Superação

Erisson Souza: de usuário de drogas a palestrante antivício

Ele começou a usar drogas ainda durante a adolescência e hoje, aos 40 anos de idade, ajuda outras pessoas a se libertar do vício

Marcio Henrique Sales

Atualizada em 11/10/2022 às 12h50

Erisson Souza superou uma triste história e reescreveu sua trajetória. Passou de morador de rua e viciado em crack para combatente do vício. O ex-dependente contou como conseguiu vencer o vício, depois de cinco internações. Sem usar drogas desde 2010, hoje, ele profere palestras sobre o assunto, principalmente em escolas, para alertar as pessoas sobre os riscos do consumo de drogas.

Erisson Alan Souza Lindoso, 40 anos, natural de São Luís, começou a usar álcool aos 12 anos. “Infelizmente, isso acontece. Naquelas festas de família, os jovens roubam cerveja da geladeira e os pais acham perfeitamente normal, mas não é, porque o álcool, droga lícita, abre caminho para o uso concomitante de outras substâncias entorpecentes”, alerta. Aos 16 anos, começou a usar maconha e aos 18 experimentou crack pela primeira vez. E depois foram 17 anos de dependência da droga. “Comecei a usar crack no ano em que a droga chegou aqui em São Luís e não parei até os 35 anos de idade. Foi um momento muito difícil na minha vida. Eu vivia como um mendigo. Só tinha uma roupa e pegava comida no lixo”, contou.

Sem ter para onde ir, foi parar na Cracolândia, na Rua da Palma, centro de São Luís. Ficou lá por 10 meses e acredita que "foi um milagre" estar vivo. “Teve uma ocasião, que me droguei no São Francisco e dormir na ponte José Sarney. Acordei com uma senhora me cutucando, perguntando se eu queria morrer por estar dormindo naquele local”, lembrou.

Um dia, quando estava dormindo na rede em uma casa na Rua das Palma, ele teve a experiência que mudou totalmente o rumo da sua vida. Naquele momento, ele diz que teve uma espécie de experiência espiritual. “A minha mãe, acompanhada por minhas duas tias, me chamou pelo nome. Naquela hora, levantei e sabia que tinha que seguir com ela. Nem olhei para trás. O dia foi 31 de setembro de 2010, quando me livrei totalmente das drogas”, disse.

Para ele, a internação compulsória é necessária, pois considera impossível negociar com uma pessoa que está sob efeito do crack. “Já tinha sido internado outras quatro vezes, mas daquela vez foi diferente, porque a minha família estava junto. Fui levado para a unidade de tratamento do CRER, da Igreja Comunidade Viva, e lá fomos tratados, eu e minha família, porque não é apenas o viciado que precisa de tratamento, mas a família também, pois fica codependente com o mal que as drogas trazem também para os parentes dos drogados. Quando a família participa do tratamento, o percentual de recuperação é de 100%, porque a presença dos país resgata, o valor da infância, que é a obediência aos pais. Quando você obedece seus pais não faz coisas erradas e muito menos se mete em problemas”, comentou.

Família

Para Erison Souza a presença da família no tratamento de dependentes químicos é tão importante, que moradores de rua que não têm parentes adotam os amigos como família. “É incrível o poder que a família exerce. A pessoa que tem família quer seus entes bem e cuida deles. Quem não tem família, geralmente adota os amigos de verdade, aqueles que o ajudam a se afastar das drogas, por exemplo, e isso ajuda muito no tratamento dos dependentes”, afirmou.

De dependente para combatente das drogas. Erisson Souza disse que começou o tratamento como acolhido e um ano depois foi diretor de uma unidade de acolhimento do CRER em Goianéia (GO). “É incrível o trabalho desenvolvido pelo bispo Mário Porto, porque comecei como internado, passei a trabalhar como obreiro e, em seguida, desenvolvi uma horta no CRER. Depois de um ano, o bispo me convidou para ser diretor do CRER em uma cidade do interior de Goiás. É incrível como a minha vida deu uma volta completa”, destacou.

Atualmente, Erisson Souza faz parte do Conselho Municipal Anti-Drogas de São Luís. Atuou na criação do Conselho Anti-Drogas de Codó e de Itapecuru-Mirim e está ajudando a desenvolver o Conselho Anti-Drogas de São José de Ribamar. Além de trabalhar nos Conselhos Anti-Drogas, ele promove palestras de prevenção ao uso de drogas em escolas e associações comunitárias e em penitenciárias. “É incrível, como 30% dos detentos se tornam dependentes de drogas dentro do sistema prisional. Com esse trabalho, estamos ajudando a diminuir esta triste realidade”, pontuou.

Mais

Para quem tem parente ou amigo dependente de drogas, Erisson Souza atende em domicílio e ajuda no encaminhamento para uma unidade de tratamento. É só telefonar para o número (98) 98870-0000.

“Teve uma ocasião, que me droguei no São Francisco e dormir na ponte José Sarney. Acordei com uma senhora me cutucando, perguntando se eu queria morrer por estar dormindo naquele local”

“Quando a família participa do tratamento, o percentual de recuperação é de 100%, porque a presença dos país resgata, o valor da infância, que é a obediência aos pais”

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