Dia da Água

Rios poluídos e reaproveitamento marcam dia da água em São Luís

Falta de conscientização para a importância da preservação e a ausência de plano gestor dos recursos hídricos são outras ameaças às bacias

Atualizada em 11/10/2022 às 12h49
Esgoto escorre para  o Rio Anil, em São Luís
Esgoto escorre para o Rio Anil, em São Luís (Rio Anil)

Hoje é o Dia Mundial da Água, mas São Luís não tem tantos motivos para comemorar. É que as bacias hidrográficas da Ilha estão em processo de poluição, sobretudo o Rio Anil, um dos mais conhecidos da cidade e fundamental para o desenvolvimento da capital, principalmente a partir do século XIX. O tratamento inadequado do esgoto e a ocupação desordenada das margens estão entre as principais causas de poluição dos rios. A falta de conscientização da população para a importância da preservação dos recursos naturais e a ausência de um plano gestor dos recursos hídricos são outras ameaças às bacias hidrográficas de São Luís.

Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmam), co­mo São Luís fica situada em uma ilha, é quase impossível tratar de bacias hidrográficas ludovicenses, já que, em sua maioria, as bacias têm suas nascentes na capital e desenvolvem seus cursos d'água em direção a outros municípios. A Ilha de São Luís tem 12 bacias hidrográficas, das quais 11 cortam o território da cidade. A exceção é a Bacia de Guarapiranga, que fica exclusivamente em São José de Ribamar. Dessas, seis têm suas regiões hídricas totalmente inseridas no município de São Luís: Anil, Bacanga, Itaqui,
Inhaúma, Cachorros e Estiva.

A Semmam explicou que todas elastêm graus diferentes de ocupação humana e de alterações das suas características naturais. A poluição hídrica, sobretudo causada pelo não tratamento adequado de esgotos, contribuiu nos últimos 30 anos para o comprometimento de suas condições de balneabilidade e potabilidade, e entre os rios mais poluídos da capital maranhense destaca-se o Anil.

Um dos mais importantes da capital, o Rio Anil é no estuário formado em conjunto com o Bacanga que fica a Baía de São Marcos. Hoje, com mais de 350 mil habitantes, segundo dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 2010, a Bacia do Anil passa por processos de alterações de suas paisagens naturais há mais de 200 anos, pois foi o palco preferencial das ocupações humanas na Ilha des­de o início do século XIX.

Desde os últimos 40 anos, tem a menor quantidade de áreas verdes entre as bacias de São Luís, além de passar intensos processos erosivos em suas margens e pontos mais elevados, resultados da ausência de cobertura vegetal, colaborando com o assoreamento do canal do rio, bem como de seus afluentes.

Poluição
Um dos diversos pontos em que se pode notar o processo de poluição por que passa o rio é na Avenida Beira Mar, onde três bueiros despejam o esgoto produzido nos imóveis do Centro Histórico em suas margens. Outro local é na ponte que liga os bairros Vila Palmeira e Bequimão sobre o leito do rio em que é possível ver dezenas de garrafas PET jogadas no rio pelos moradores dos arredores.

Mas não é apenas o Rio Anil que passa por um processo de degradação. Quem trafega pela Avenida Lourenço Vieira da Silva nas proximidades da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) onde há uma pequena ponte pode não saber ou não reparar, mas passa pelo que um dia foi um afluente do Rio Paciência, em São Luís. Hoje, o afluente está morrendo por causa do assoreamento e do acúmulo de lixo em seu leito.

O processo de degradação ambiental na bacia do Rio Paciência começa com sua ocupação em meados dos anos oitenta, seguindo-se a construção de grandes conjuntos habitacionais e numerosas invasões. Hoje o rio é um depósito de esgoto e lixo dos bairros da sua área de influência. Ao lado esquerdo da ponte, na Avenida Lourenço Vieira da Silva (sentido Uema), praticamente não se vê mais o curso d’água.
No lado oposto, o volume que corre lembra mais o vazamento de uma tubulação doméstica ou uma poça que o curso de um rio.

O Rio Bacanga, segundo mais importante da Ilha, passa por situação semelhante. Sua bacia é a maior da Grande São Luís e entre os afluentes estão o Rio das Bicas e os igarapés do Tapete, Itapicuraíba, Tamancão e do Piancó. Segundo o IBGE, cerca de 230 mil pessoas vivem às margens da bacia hidrográfica que concentra alguns dos bairros mais populosos de São Luís, como os da área Itaqui-Bacanga, Coroadinho, Filipinho, Coroadinho e até a Praia Grande. A falta de tratamento do esgoto e de drena­gem da água das chuvas está entre as causas de poluição do Bacanga e seus afluentes.

Segundo a Semmam, a despoluição das bacias hidrográficas não é sua responsabilidade, pois existem órgãos estaduais com essa com­petência. A secretaria informou que está preparando uma expedição por via hídrica pelo canal do Rio Anil, que deve acontecer ao longo do segundo semestre de 2016, para mapeamento dos pontos de lançamento de esgoto, reconhecimento das coberturas vegetais remanescentes e compreensão das dinâmicas de ocupação em suas margens. Esse conjunto de atividades será acompanhado de informações da evolução ocupacional histórica, com base em imagens de satélite e de banco de dados georreferenciados que está em fase de preparação pela secretaria, bem como apoio de drones para mapeamento das condições da bacia, visando a informações concretas sobre o atual estado da Bacia Hidrográfica do Anil.

Principais bacias hidrográficas da Ilha de São Luís

Bacia Hidrográfica Comprimento (km) Área (km²)

Anil 12,63 40,94

Bacanga 233,84 105,9

Tibiri 16,04 140,04

Paciência 27,48 153,12

Inhaúma 5,45 27,52

Santo Antonio 3,75 100,46

Estiva 25,88 41,65

Jeniparana 7,09 81,18

Cachorros 15,03 65,00

Guarapiranga 10,71 16,48

Itaqui 4,56 40,94

Hotel faz reaproveitamento da água e incentiva o bom senso no consumo

Reaproveitar é a palavra de ordem nos dias atuais. Por isso, não é de se surpreender quantas ideias surgem para evitar o desperdício. Um dos bens mais preciosos e vitais para a vida do planeta é a água. E hoje se sabe que se não houver ações emergenciais corre-se o ris­co de que a água doce se reduza tanto que não terá mais onde encontrar. A solução está na educação e bom senso, além do engaja­mento de todos, geração após geração. Em São Luís, um exemplo no reaproveitamento da água é o Hotel Ibis, com um projeto que reaproveita a água do ar-condicionado.

O projeto está há quatro anos em operação na unidade. A água do ar-condicionado foi escolhida por ser uma água sem detritos, límpida e oriunda de gotejamen­to. A água reutilizada é reaproveita no uso das descargas sanitárias e nas áreas verdes.

A média de volume de água reaproveitada é de 37.488 litros. Por mês, são consumidos cerca de 656.000. A economia média do hotel na conta de água é de R$ 374,00 por mês e uma redução de custo médio de R$ 4.500 no ano, o que favorece muito a operação da unidade

Para entender a importância da economia feita pelo hotel, basta lembrar que o Maranhão é o segundo estado que mais con­some água no Brasil. Segundo dados da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), cada maranhense consome 230 litros de água por dia, o que causa, segundo a companhia, danos ambientais e problemas de abastecimento, já que 68% dessa água é desperdiçada.

Rios poluídos

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