Atentado

Autoridades belgas reconhecem erros em atentados em Bruxelas

Premiê Charles Michel prometeu ''esclarecer'' pontos obscuros e disse que não haverá impunidade; ataques mataram 31 pessoas e feriram 300 outras

Atualizada em 11/10/2022 às 12h49
(Primeiro-ministro belga, Charles Michel, a Rainha Mathilde e Rei Philippe participaram ontem de cerimônia em homenagem às vítimas dos atentados )

Bruxelas - O governo belga reconheceu ontem "erros" na luta contra o terrorismo, mas rejeitou a renúncia de dois de seus ministros, no terceiro dia de luto marcado por uma homenagem solene às vítimas dos atentados de Bruxelas.

O primeiro-ministro Charles Michel, que prometeu "esclarecer" todos os pontos obscuros sobre os ataques de terça-feira, recusou, no entanto, a renúncia dos ministros do Interior e da Justiça, Jan Jambon e Koen Geens, sob pressão depois de admitirem "erros" na luta contra o terrorismo.

"Não haverá impunidade (...) Não haverá quaisquer zonas cinzentas", garantiu Michel, depois dos ataques suicidas que mataram 31 pessoas e feriram 300 outras, de acordo com um balanço provisório.

Em um raro momento de unidade em um reino frequentemente dividido entre flamengos e francófonos, o casal real e representantes dos diferentes governos e parlamentos do reino prestaram homenagem às vítimas.

Às 13h30 (10h30 de Brasília), a Bélgica mergulhou em um novo minuto de silêncio. "Nós não vamos ceder à barbárie", prometeu o primeiro-ministro, comovido, na presença do rei Philip e da rainha Mathilde, de membros do governo e de líderes da UE.

Na abertura de uma reunião de emergência dos ministros do Interior e da Justiça da UE, dedicada a respostas de segurança ao terrorismo, o vice-presidente da Comissão, Frans Timmermans, estimou que, além dos ataques de Bruxelas, "há uma oportunidade para que os serviços de inteligência trabalhem de forma conjunta".

E o presidente francês, François Hollande, pediu "fortemente" uma ação da UE contra o terrorismo, adotando prontamente o registo europeu de passageiros aéreos (PNR) e medidas contra o tráfico de armas.

Desde terça-feira vários políticos franceses têm questionado os serviços de segurança belgas."Houve erros na Justiça e com um agente (belga) na Turquia", admitiu o ministro do Interior, Jan Jambon.

Identificados por terrorismo

Os três homens-bomba, os irmãos Ibrahim e Khalid El Barkaoui e Najim Laachraoui, eram conhecidos dos serviços de segurança.

Khalid, de 27 anos, que cometeu o ataque em um vagão do metrô na estação de Maelbeek, foi fichado por "terrorismo" pela Interpol, de acordo com uma lista consultada pela AFP.

Seu irmão Ibrahim, de 29 anos, que se explodiu no aeroporto, havia sido identificado como "terrorista" e expulso por Ancara, segundo informou na quarta-feira o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. Ele foi preso em junho de 2015, em Gaziantep, perto da fronteira com a Síria.

Quanto ao terceiro homem-bomba, Najim Laachraoui, cujos restos mortais foram identificados no aeroporto, era procurado desde que o seu DNA foi encontrado em várias casas alugadas pelos responsáveis pelos ataques de Paris, bem como em materiais explosivos utilizados nos mesmos atentados, igualmente reivindicados pelo grupo Estado Islâmico.

O quarto homem - que aparece com Ibrahim El Bakraoui e Laarchaoui em uma imagem das câmeras de segurança empurrando um carrinho de bagagem no aeroporto - está foragido e é procurado pela polícia. Ele não foi identificado pelos investigadores.

Um segundo suspeito é procurado em conexão com o ataque de metrô, segundo indicaram fontes policiais. Uma fonte da polícia confirmou que nas imagens das câmeras de segurança da estação aparece um homem com uma grande bolsa ao lado do suicida identificado como Khalid El Bakraoui.

Outra fonte indicou que nestas mesmas imagens, El Bakraoui fala com um homem que não entrou com ele no vagão do metrô.

De acordo com a investigação, três homens-bomba identificados nos locais dos atentados - aeroporto internacional de Bruxelas e estação de metrô de Maelbeek - forneceram ao menos um suporte logístico para a organização dos atentados de novembro (130 mortos) ou na fuga do único sobrevivente dos comandos extremistas de Paris, Salah Abdeslam, capturado na sexta-feira no bairro de Molenbeek, em Bruxelas, depois de quatro meses foragido.

O francês de 26 anos, preso desde então em Bruges, "deseja ir para a França o mais rapidamente possível", afirmou ontem seu advogado, Sven Mary, que garantiu que Abdeslam "não estava ciente" dos ataques de terça-feira.

Mais

Aeroporto permenece fechado

O aeroporto de Bruxelas permanecerá fechado até "o domingo incluído", informou o operador, Brussels Airport, destacando que ainda não tem acesso ao terminal, pois está "muito danificado".

"Os voos de passageiros estão suspensos até, inclusive, o domingo", indicou o operador em um comunicado. Pelo Twitter, o operador explicou que os atentados de terça-feira na área de embarque deixaram o terminal "muito danificado" e que "por causa da investigação, ainda não temos acesso".

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