Abandono

Quase 600 pessoas estão hoje em situação de rua em São Luís

Essas pessoas muitas vezes vivem em condições subumanas e utilizam logradouros e espaços públicos como moradia; a dependência química é o principal fator que as leva a abandonarem suas famílias

Atualizada em 11/10/2022 às 12h49

[e-s001]Maria Medália, de 47 anos, chegou a São Luís em 2014 e, desde então, vive em situação de rua na capital maranhense. Vinda da cidade de São Paulo, por diversas vezes já foram oferecidas oportunidades para que ela “melhorasse de vida”, mas ela recusou todas e hoje “mora” debaixo de uma árvore, na Avenida Beira-Mar. Ela faz parte das quase 600 pessoas que estão em situação de rua, atualmente, na cidade.

Quem passa pela Avenida Beira-Mar, próximo ao Porto do Jenipapeiro, observa Maria Medália deitada em um colchão velho, observando o mar e o fluxo de veículos. Muitas pessoas já se compadeceram com a situação e lhe ofereceram roupas e alimentos. Ela afirma que está feliz com a vida que leva e, no momento, não tem vontade de sair do local.

Ocorrências
Hoje, São Luís tem 597 pessoas em situação de rua, conforme os dados mais atualizados da Secretaria Municipal da Criança e Assistência Social (Semcas), de 2015. Elas estão na região do Centro/Praia Grande; Cohab/Anil; Itaqui-Bacanga; Coroadinho; Cidade Operária; Sol e Mar, entre outros bairros.

Na maioria das vezes, essas pessoas fazem o uso de espaços públicos para moradia, tais como terminais de integração, praças e coretos, arredores de bancos, parques e unidades de saúde, feiras e supermercados, farmácias, igrejas, a rodoviária, avenidas, viadutos, ruínas de prédios, com destaque para os do Centro Histórico.

Na Praça Deodoro, localizada no centro da cidade, é grande a quantidade de pessoas em situação de rua que são observadas principalmente deitadas nos bancos. Em alguns casos, essas pessoas estão deitadas no chão, sobre papelões ou até mesmo retalhos de pano.

“É um descaso do poder público essa situação. Alguém deveria fazer alguma coisa para mudar isso”, dis­se o taxista João Nunes, que frequentemente observa os moradores de rua na Praça Deodoro. Muitos também costumam amanhecer nas calçadas em frente à agência do Banco do Brasil.

A dependência química ao álcool e a droga são apontadas como principais fatores que levam homens e mulheres a saírem do seio familiar e morar nas ruas. Muitas vezes, os vínculos que os ligam aos familiares estão frágeis e basta um “empurrão”, que no caso são as drogas, para que rompam essa ligação e busquem as ruas. Algumas vezes, essas pessoas conseguem retornar para junto dos familiares. Outras vezes não.

Maria Medália, a moradora de rua que vive hoje na Avenida Beira Mar, por exemplo, contou que nasceu na cidade de Valença, na Bahia, e no local já não tem mais nenhum familiar. Filha única, hoje, aos 47 anos, ela não tem irmãos, tios ou parente mais próximo.

[e-s001]Ela foi para São Paulo onde trabalhou por algum tempo. Ficou desempregada e em 2014 veio para a capital maranhense. Questionada sobre estar feliz com a vida que leva, ela disse que sim. “Gosto de ficar sozinha e em nenhum momento me sinto só”, afirmou.

Ajuda
De acordo com Floripes Pinto, coordenadora do Serviço Especial de Pessoas em Situação de Rua da Semcas, por diversas vezes foi oferecida assistência para Maria Medália. Inclusive ela está incluída no Cadastro Único (CAD Único), que é a porta de entrada para que possa ser contemplada com benefícios sociais.

Contudo, afirmou que a moradora de rua recusou algumas dessas ajudas e, por isso, é necessário respeitar esse direito. Apesar disso, Florípes Pinto disse que é oferecida a assistência necessária para Maria Medália e outros em situação de rua. “Nós damos todas as condições necessárias para as pessoas superarem essa situação de rua”, destacou Floripes Pinto.

Ainda com relação à assistência, a Semcas dispõe do Serviço de Abordagem Social, operacionalizado nos espaços públicos, fazendo a identificação das pessoas e o encaminhamento aos diversos serviços existentes, de acordo com a demanda apre­sentada; Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua, ofertado por dois Centros Pops (Centro e Cohab/Anil), que têm a finalidade de assegurar acompanhamento especializado com atividades direcionadas para o desenvolvimento de sociabilidades, resgate, recâmbio, inclusão em programas e benefícios sociais (Minha Casa Minha Vida, Aluguel Social e Bolsa Família), for­talecimento ou construção de novos vínculos interpessoais e/ou familiares, tendo em vista a construção de novos projetos e trajetórias de vida, que viabilizem o processo de superação da situação de rua, e o Serviço de Acolhimento pelas unidades de acolhimento institucional.

As ações da política de assistência social voltadas às pessoas em situação de rua têm se articulado com as de outras políticas e organizações governamentais e não governamentais, como: da Saúde (Consultório na Rua, CAPS e outras unidades de saúde), para atendimento das demandas, comunidades terapêuticas, entre outras.

Números
597
é o total de pessoas em situação de rua em São Luís

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