Literatura

Infância do escritor Guimarães Rosa é recriada em publicação

De autoria de Claudio Fragata e ilustrações de Simone Matias, livro “João, Joãozinho, Joãozito” tem linguagem poética para narrar vida do escritor

Atualizada em 11/10/2022 às 12h49

Joãozito tinha um amor imenso pelos animais, mas principalmente pelos bois. Adorava vê-los embarcar no trem de carga em Cordisburgo, sua cidade natal, e usava espigas de milho para representar os “boizinhos de carro” em suas brincadeiras. Joãozito se parece com muitos meninos nascidos no interior do Brasil, mas tem uma grande distinção: cresceu para tornar-se João Guimarães Rosa, um dos maiores escritores do país.

Em “João, Joãozinho, Joãozito”, o escritor Claudio Fragata recria a infância do autor em Minas Gerais, unindo relatos e um tanto de fantasia. Com uma linguagem doce e cheia de poesia, ele apresenta a vida do menino em família, além da descoberta e do encantamento pelas estórias e pelos livros.

O texto navega ainda por passagens da vida de Joãozito que se transformam em grandes aventuras, seja a descoberta do mundo por meio de um livro de geografia; a ida para Belo Horizonte e o deslumbramento com as bibliotecas; ou o lado “cientista” do menino, que gostava de estudar biologia para saber mais sobre o mundo animal.

Fragata ainda aproxima a história de Joãozito com a de Miguilim, um dos grandes personagens de Guimarães Rosa, que ganhou, na ficção, lembranças reais da infância do escritor. “João, Joãozinho, Joãozito” é uma introdução à vida do autor, e ganha cores e mais poesia com as ilustrações de Simone Matias.

Autores - Claudio Fragata nasceu em Marília, no interior de São Paulo. Venceu o Prêmio Jabuti em 2014, na categoria Didático e Paradidático. Seu livro mais recente, “O para sempre de Pedrina e Tunico”, foi escolhido para o catálogo da Feira de Bolonha de 2016, a mais importante feira de livros infantis do mercado.

Simone Matias nasceu em Santos. Já foi vendedora, professora de inglês e tradutora. Durante um intercâmbio como babá, ficou encantada com as ilustrações dos livros que lia para as crianças e descobriu um talento. Estudou Pintura na Escola Panamericana em 2004.

Saiba Mais - Trecho do livro

É possível menino flor, menino rosa? Pois decerto que sim. Sei de um, de nome João, ou melhor, João Rosa, por Joãozito conhecido de todos.

Nasceu lá bem longe, no interior das Minas Gerais, numa cidade cidadica assim, Cordisburgo, nome de reino encantado, mas encantada a cidade não era. Só era mesmo um primor de lugarejo fincado no meio das montanhas, tão de repente bonito. No meio do lugarejo a igrejinha branca. Em torno da igrejinha, as casas feitas com capricho para ser lar.

O pai de Joãozito tinha também nome perfumoso, Florduardo Rosa, que todos preferiam Seu Fulô por simples comodidade. A mãe Chiquitinha, se flor fosse, seria dessas miudinhas, de beira da estrada, quase miosótis na cor, chiquitinhas teimosas de se acharem sempre na primavera e por isso espalhando-se felizes demais pelos barrancos.

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