Perigo

Canetas com laser causam perigo à aviação

Este ano o uso do raio laser verde já causou ofuscamento em um piloto no momento da decolagem; no ano passado o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos registrou 11 casos de uso de laser em aeronaves

Adriano Martins Costa / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h49
Luz do laser pode ofuscar a visão do piloto durante pouso ou decolagem e causar acidentes
Luz do laser pode ofuscar a visão do piloto durante pouso ou decolagem e causar acidentes (Laser)

No dia 11 de janeiro de 2016, às 20h20, um avião da companhia Azul Linhas Aéreas decolava do Aeroporto Marechal da Cunha Machado, em São Luís, quando após cerca de 30 segundos o piloto teve a vista ofuscada por um raio laser de cor verde. Durante esse tempo, logo após o cruzamento da cabeceira da pista de decolagem, o condutor da aeronave ficou praticamente sem ver nada, o que poderia ter ocasionado um grave acidente.

Este foi o primeiro caso registrado em 2016 de incidentes desse tipo. Só que em 2015, de acordo com o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão vinculado ao Comando da Aeronáutica, foram 11 casos registrados. 10 deles no aeroporto de São Luís e um no de Açailândia.

Os eventos, geralmente envolveram apenas distração do piloto, mas também houve outro caso que causou ofuscamento, como o que ocorreu este ano. Este se deu em 9 de maio de 2015, à meia-noite, quando próximo do pouso, no aeroporto de São Luís, um laser de cor verde entrou na cabine de uma aeronave da Set Táxi Áereo, causando os mesmos problemas já descritos no voo da Azul.

Em oito ocorrências, os feixes de luz provocaram distração do piloto. Em duas, não foi especificada a consequência da emissão do raio laser para os respectivos voos. Os 11 casos se deram durante a noite, quando as aeronaves se aproximavam da pista de pouso.

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Na capital, cinco das ocorrências envolveram aeronaves da empresa Azul Linhas Aéreas. A operadora Gol registrou um caso. As demais notificações referem-se a empresas de táxi aéreo. Em Açailândia, o incidente aconteceu em um aeródromo localizado no bairro Santa Mônica.

Os meses de maior incidência no Maranhão, em 2015, foram agosto, setembro e dezembro, com três casos cada. No mês de dezembro, todos os casos foram registrados somente nodia 15, no intervalo de sete minutos, duas às 19h33 e uma às 19h40, envolvendo dois aviões da Azul Linha Aéreas.

Perigo

A incidência da luz proveniente do raio laser dentro da cabine de um avião representa um risco para a aviação, pois o brilho se espalha e impede, por exemplo, que o piloto enxergue nitidamente a pista de pouso durante a noite, o que é perigoso e aumenta a possibilidade de acidentes aéreos.

Os raios laser nas cores verde e vermelho são os que causam os maiores prejuízos para a aviação e na maioria das vezes têm origem em áreas residenciais, que se localizam próximo ao aeroporto. Além da distração e do ofuscamento, os raios laser ainda podem causar cegueira temporária, formação de imagens falsas, queimadura e hemorragia na retina.

O Código Penal Brasileiro prevê punições para aqueles que cometem essa prática. De acordo com o artigo 261 da legislação, expor a perigo uma aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato que impeça ou dificulte o voo é um crime cuja pena varia de quatro a cinco anos de prisão. Se o ato resultar em queda ou destruição de aeronave, a pena pode chegar a 12 anos de reclusão.

SAIBA MAIS

As canetas a laser são fáceis de ser adquiridas. Elas podem ter a luz vermelha ou verde, sendo a última a mais potente, cerca de 60 vezes mais que a vermelha. Uma caneta raio laser pode ser adquirida pela internet com preço que varia de R$ 20,00 a R$ 400,00, conforme a sofisticação e potência. A potência de uma caneta é cerca de 0,5milivolt (mV). Mas são encontradas no mercado online equipamentos de até 500 mV.

NÚMERO
51 casos
envolvendo raios laser e aviões foram registrados nos aeroportos do Maranhão deste 2012, segundo dados do Cenipa

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