante.com
Clodomir Alves, prefeito do município de Raposa. Foto: Daniel Moraes / Imirante.com

Em relação à infraestrutura das ruas do município de Raposa, o prefeito Clodomir Alves afirmou que havia um convênio com o governo do Estado, no valor de R$ 1 milhão, para a pavimentação de algumas ruas. Mas que, na atual gestão, o dinheiro não está mais chegando.

“O pouco que nós estamos conseguindo fazer hoje é com recursos do município e federais, que também não são suficientes. Mas nós já vamos iniciar a pavimentação de quatro ruas na Vila Bom Viver. Outras ruas também serão contempladas”, afirmou o prefeito.

Clodomir Alves também reconheceu que sabe sobre os graves problemas da rua João Bragança. Segundo ele, os reparos só poderão ser feitos quando as chuvas amenizarem.

Sobre o problema do lixo espalhado pelas ruas e avenidas, o prefeito afirmou que isso é devido, em parte, à quebra de parceria com o município de Paço do Lumiar.

“Em Raposa, nós ainda não temos um local apropriado para o depósito de lixo. E, por pouco mais de um ano, fizemos uma parceria com o município de Paço do Lumiar. O lixo de Raposa era depositado lá. Mas, recentemente, o prefeito de Paço nos chamou para uma reunião e informou que a população não estava mais aceitando que o nosso lixo fosse mandado para lá. De imediato, procuramos São Luís, que também fechou as portas para Raposa. Procuramos São José de Ribamar, e o município nos deu apenas 15 dias. O que nós tivemos que fazer, em caráter de urgência, foi uma dispensa de licitação para poder enviar o lixo de Raposa para o município de Rosário. É isso que estamos fazendo”, explicou. “Há um custo alto, mas, infelizmente, é o que nós temos que fazer”, finalizou.

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