Cuba

Castro volta a pedir fim de embargo econômico a Cuba

Segundo Castro, o embargo econômico e a presença americana na Baía de Guantánamo continuam sendo "obstáculos" para a normalização de relações

Atualizada em 11/10/2022 às 12h49
Os presidentes Barack Obama ( Estados Unidos) e Raúl Castro (Cuba) conversaram sobre assuntos diversos
Os presidentes Barack Obama ( Estados Unidos) e Raúl Castro (Cuba) conversaram sobre assuntos diversos (Os presidentes Barack Obama e Raúl Castro conversaram sobre assuntos diversos)

Havana - O presidente cubano Raúl Castro voltou a pedir ontem o levantamento do embargo econômico imposto à Cuba durante reunião histórica com o presidente americano Barack Obama no Palácio da Revolução, em Havana. Obama, que defende o fim das restrições, disse que isso depende em parte de conversas sobre os direitos humanos dentro de Cuba.

Após o encontro, durante coletiva de imprensa conjunta, Castro saudou as inicitaivas tomadas até agora para a normalização das relações entre os dois países, mas disse que elas não são "suficientes". Segundo ele, o embargo econômico e a presença americana na Baía de Guantánamo continuam sendo "obstáculos" para a normalização das relações entre EUA e Cuba.

"Reconhecemos a posição do Obama e de seu governo ante o bloqueio e seus reiterados pedidos ao Congresso para que o elimine. As últimas medidas (de alívio ao embargo, decididas por Obama) são positivas, mas não suficientes", acrescentou.

O fim do embargo, que depende do Congresso norte-americano, já foi defendido tanto por Castro como por Obama desde que os dois países anunciaram a reaproximação.

Em entrevista, ontem, Obama disse acreditar que o Congresso tem "crescente interesse" ao fim do embargo e que dois fatores podem acelerar o processo de levantamento: as vantagens que virão das mudanças feitas até agora e a discussão sobre os direitos humanos na ilha.

No entanto, Castro disse que não é correto "politizar" o tema dos direitos humanos e que "nenhum país do mundo" preenche todos os requisitos internacionais para os direitos humanos.

Segundo Obama, as "sérias discordâncias" sobre direitos humanos e democracia são um "impedimento" para o fortalecimento dos laços entre os dois países.

O presidente americano disse que os EUA estão sendo "agressivos" em exercer flexibilidade nas relações com Cuba, uma vez que a lei sobre o embargo à ilha ainda não foi abolida pelo Congresso.

"O embargo vai acabar. Quando, não estou inteiramente certo. Mas acredito que ele vai acabar e o caminho no qual estamos vai continuar além da minha administração", disse Obama, que encerra seu mandato no fim, deste ano.

'Respeitar as diferenças'


Ao começar a falar aos jornalistas, Castro disse estar satisfeito com a visita de Obama a Cuba, lembrando que ele é o primeiro presidente americano a visitar a ilha em 88 anos.

Castro falou sobre uma nova relação entre Cuba e Estados Unidos que não seja centrada nas profundas diferenças que seus países mantiveram durante décadas, e que é preciso "construir pontes" entre os dois países.

"Devemos aceitar e respeitar as diferenças e não fazer delas o centro da nossa relação, e sim promover vínculos que privilegiem o benefício de ambos países e povos", afirmou Castro ao término da reunião com Obama em Havana.

"Hoje é um novo dia [na relação] entre os nossos países", disse Obama, que disse esperar que espera que esta visita marque um "novo capítulo" nas relações entre os dois países.

Cooperações
Os presidentes anunciaram que concordaram em aprofundar a cooperação entre os dois países em agricultura, em saúde - para a proteção contra o zika e pesquisa sobre o câncer -, proteção ambiental e segurança regional. Obama também disse que os líderes concordaram em conversar sobre os direitos humanos em Cuba neste ano.

O presidente dos EUA citou a presença de empresários americanos na ilha como prova de que os EUA têm "profundo interesse" na normalização das relações com Cuba.

Obama disse que os EUA estão prontos para estreitar os laços comerciais com Cuba, produzindo assim mais empregos tanto para americano como para cubanos. E contou que pediu a Raúl Castro para que ele permita mais joint ventures entre empresas dos dois países, para que empresas estrangeiras possam contratar cubanos diretamente.

"Como eu já disse, mais de cinco décadas de difíceis relações não serão transformadas da noite pro dia", afirmou Obama, que disse ter disto a Castro que os dois países estão "seguindo adiante" e não "olhando para trás".

Mais
Obama, de 54 anos, e Raúl, de 84, se reuniram duas vezes desde que lançaram, no final de 2014, o processo de normalização das relações bilaterais.

A primeira reunião ocorreu em abril de 2015, dentro da Cúpula das Américas, no Panamá, e a segunda, cinco meses depois, nas Nações Unidas, em Nova York.

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