Uma guerra surda

Atualizada em 11/10/2022 às 12h50

A movimentação pelo fim do prazo da janela partidária estabelecida pela Lei Eleitoral – segundo a qual qualquer um poderia trocar de legenda entre os dias 18 de fevereiro e 18 de março, sem prejuízos eleitorais – começou a estabelecer um cenário futuro no Maranhão: é cada vez mais clara a movimentação do governador Flávio Dino (PCdoB), do senador Roberto Rocha (PSB) e de algumas lideranças do grupo que chegou ao poder em 2014 na tentativa de um projeto próprio de poder em 2018.
Rocha não dá uma palavra sequer que encaminhe para esta possibilidade – e isso leva seus aliados a acharem que ele continua no mesmo grupo – mas seus gestos são os de quem se movimenta em outra direção. E, nos bastidores, ele não esconde de ninguém seu projeto.
O curioso é que as lideranças aliadas ao senador, incluindo o próprio governador, também não passam recibo desta movimentação de Rocha, mas todos também agem como se estivessem esperando um ataque a qualquer momento.
O prefeito Edivaldo Júnior (PDT), por exemplo, mantém um secretário e vários cargos de segundo escalão indicados pelo senador. E os mantém intocáveis, embora o próprio Rocha declare que o PSB tenha um projeto de poder na capital. E se um auxiliar de Edivaldo for perguntado sobre ele, a resposta é clara: “Estará conosco no palanque”.
Da mesma forma age Flávio Dino, que mantém a mesma postura em relação aos deputados federais Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (Rede). Aliás, a deputada e os dois Rochas são vistos como alvo pelos radares do governador, mas nenhum também passa recibo dos ataques quase que diários – como demissão em massa de pedetistas e membros da Rede Sustentabilidade, e ações de reforço contra candidatos do PSB em Balsas.
E é assim que os aliados vão convivendo no dia a dia: numa espécie de guerra surda, com data marcada para eclodir.

Barro
O deputado estadual Alexandre Almeida (PSD) levou para a tribuna da Assembleia Legislativa na sessão de ontem uma amostra da água fornecida à população de Timon pela empresa Águas de Timon.
A água, barrenta, de cor escura e provavelmente imprópria para o consumo, tem sido levada, segundo ele, pela companhia às residências do município.
Almeida desafiou o colega Rafael Leitoa, aliado do prefeito Luciano Leitoa, a beber um copo da água e disse que irá denunciar o caso ao Ministério Público.

Troca-troca
Pré-candidata a prefeita de São Luís, a vereadora Rose Sales fez quatro trocas de legenda em menos de quatro anos.
Eleita em 2012 pelo PCdoB, Rose Sales trocou o Partido Comunista pelo PP. Depois deixou o PP e migrou para o PV.
Agora, está no PMB, no qual acredita que dará as cartas.

Palanque alternativo
O deputado Adriano Sarney pretende conversar com lideranças do PV e de outros partidos para compor um palanque alternativo à Prefeitura de São Luís.
Nós últimos meses, a opção era a vereadora Rose Sales.
Esta, por decisão própria, deixou a legenda, após seis meses filiada.

Patrulha
Ficou clara ontem a preferência da base governista na Assembleia Legislativana na disputa por espaços no PSB entre Eliziane Gama e Bira do Pindaré.
O líder do Governo no Legislativo, Rogério Cafeteira (PSC), e o primeiro vice-presidente, Othelino Neto (PCdoB), questionaram a legitimidade de a parlamentar filiar-se ao partido.
A reação dos governistas traduziu, nas entrelinhas, a real preocupação do governador Flávio Dino (PCdoB) em toda a movimentação: a ascensão de Roberto Rocha (PSB).

Com os ventos...
Entusiasta da pré-candidatura de Bira do Pindaré (PSB) à Prefeitura de São Luís, o vereador Honorato Fernandes (PT) já age como oposição ao prefeito Edivaldo Júnior (PDT).
Ocorre que Honorato foi líder do Governo no Legislativo Municipal, logo no primeiro ano do mandato pedetista, e optou por mudar de lado, após perder espaços.
Até o início do mês de fevereiro, o parlamentar tentava aproveitar-se da aproximação entre a direção do PT com o prefeito. Como não obteve sucesso, mudou de lado.

Inconstitucional
Os deputados Adriano Sarney (PV), Edilázio Júnior (PV) e Nina Melo (PMDB) apontaram inconstitucionalidade de uma Medida Provisória assinada pelo governador Flávio Dino (PCdoB) e aprovada ontem na Assembleia.
A matéria prevê procedimentos no combate ao mosquito Aedes aegytpi. Ocorre que a MP determina, em pelo menos dois artigos, ações do Estado sobre os municípios.
Para os parlamentares, a inconstitucionalidade está justamente no fato de o Estado interferir na autonomia dos municípios. “A medida viola a separação de Poderes e é inconstitucional”, alertou Adriano.

Especulação
Surgiu forte efeito nos últimos dias a informação de que o PSDB teria feito convite ao vereador Fábio Câmara para filiação à legenda.
Foi este convite que fez, inclusive, o vice-presidente da legenda Pinto da Itamaraty, se manifestar garantindo a impossibilidade de composição nas eleições de outubro.
Câmara também reafirmou sua permanência no PMDB, legenda que disse se confundir com sua própria história de vida.

E MAIS

• Uma semana após garantir que faria balanços diários da gestão do filho prefeito de São Luís, o deputado Edivaldo Holanda (PDT) falou ontem sobre o Bilhete Único.

• O governador Flávio Dino favorece abertamente em Balsas um candidato adversário do prefeito Luiz Rocha Filho, o Rochinha, irmão do senador Roberto Rocha.

• Diante dos movimentos eleitorais dos últimos dias, o prefeito Edivaldo Júnior já abre conversa também com membros do PMDB.

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