Semana Santa

Igreja reforça importância do significado religioso da Páscoa

Ressurreição de Cristo e seu significado para a comunidade cristã devem ser encarados como símbolos do período da Semana Santa

Atualizada em 11/10/2022 às 12h49

[e-s001]Com a celebração do Domingo de Ramos, teve iní­cio a Semana Santa, que culmina com o Domingo de Páscoa. Trata-se do tempo litúrgico mais importante na Igreja, pois, através da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, se tornou pleno o Mistério da Salvação. As celebrações da Semana Santa são ricas em símbolos, cores litúrgicas e textos bíblicos que apontam para a grandeza do mistério do sacrifício de Jesus Cristo.

Nas celebrações, a austeridade desponta. As cores e ritos litúrgicos têm um objetivo: meditar a entrega de Cristo em favor da humanidade. “A Páscoa é muito mais importante que qualquer outra celebração e, inclusive, surgiu na história primeiro. O Natal, por exemplo, é uma celebração muito posterior, dos séculos IV, V. A Páscoa já era celebrada pelas comunidades desde o começo, lembrando a morte e ressurreição de Cristo”, informa o arcebispo de São Luís, dom José Belisário da Silva.

A Semana Santa tem início no Domingo de Ramos. Segundo a tradição católica, o Domingo de Ramos comemora a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, um evento da vida de Jesus mencionado nos quatro evangelhos canônicos (Marcos 11:1, Mateus 21:1-11, Lucas 19:28-44 e João 12:12-19). De acordo com eles, Jesus chegou montado em um jumento em Jerusalém e o povo, festivo, lançou seus mantos à sua fren­te, assim como pequenos ramos de árvores.

A Páscoa é muito mais importante que qualquer outra celebração e, inclusive, surgiu na história primeiro. O Natal, por exemplo, é uma celebração muito posterior, dos séculos IV, V. A Páscoa já era celebrada pelas comunidades desde o começo, lembrando a morte e ressurreição de Cristo”dom José Belisário da Silva, arcebispo de São Luís

A entrega total na cruz é anunciada na última ceia, quando Jesus instituiu a Eucaristia, memória celebrada na Quinta-feira Santa, quando tem início o Tríduo Pascal. “Jesus, às vésperas da sua Paixão, celebrou a Páscoa judaica com seu grupo, os 12 apóstolos. Devia ter mais gente também. Certamente, Maria e as mulheres santas estavam. Ao final da ceia, ele introduziu algo de novo. Ele pega o pão e diz que é o seu corpo que vai ser entregue e o vinho, que é o sangue que vai ser derramado. E depois ele pediu: ‘Vocês façam isso em minha memória’. Essa é a páscoa cristã, afinal”, explica dom Belisário.

[e-s001]A tradição cristã assumiu a data como a vitória de Jesus sobre a morte. Os modos de recordar o mistério da Paixão de Cristo passaram por mudanças ao longo dos séculos, chegando à forma litúrgica atual. “A Páscoa Judaica era a celebração da libertação do Egito. A Páscoa Cristã continua esse sentido básico de que nós temos que nos libertar das prisões, dos cativeiros. Porém, com algo novo, nós vencemos a morte. É uma libertação do maior limite humano: a morte”, explica dom José Belisário.

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Tríduo Pascal
Na Quinta-feira Santa, começa o Tríduo Pascal. “O tríduo começa na quinta-feira à tarde e é uma memória e atualização da última ceia de Jesus, quando aconteceu o lava-pés, que é repetido por toda a comunidade. Durante a Missa do Lava-Pés, lavam-se os pés de doze pessoas em alusão aos doze apóstolos. É um gesto que demonstra nossa boa vontade com as outras pessoas”, explica dom Belisário

Na Sexta-feira da Paixão - título dado para recordar a morte de Cristo por amor à humanidade - a celebração é marcada pelo silêncio. Com o vermelho das vestes sacerdotais, se recorda o sangue derramado em favor dos pe­cadores. “Não se celebram missas na Sexta-feira Santa em nenhuma igreja católica do mundo”, conta o arcebispo de São Luís.

No sábado, a Vigília pascal interrompe o silêncio e o Exulte é entoado: Cristo ressuscitou dos mortos! A Vigília Pascal acontece sempre após o pôr do sol. “Antigamente, se fazia depois da meia-noite, entrando pelo domingo. Hoje em dia, na nossa arquidiocese, ninguém faz mais isso”, informa dom Belisário. A mudança aconteceu por causa dos índices de violência do centro da capital, que fizeram com que muitas igrejas antecipassem suas celebrações.

Essa vigília tem quatro momen­tos. Começa com a bênção do fogo novo, na preparação do círio e na proclamação do louvor pascal. O lume novo e o círio pascal simbolizam a luz da Páscoa, que é Cristo, luz do mundo. Em seguida acontece a liturgia da palavra. “Esta é uma leitura bastante longa, com toda a história da salvação, desde a criação do mundo, até o anúncio da ressurreição, que é o aleluia solene de Páscoa”, explica dom Belisário.

O terceiro momento é a liturgia batismal, quando se abençoa a água que é aspergida sobre as pessoas. A liturgia eucarística é o momento culminante da Vigília, qual sacramento pleno da Páscoa, isto é, a memória do sacrifício da Cruz, a presença de Cristo Ressuscitado.

Ênfase em Cristo
Segunda maior comunidade cristã de São Luís, os evangélicos também destacam a importância da Páscoa para a vivência espiritual. Em uma das igrejas evangélicas da capital, a Comunidade Vida, é feito um trabalho de desmistificação do símbolo Coelho. “Não somos contra a compra de ovos de chocolate, mas não damos ênfase a isto. O símbolo da Páscoa é cruz e o túmulo vazio, a libertação, a solidariedade”, informa o bispo Mário Porto.

Diferente do catolicismo, as igrejas evangélicas não têm rituais como a quaresma e a penitência que ela exige. “Posso dizer que vivemos uma quaresma permanente, mas o fiel é livre para decidir quanto ao que comer ou não. Nossa cultura é de viver todo o tempo em confissão com o Senhor e em comunhão com Cristo”, ressalta o bispo Mário Porto.

O bispo fala ainda que a morte de Cristo foi uma agenda que mos­tra a soberania de Deus. “Cris­to se sacrificou por nós. Isso é uma prova do maior amor que pode existir. Por isso, não consideramos que Cristo foi morto, mas que ele se entregou por nós. A morte e ressurreição de Cristo têm um senti­do muito maior, a sua vitória”, afirma.

Ritos da igreja católica
Significado das tradições da Semana Santa

-Missa de Ramos: Abre a Semana Santa. Na procissão, o louvor do povo com os ramos é o reconhecimento messiânico da pessoa de Jesus;

-Missa dos Santos Óleos: Acontece na manhã da Quinta-Feira Santa. O óleo de oliva misturado com perfume (bálsamo) é consagrado pelo bispo para ser usado nas celebrações do Batismo, Crisma, Unção dos Enfermos e Ordenação;

-Missa de Lava-Pés: Acontece na Quinta-feira Santa, à noite. O gesto de Cristo em lavar os pés dos apóstolos deve despertar a humildade, mansidão e respeito com os outros. Neste dia, faz-se memória à Última Ceia, quando Jesus instituiu a Eucaristia. Ainda na quinta-feira, o altar é despido para tirar da igreja todas as manifestações de alegria e de festa, como manifestação de um grande e respeitoso silêncio pela Paixão e Morte de Jesus;

-Tríduo Pascal: começa na Quinta-Feira Santa. São três dias santos, em que a Igreja faz memória da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo;

-Vigília Pascal: é realizada no Sábado de Aleluia, em que se vai anunciar a ressurreição de Cristo; sua vitória sobre a morte.

Páscoa
O que dizem outras religiões

- Judeus: A Páscoa judaica remete a fatos ocorridos há cerca de 3,3 mil anos. O povo hebreu, descendente dos patriarcas Abraão, Isaac e Jacó, estava escravizado no Egito. A Torá, o primeiro e mais sagrado dos três livros que compõem a Bíblia judaica, fala da intervenção divina para libertá-lo. Moisés foi o instrumento desta libertação. A data significa, então, a libertação do povo judeu do cativeiro do Egito.

- Espíritas: Estes, apesar de não comemorarem datas consagradas por outras religiões e dogmas, respeitam as manifestações de religiosidade de todas as igrejas cristãs, já que o espiritismo é uma doutrina que se traduz pela ausência absoluta de ritualismos.

- Mulçumanos: Os muçulmanos também não festejam a Páscoa. As cerimônias mais importantes do islamismo são o Ramadã, um mês de jejum, em que se celebra a primeira revelação feita por Deus a Maomé, e o tempo de peregrinação a Meca.

- Budistas: O budismo não comemora a Páscoa. A doutrina tem suas festas e as mais importantes são as que comemoram o nascimento de Buda (o Hanatmatsuri), a sua iluminação e morte, explica a monja Kokai, da comunidade Zen Vale do Sinos.

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