Editorial

Minha casa, meu drama

Atualizada em 11/10/2022 às 12h50

Os futuros moradores do Residencial Minha Casa, Minha Vida no bairro do Maracanã, e também em vários outros empreendimentos espalhados pela cidade, vivem naquela linha tênue entre a felicidade e o drama. A felicidade de saber que possuem uma casa própria e o drama de ficar esperando as chaves caírem em suas mãos.

E nesta novela o maior medo é o da invasão. Os proprietários temem que ocorra com suas casas o que se deu com os imóveis do Residencial Nova Terra, em São José de Ribamar, há cerca de três anos. Na época mais de três mil famílias invadiram as 4.250 unidades habitacionais já construídas e foram retiradas sob forte aparato policial, não sem antes deixarem suas marcas nos imóveis, destruindo as casas e retirando itens de acabamentos, tais como vasos, pias e janelas. Até hoje, numa volta pelo bairro é possível encontrar casas que são apenas o esqueleto, ou seja, só com as paredes. Muitas são frutos dessa época de invasão, outras foram depenadas mais à frente.

Outro grande problema é que as famílias contempladas com um imóvel, na maioria das vezes, seguem pagando caros aluguéis e colocando ainda mais em risco o orçamento familiar. Para se ter uma ideia, um aluguel de um imóvel simples, tipo quitinete, com no máximo dois quartos, em um bairro periférico da cidade não sai por menos de R$ 500. Isso é dez vezes mais do que a prestação mais cara de um imóvel do “Minha Casa, Minha Vida”, que é de R$ 50.

De certo é que, o programa segue alimentando o sonho de milhares de pessoas que desejam ter sua casa própria, e o governo parece ter consciência desse caráter lúdico, tanto que a própria presidente Dilma Roussef anunciou, em fevereiro deste ano, o lançamento da terceira fase do projeto, com a previsão de 2 milhões de novas moradias até o final de 2018.

E parece que nem mesmo a grande distância dos empreendimentos para o Centro da Cidade esmorece o povo. Um passeio entre os condomínios do programa na Ilha revela que a grande maioria dos terrenos está localizada em áreas de difícil acesso à população em geral, seja de carro, bicicleta, a pé, ou outro meio de transporte.

Na região do Maracanã e Distrito Industrial, são pelo menos cinco conjuntos residenciais. O empreendimento mais fácil, por assim dizer, de se chegar é o Residencial Vila Maranhão, com 1.488 apartamentos, na beira da Estrada do Maracanã. Saindo da BR-135, pela parte que corta o bairro da Vila Maranhão, são quase 2 km de distância até chegarmos aos prédios.

Já quem vai morar no Residencial Luís Bacelar, com mil casas, e localizado, no bairro do Gapara, percorre quase 3 km da entrada mais próxima, na BR-135. Situação igual terá os moradores dos conjuntos Santo Antônio e Amendoeira, também no Maracanã.

Mesmo assim, a felicidade de ter a casa própria extrapola qualquer distância, e, nas palavras de uma feliz proprietária de um imóvel do “Minha Casa, Minha Vida”, não existe lugar longe, quando a casa é nossa.

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