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Farc querem fixar nova data para assinar paz na Colômbia

Assinatura de acordo de paz estava prevista para 23 de março; negociador das Farc diz que os dois lados aceitaram encontrar nova data

Atualizada em 11/10/2022 às 12h50

Bogotá - A guerrilha das Forças Revolucionárias da Colômbia (Farc) está disposta a fixar uma nova data para assinar um acordo de paz com o governo da Colômbia, ao assinalar que ainda não há condições para fazer isso em 23 deste mês, data inicialmente prevista, segundo a France Presse.

"Estamos de acordo com o que disse o presidente Juan Manuel Santos, que não há condições para o dia 23", afirmou Joaquín Gómez, negociador das Farc em Havana, sede dos diálogos de paz desde novembro de 2012.

O negociador afirmou que ambos os lados estão de acordo em acertar uma nova data. O conflito colombiano é um dos mais prologados do mundo e já provocou aproximadamente 220 mil mortes e seis milhões de deslocados, segundo estimativas oficiais.

Acordo
O tema das vítimas do conflito é um dos seis pontos da agenda do processo de negociação de paz no país. O acordo anunciado em dezembro prevê cinco pontos principais: uma comissão para o esclarecimento da verdade; uma unidade especial de busca de pessoas dadas como desaparecidas pelo conflito; medidas específicas de indenização; pacote de garantias da não repetição do conflito; uma jurisdição especial para a paz.

O quinto ponto é o mais polêmico, segundo a agência Associated Press. O sistema jurídico especial estabelece o tratamento que receberão os responsáveis por delitos contra a humanidade e inclui penas alternativas de reclusão. Serão julgados guerrilheiros, militares, paramilitares e inclusive empresários que tenham financiado o conflito.

Também está prevista uma anistia para os casos de delitos de rebeldia, como levantar armas contra o Estado, mas que jamais será aplicada para crimes contra a humanidade ou outros, como sequestro, recrutamento de menores, violência sexual e execuções foram de combate.

No que se refere às buscas de desaparecidos, as Farc ajudarão na localização, recuperação e identificação dos restos mortais e de desaparecidos durante o conflito. A guerrilha também se compromete a ajudar na reconstrução da infraestrutura das zonas mais afetadas pelo conflito, na retirada de minas de terrenos, na substituição de cultivos ilícitos e no reflorestamento de territórios devastados pela guerra, segundo informa o jornal "El Tiempo".

O acordo também prevê medidas de indenização a agentes do Estado e de setores que participaram direta ou indiretamente do conflito.

Longas negociações
As Farc e o governo colombiano mantêm negociações de paz em Havana desde novembro de 2012, na tentativa de acabar com o conflito armado de meio século e alcançar uma paz duradoura e aceitável para todas as partes.

Até agora, as duas partes alcançaram acordos parciais sobre reforma agrária, participação política de ex-rebeldes e drogas ilícitas. Também chegaram a um acordo sobre a remoção de minas dos campos de batalhas.

Mas ainda era necessário consenso sobre o tema das vítimas, do desarmamento e do mecanismo para referendar um eventual pacto final.

As partes se acusam mutuamente de ter começado a escalada do conflito armado. Durante as negociações, as Farc reiteraram sua disposição de deixar as armas assim que fosse assinado um acordo de paz com o governo, mas exigiram garantias de que seus militantes não correriam riscos ao se incorporar à vida política colombiana.

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