Devoções populares marcam a Semana Santa

Fazer jejum, se abster de comer carne vermelha, guardar o silêncio na Sexta-Feira da Paixão são alguns dos costumes que têm sido cumpridos por cristãos há muitas gerações

Jock Dean / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h49
Fiéis da Igreja Católica Apostólica Romana são os que mais guardam tradições populares
Fiéis da Igreja Católica Apostólica Romana são os que mais guardam tradições populares (Calvário)

Com a celebração do Domingo de Ramos no dia 20, os cristãos iniciaram a Semana Santa, que to­dos os anos mobiliza milhares de fiéis para reviver os últimos passos de Jesus Cristo. Diversas tradições são realizadas ao longo de toda a semana, em preparação ao acontecimento mais importante para esses religiosos: a Páscoa do Senhor. Os fiéis da Igreja Católica Apostólica Romana são os que mais guardam tradições populares que, embora não oficiais, são importantes porque mostram as manifestações de fé da comunidade cristã em todo o mundo.

Nem todas as celebrações da Semana Santa são universais. Procissão do Encontro, na Quarta-Feira Santa, Procissão do Fogaréu, conhecida também como Noite da Prisão, Procissão do Enterro ou do Senhor Morto e Malhação do Judas no Sábado de Aleluia são algumas ações que não são realizadas em todas as paróquias. É que essas não são celebrações prescritas pela Igreja para a Semana Santa, mas fazem parte do universo da religiosidade popular e acabam sendo mais intensas em alguns lugares e em outros não.

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O arcebispo de São Luís, dom José Belisário da Silva, explica que as tradições da Semana Santa são mais costumes do que mandamentos religiosos. “São costumes ainda muito vivos nas comunidades, mas são elementos culturais que vão mudando ao longo do tem­po e dos lugares. Eles não estão especificamente nas Sagradas Escrituras”, diz.

Jejum
Uma das principais tradições da páscoa católica é a Quaresma, tempo de 40 dias, iniciado na Quarta-Feira de Cinzas e encerrada no Domingo de Ramos, em que os fiéis se preparam para a Semana Santa. É um tempo de reflexão. Nesse período, muitos fa­zem jejum e se abstêm de comer carne vermelha. Mas com o preço do pescado cada vez mais caro, não é todo mundo que consegue aliar a tradição ao orçamento doméstico.

Felizmente, segundo esclarece dom Belisário, o jejum de carne vermelha é uma tradição ligada aos costumes do tempo de Cristo e não um mandamento da igreja. “Antigamente, o peixe era um alimento disponível a todos. Hoje, os tempos mudaram. Essa tradição não está especificada nas Sagradas Escrituras. A recomendação é para que não se coma carne em todas as sextas-feiras que antecedem a Páscoa, durante a Quares­ma. O mesmo preceito vale para a Quarta-Feira de Cinzas, o dia em que se inaugura esse tempo de preparação para a Páscoa”, informou.

Outro costume muito comum na Sexta-Feira Santa, sobretudo entre os mais idosos, é o silêncio. As pessoas evitam falar ou moderam o tom de voz em respeito a Cristo. Segundo os evangelhos, Ele morreu às 15h da sexta-feira. “Mas esse hábito do silêncio também é uma tradição popular. Claro que o silêncio é bom, pois facilita a reflexão, mas não é um mandamen­to eclesiástico”, contou dom Belisário.

Devoções populares
Embora não oficiais, outras devoções populares têm significado importante para devoção popular, como a Procissão do Encontro, que, em algumas cidades, acontece na Quarta-Feira Santa. As imagens de Nossa Senhora das Dores e Jesus são levadas pelas ruas, representando o encontro da mãe com o filho, no caminho ao Calvário.

Na Sexta-Seira Santa, pela ma­nhã muitas comunidades fazem e refazem a Via Sacra, que é a lembrança dos passos de Jesus até o Calvário e a morte. Há encenações nas comunidades e nas paróquias. Depois das 15h, acontece a Procissão do Enterro ou do Senhor Morto. O costume, que chegou ao Brasil com os portugueses, se repete todos os anos em São Luís. A celebração dramatiza a morte de Jesus e faz alusão às Suas últimas palavras. O ritual utiliza uma imagem, simbolizando o corpo de Jesus depois de retirado da cruz, carregada em um esquife (espécie de caixão), e levada pelos fiéis.

Malhação de Judas
No Sábado de Aleluia, é a vez da Malhação de Judas, tradição vigente em diversas comunidades católicas e ortodoxas que foi introduzida na América Latina pelos espanhóis e portugueses, realizada em diversos outros países no Sábado de Aleluia. No Brasil, é comum enfeitar o boneco com máscaras ou placas com o nome de políticos, técnicos de futebol ou mesmo personalidades não tão bem aceitas pelo povo. Em São Luís, moradores de bairros como Centro, Monte Castelo, Liberdade, Camboa e João Paulo cumprirão mais uma vez a tradição.

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