Semana Santa

Pescado está mais caro e preocupa consumidores

Com a tradição de não comer carne na Semana Santa, a procura pelo pescado aumenta, mas os preços não estão muito convidativos este ano

Atualizada em 11/10/2022 às 12h49

A aposentada Maria Benedita Nogueira, 66 anos, é daquelas católicas que não abrem mão da tradição e só comem pescado na Semana Santa, sobretudo na Sexta-Feira da Paixão. Só que este ano o cardápio deve ficar um pouco mais salgado para a aposentada. É que o preço do pescado está mais caro. Pelo menos, é o que ela tem percebido nas feiras de São Luís. Os vendedores, no entanto, afirmam o contrário, que este ano o quilo do peixe está mais barato. Para não abrir mão da tradição, Maria Benedita já decidiu que vai comprar menos peixe este ano e essa deve ter sido a decisão de muitos consumidores já que as vendas ainda estão bem abaixo do esperado para esta época do ano.

No fim da manhã de ontem, Maria Benedita foi ao Mercado Central em busca do peixe que pretende comer ao longo desta semana. Ela foi a todos os balcões perguntando o preço do quilo do pescado, mas foi embora para casa de mãos vazias. “Está tudo caro este ano. A pescadinha boca-mole está custando R$ 17,00 o quilo. Está mui­to mais cara este ano. No ano passado, eu comprei a R$ 8,00 o quilo”, afirmou.

E não foi só no Mercado Central que a aposentada notou os preços mais altos. “Eu geralmente compro na Feira do João Paulo, mas lá também está tudo caro. Sexta-feira [dia 18], eu comprei camarão a R$ 20,00 o quilo. Hoje [ontem], eu voltei lá e já estava R$ 26,00”, comentou.

Mas como tradição é tradição, Maria Benedita disse que vai diminuir a quantidade na compra para poder economizar. “Não vou deixar de comer peixe porque o que minha mãe me ensinou eu não deixo de cumprir e não como carne vermelha, nem de frango na Semana San­ta. Vou comprar nem que seja um peixe, mas não vou deixar de cumprir a Semana Santa”, afirmou.

Já Cleiton Frazão não pode deixar de comprar peixe por que tem uma clientela para atender. Ele é dono de um restaurante na Avenida Litorânea. “Não posso nem diminuir a quantidade de pescado que compro por causa da minha demanda no restaurante”, comentou. Este ano, os gastos do comerciante com a compra de pescado aumentou 20%. “E eu não posso repassar esse aumento para o consumidor se não perco o cliente”, informou.

Vendas fracas
Apesar das reclamações dos clientes, os vendedores nos principais mercados de venda de pescado de São Luís afirmam que este ano o produto está custando não só o mesmo preço do ano passado como até mais barato. Mas em um ponto todos concordam: as vendas estão fracas. “No começo da semana, é sempre mais fraco, mas a partir de quarta-feira deve melhorar”, afirmou o vendedor Elinaldo Oliveira, do Mercado do Peixe.

E se o cliente pretende tentar um desconto na hora da compra, este ano vai ter mais trabalho para negociar. “Não tenho como dar desconto, pois já estou ganhando muito pouco pelo quilo do peixe que vendo”, disse Ivan Costa, vendedor de peixes do Mercado Central.

Tradição
E para quem assim como Maria Benedita não consegue conciliar o bolso com a tradição, o arcebispo de São Luís, dom José Belisário, destacou que as tradições da Semana Santa são mais costumes que mandamentos religiosos. “Essas tradições são elementos culturais e como tal mudam com as épocas. Antes, peixe era um alimento disponível nos rios, todos podiam pescar. Hoje, não é mais assim. Essa tradição não está especificada nas Sagradas Escrituras”, afirmou.

Ainda segundo dom Belisário, o mandamento eclesiástico diz que se deve guardar o jejum e se abster de comer carne vermelha na sexta-feira. “A recomendação é para que não se coma carne em todas as sextas-feiras que antecedem a Páscoa, durante a Quaresma. O mesmo preceito vale para a Quarta-feira de Cinzas, o dia em que se inaugura esse tempo de preparação para a Páscoa”, informou.

SAIBA MAIS
Pesquisa de preços

O Instituto de Proteção e Defesa do Consumidor do Maranhão (Procon/MA) realizou, entre os dias 7 e 15 de março, uma pesquisa que apontou uma variação de quase 220% no preço dos pescados em São Luís. Dentre os 51 itens da lista, piau foi o que alcançou a maior variação de 217,97%, chegando a custar de R$ 6,29, no Matheus do Shopping da Ilha e no Mix do Vinhais, até R$ 20,00, na Feira da Cidade Operária. Em segundo lugar ficou a cururuca, com variação de 160%, custando de R$ 5, na Feira do João Paulo, até R$ 13,00, no Mercado Central, seguida pela traíra e pela tainha pitiua, que variam, respectivamente, 150,42% e 150%.

Outros peixes típicos, como curimatá e palombeta, ocupam o 5º e o 6º lugar da lista. O quilo da curimatá pode custar de R$ 8,49 até R$ 20,00 (135,57% de variação), enquanto a palombeta foi encontrada por valores entre R$ 5,99 e R$ 12,00 (100,33% de variação. Já a pescada amarela pode ser encontrada com preços entre R$ 22,00 e R$ 29,79 (35,41% de variação). Já os peixes pedra, pescadinha e serra não apresentaram variações grandiosas, 32,78, 21,16% e 18,45%, respectivamente.

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