Impeachment

Com gritos de “fora PT” PMDB decide se afastar do governo Dilma

Tratando o vice-presidente Michel Temer como futuro chefe de governo, partido decidiu também desautorizar a presença de peemedebistas em cargos na administração petista

Marco Aurélio D''Eça

Atualizada em 11/10/2022 às 12h49
Sob o comando do senador Romero Jucá, peemedebistas aprovam, por aclamação, rompimento com Dilma
Sob o comando do senador Romero Jucá, peemedebistas aprovam, por aclamação, rompimento com Dilma (Peemedebistas anunciam rompimento com Dilma)

Com gritos de “Fora PT” e “Temer presidente”, o PMDB oficializou em reunião de três minutos na tarde de ontem o rompimento com o governo Dilma Rousseff , em votação simbólica por aclamação. Com a decisão, ninguém do partido está autorizado, a partir de agora, a ocupar qualquer cargo federal em nome do PMDB. A reunião, que não contou com a presença do vice-presidente da República Michel Temer, foi presidida pelo senador Romero Jucá (MS), que é vice-presidente da legenda.

O "a partir de agora", contudo, também foi simbólico, e os ministros podem entregar os cargos até meados de abril, e o PMDB ainda pode considerar o pedido de outros para licença da legenda. A moção que determinou a entrega dos cargos e também uma punição a quem desobedecer tem autoria do diretório regional da Bahia, assinada por Geddel Vieira Lima.

Durante a reunião, o deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) afirmou que o PMDB precisa se preparar para exercer o poder. Segundo ele, o partido, ao longo dos últimos anos, tem exercido o papel de coadjuvante e "algumas vezes um péssimo coadjuvante".

Não pense que os que hoje saem organizados para pedir ‘Fora, Dilma’ vão às ruas para dizer ‘Fica, Temer’. Não.Seguramente, Vossa Excelência [Michel Temer] será o próximo a cairHumberto Canpos, líder do governo no Congresso

Ainda para Jarbas, a demonstração de unidade hoje do PMDB, que decidira por aclamação o desembarque imediato do governo de Dilma, é a demonstração que o partido esta em sintonia com as ruas que nao aguentam mais o pais quebrado e esta sobre administração do PT.

O vice-presidente da República, Michel Temer, decidiu, em conjunto com Renan e com o senador Eunício Oliveira (CE) declarar a ruptura do PMDB com o governo por aclamação, e não por contagem de votos.

A partir de agora, é a decisão de cada um, mas cada um sabe que a cabeça do PMDB neste momento defende que nenhum militante tenha cargos do Governo FederalMoreira Franco, presidente da Fundação Ulísses Guimarães

A estratégia foi decidida com o objetivo de evitar a exposição dos rachas no partido. A decisão também preserva Michel Temer, que é presidente nacional do partido. Na avaliação dos caciques, a autoridade de Temer não fica vulnerável, caso o resultado seja mais favorável para o governo do que o esperado pelos que defendem o desembarque. Também para evitar exposição, já que é vice-presidente da República, Temer não comparecerá à reunião do Diretório Nacional desta terça.

Na sequência do desembarque, o combinado entre os caciques peemedebistas é que o partido entregue os sete ministérios que ocupa no governo. A medida não contempla a vontade dos ministros peemedebistas de permanecer nas respectivas pastas. Entre os líderes, ficou esclarecido que ministros não têm ingerência na decisão, mas apenas acatam as ordens do partido. Na tarde de segunda-feira, o ministro do Turismo, Henrique Alves, foi o primeiro a entregar o cargo, em carta à presidente Dilma Rousseff.

Ficou acertado, ainda, que o PMDB do Senado, que vinha se mostrando como um dos setores mais fiéis do partido ao governo da presidente Dilma, vai acatar a decisão da maioria. Renan Calheiros era visto como a esperança para arquivamento do processo de impeachment de Dilma, caso ele seja aprovado na Câmara dos Deputados.

Mais

O líder do governo no Senado, senador Humberto Costa (PT-PE), reagiu ontem duramente à decisão do PMDB de se afastar da base de Dilma Rousseff. O petista atacou o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que, segundo ele manobra para cassar a presidente, e insinuou que o vice-presidente Mihcel Temer está tratando apenas de seus próprios interesses. A posição do PMDB também levou o líderdo PSDB, senador Cássio Cunha Lima (PB), a avaliar que há riscos de novos rompimentos, o que fortalecerá o impeachment. Apesar de estar articulando um pós-Dilma com o PMDB, o senador Aécio Neves (MG), diz que não vê na substituição pelo vice a forma mais legítima de encerrar o governo do PT.

Dilma avalia saída do PMDB e fala de repactuação com a base aliada

A presidente Dilma Rousseff reuniu-se ontem à noite no Palácio do Planalto para discutir os efeitos da saída do PMDB de sua base de apoio. Com seus auxiliares mais próximos, o governo definiu o que chamou de “repactuação” com a base aliada, que deve ser anunciada até sexta-feira, 1º.

O objetivo é evitar que o desembarque do PMDB leve outros partidos a seguir o mesmo caminho. Dilma preocupa-se, sobretudo, com o PSD, o PR e o PP, que também têm ministros.

Entre os auxiliares de Dilma, estão Jaques Wagner (chefe de gabinete) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), além do próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que passou a ser uma esp´cie de articulador infomral do governo, desde que a Justiça sua posse na Casa Civil.

O Planalto tenta montar uma estratégia a fim de fazer com que, diante do rompimento do PMDB com o governo, a presidente Dilma passe a contar com o apoio de outros partidos e parlamentares no Congresso Nacional.

Na prática, o Planalto está disposto a negociar cargos que serão deixados por integrantes do PMDB para garantir o apoio necessário para barrar o processo de impeachment da presidente.

A informação de que Dilma se reuniria com seus conselheiros na noite desta terça foi dada mais cedo pelo chefe de gabinete da presidente, Jaques Wagner durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto.

Wagner afirmou aos jornalistas presentes que a decisão do PMDB representa o momento de a presidente Dilma "repactuar o governo". Para o ministro, a medida tomada pelo partido abre espaço para "um novo governo".

"Poderia até falar em um novo governo, porque sai um parceiro importante, mas abre espaço poltíco para repactuação do governo. Isso ja aconteceu em outros governos, inclusive comigo na Bahia, e a politica é assim, vivida na realidade. A gente trabalha para manter aliança, que não pôde ser mantida, mas agora estamos repactuando as alianças do governo e até sexta teremos novidade", completou.

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