No Santo Antônio

Mais de 30 pessoas apresentam sintomas de zika, dengue e chikungunya em apenas uma rua

Trecho com 15 casas apresenta número elevado de doentes; eles reclamam ausência de agentes de endemias

O Estado Online

Atualizada em 11/10/2022 às 12h50
Rua São Sebastião, onde vários moradores apresentam sintomas de doenças; no detalhe, mulher apresenta manchas vermelhas e relata dificuldades para andar
Rua São Sebastião, onde vários moradores apresentam sintomas de doenças; no detalhe, mulher apresenta manchas vermelhas e relata dificuldades para andar

SÃO LUÍS - O Ministério da Saúde já colocou São Luís e mais 21 municípios do Maranhão em “estado de alerta” no combate a proliferação do mosquito aedes Aegypti. E, apesar dos esforços de grande parte da população e das autoridades, a situação só piora. A equipe de O Estado Online encontrou, nesta sexta-feira, uma situação assustadora no bairro do Santo Antônio. Na rua São Sebastião, em um trecho com menos de 20 casas, mais de 30 pessoas apresentam sintomas de dengue, zika vírus e febre chikungunya. Apesar de os moradores afirmarem que estão combatendo os focos, a reportagem flagrou larvas do mosquito em alguns quintais. Os moradores afirmam que não receberam a visita de nenhum agente de saúde, ou homens do exército, nos últimos meses.

A pior situação encontra-se na casa de Alcenir Silva Lopes. As cinco pessoas que moram na residência estão com sintomas das doenças. Para atender a reportagem, ela se deslocou com dificuldades até o portão. “Nós últimos dias eu não estava conseguindo nem caminhar. Ainda estou andando com muita dificuldade. Muitas dores nas articulações. Aqui, eu, meus três primos e o meu tio estamos doentes. Eu achava que era dengue, mas não sei mais. E a vizinhança toda está passando por isso. Estamos assustados”, comentou a dona de casa. Ele falou ainda que teve de mandar a filha, de 2 anos, para casa de outros parentes, que moram em outro bairro, para evitar que a criança seja contaminada.

A rua quase toda. Nunca vi isso na minha vida. Estamos até evitando receber visitas Valdirene Silva, moradora da Rua São Sebastião
Logo ao lado, na casa da dona Graça, mais cinco pessoas estão doentes. A aposentada afirma que já procurou o foco em sua residência, mas não encontrou. “A situação é muito ruim. Estou fazendo a minha parte, mas alguém não está fazendo. Isso não é normal. Aqui, apenas uma pessoa não foi contaminada”, contou.

A professora Priscila Souza, disse que na sua casa três pessoas estão de cama e mais dois sobrinhos, que passaram apenas um fim de semana, também voltaram para suas casas os sintomas. “A rua quase toda. Nunca vi isso na minha vida. Estamos até evitando receber visitas. Tem uma morada aqui do meu lado que tem um quintal cheio de lixo e nunca deixou ninguém limpar. Esse tipo de atitude que não ajuda”, lamentou Priscila.

Moradores afirmam que casa fechada pode ter tanque servindo de criadouro
Moradores afirmam que casa fechada pode ter tanque servindo de criadouro

Durante a passagem da equipe pela rua São Sebastião, as pessoas saiam na porta para falar o número de parentes afetados pelas doenças em suas casas. Somando apenas as pessoas que se manifestaram, foram 31.

Focos, desinformação e desamparo

Diante da assustadora situação, a equipe de O Estado Online visitou alguns quintais e, poucos minutos, encontrou um grande foco, cheio de larvas do mosquito. Os moradores afirmam que há meses não recebem visitas de equipe de saúde do estado ou da prefeitura. “Nós sabemos que muitas pessoas não têm informação, mas tem gente fazendo a sua parte. Nós já ligamos para todos estes números que estão disponíveis e nunca recebemos estas visitas. Nem o exército passou por aqui. Estamos abandonados”, reclamou a comerciante Valdirene Silva.

A maioria dos moradores acredita que uma casa, que está à venda e fechada há muito tempo, seria o foco dos mosquitos. “Esta casa deve ter água parada. Todos nós temos tanque e o daí deve ter água parada, com certeza. Aqui na minha casa, quatro pessoas, incluindo a minha mão de 80 anos, estão doentes”, disse a aposentada Maria Raimunda Ramos.

Balde de tinta cheio de larvas do mosquito foi encontrado em quintal de umas moradora
Balde de tinta cheio de larvas do mosquito foi encontrado em quintal de umas moradora

A Secretaria Municipal de Saúde (Semus) informou que o cronograma de vistorias nos imóveis na área do Santo Antônio está sendo cumprindo com regularidade e com intervalos de sessenta dias em cada residência.

Recentemente, o Imirante.com flagrou um “cemitério” de automóveis abandonados bem próximo da Rua São Sebastião. Vizinhos afirma que o local se tornou um criadouro para mosquitos.

Cerca de 1,5 mil militares da Marinha do Brasil, Exército Brasileiro e Comando da Aero fizeram um trabalho de prevenção no Maranhão. Segundo o Ministério da Defesa, a meta era visitar três milhões de residências em 356 municípios.

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