Sem salários

Funcionários da Santa Casa fazem manifestação

Eles protestaram contra atrasos de salários, não fornecimento do vale-transporte, entre outros; diretor da unidade se pronunciou

Atualizada em 11/10/2022 às 12h49

Funcionários da Santa Casa de Misericórdia de São Luís ameaçam greve geral na próxima semana, caso a unidade não regularize o pagamento dos salários do mês de fevereiro. De acordo com o Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem e Trabalhadores em Estabelecimentos de Saúde do Estado do Maranhão (Sindsaúde), a unidade não vem descumprindo direitos trabalhistas como o pagamento de va­le-refeição, salários e férias. A direção da Santa Casa de Misericórdia informou que pagou apenas metade do salário referente ao mês de fevereiro, por falta de recursos.

Na manhã de ontem, funcionários fizeram um protesto em frente à Santa Casa de Misericórdia contra os atrasos de salários, não fornecimento do vale-transporte e não-recolhimento de benefícios, como o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). “Esses são problemas que vem acontecendo há muito tempo. A direção da Santa Casa esquece que nós so­mos mais de 300 famílias que dependem desse dinheiro”, afirmou Dulce Sarmento, presidente do Sindsaúde.

O salário referente ao mês de fevereiro foi pago pela metade e não houve qualquer explicação por parte da direção da unidade de saúde. “Já protocolamos um documento junto à direção da Santa Casa solicitando uma reunião para debatermos o problema, já que até agora não nos chamaram para conversar”, informou Dulce Sarmento.

Greve
Por causa dos problemas, o Sindsaúde afirmou que vai deflagrar greve geral na próxima semana. Com isso, os atendimentos ficarão comprometidos. “Iremos esperar até o dia 4 para decidir se faremos ou não greve. Vai depender de como a direção da Santa Casa vai atender nossas reivindicações”, declarou Dulce Sarmento. Esta não foi a primeira ameaça de greve por parte dos funcionários da Santa Casa. Em janeiro de 2015, pelo menos 70% da categoria paralisou as atividades.

A direção da Santa Casa de Misericórdia confirmou que pagou apenas metade do salário relativo a fevereiro, mas rebateu outras acusações do Sindsaúde. “Esta foi a primeira vez que nós pagamos apenas metade do salário e fizemos isso após enviar um ofício ao sindicato, que não se opôs à nossa proposta”, afirmou Abdon Murad, provedor da Santa Casa de Misericórdia.

O pagamento de apenas metade dos salários aconteceu por falta de recursos e dos constantes atrasos nos repasses feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), responsável por 100% dos atendimentos feitos pela unidade. “Além disso, em fevereiro a Semus [Secretaria Municipal de Saúde] deixou de nos repassar R$ 92 mil reais. Estamos pleiteando empréstimo em três bancos diferentes para poder quitar nossa folha”, informou Abdon Murad.

De acordo com Abdon Murad, a tabela do SUS não é atualizada há 13 anos, fazendo com que os preços pagos pelos atendimentos não sejam suficientes para arcar com os custos da unidade de saúde. O valor pago por um parto cesariano é R$ 395,00, para custear os três dias de internação da paciente (procedimento médico, refeições e demais despesas hospitalares). Os planos de saúde pagam de R$ 2,5 mil a R$ 3,2 mil aos hospitais da rede privada. “Atualmente, nossa folha é de R$ 490 mil e nossa receita em janeiro foi de R$ 205 mil”, informou.

SAIBA MAIS

Recentemente a Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos (CMB) emitiu nota pública em que alerta para a situação de calamidade que essas instituições de saúde de todo o país enfrentam por causa do repasse insuficiente de recursos. Em São Luís, a situação da Santa Casa de Misericórdia de São Luís não é diferente. As dívidas somam cerca de R$ 900 mil de acordo com a administração do hospital. A Santa Casa de Misericórdia de São Luís está entre as 10 primeiras instituições do tipo fundadas no país. A mesma foi fundada em1657.

Número
1000 internações
são feitas por mês na Santa Casa de Misericórdia de São Luís

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