Na terça-feira, dia 23, São Luís amanheceu sem ôni­­bus nas ruas e avenidas por causa de uma paralisação dos rodoviários que deixou os usuários do sistema de transporte coletivo a pé. Ontem, os rodoviários voltaram ao trabalho, mas a população da capital tinha uma preocupação, um possível aumento nas tarifas de ônibus. Ao longo do dia, diversos rumores surgiram e até no­vos valores de passagens chegaram a ser apontados nas redes sociais. No entanto, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís (SET) ne­ga que esteja pleiteando reajuste na tarifa e a Prefeitura de São Luís não tratou sobre o assunto.

A paralisação dos motoristas e cobradores de ônibus de São Luís foi provocada pelo atraso no pagamento do adiantamento dos salários da categoria pelas empresas de transporte coletivo de São Luís. Os trabalhadores recebem o salário em duas parcelas. No dia 20 de cada mês, recebem um adiantamento de 40% do valor e no quinto dia útil do mês seguinte recebem os 60% restantes. Só que este mês, o adiantamento não foi pago no dia 20, sábado, o que desagradou à categoria.

Por causa do atraso, na segunda-feira, dia 22, eles fizeram uma paralisação de duas horas – das 4h30 às 6h30 -, que não afetou tanto a rotina da população. Como o adiantamen­to salarial não foi pago até as 18h do dia 22, eles suspenderam totalmente o serviço durante a terça-feira para pressionar os empresários a cumprirem a convenção coletiva de trabalho que definiu como deveria ser pago o salário da categoria.

A paralisação foi suspensa porque no início da noite de terça-feira os rodoviários decidiram aceitar proposta mediada pela Secretaria Municipal de Transito e Transportes (SMTT) para que os empresários efetuassem o pagamento dos 40%, referente ao adiantamento de salário dos motoristas, no dia de ontem, e o de cobradores e fiscais até no máximo amanhã.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Maranhão (Sttrema), diversas empresas cumpriram o acordo ainda na manhã de ontem. “Esta semana não tem possibilidade de nova paralisação, já que as empresas já começaram a pagar”, afirmou Isaías Castelo Branco, presidente da entidade.

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Rumores
A volta dos motoristas ao trabalho não trouxe apenas alívio aos usuários do sistema de transporte coletivo de São Luís, mas uma preocupação. Ainda na noite de terça-feira, começaram a circular nas redes sociais e em aplicativos de mensagens rumores quanto a reajuste tarifário. Uma das mensagens tratava de reajuste de 11% no valor das passagens.
Com isso, a tarifa mais cara, R$ 2,60, passaria a custar R$ 2,90.

Outro rumor dava conta de que o SET estaria pleiteando um reajuste ainda maior, 22%, fazendo com que a tarifa de R$ 2,60 passasse a custar R$ 3,10. Os novos valores tarifários já teriam até data para entrar em vigor. A partir do domingo, dia 28, quem precisasse pegar ônibus em São Luís já pagaria mais caro pelo serviço.

Os rumores levaram até a organização de um ato contra o aumento da tarifa. Um evento foi criado em uma rede social para reunir e mobilizar todos que se opõem ao reajuste. Na página do evento, havia o seguinte informe: “SET e Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte Público [SMTT] informam que haverá reajuste na tarifa do transporte coletivo a partir do dia 28/02/2016 [domingo], o valor será de R$ 2,90. Para o estudante que tem direito ao desconto de 50%, a tarifa será de R$ 1,70.

Aos domingos, o valor da tarifa para quem utiliza cartão VT ou Comum será de R$ 2,90. Para quem paga em dinheiro, o valor da tarifa será de R$ 3,40. Diante disso, nos recusamos a esse aumento abusivo e imoral!”.

Reajuste anual
O presidente do SET, José Luiz de Oliveira Medeiros, disse a O Estado que a entidade não está pleiteando novo reajuste tarifário, mas afirmou que a crise no sistema de transporte coletivo agravou-se desde o ano passado. “Desde outubro, o preço do óleo diesel subiu três ou quatro vezes e também tivemos queda no núme­ro de passageiros. Em janeiro, o número de passageiros caiu 15% e em fevereiro essa redução será ainda maior”, afirmou. A crise do início do ano teria sido agravada também pelos gastos com o pagamento do 13º salário e dos encargos sociais sobre a folha de pagamento de janeiro deste ano e do 13º salário.

José Luiz de Oliveira Medeiros frisou, no entanto, que a Prefeitura de São Luís deveria ter uma política de transportes que incluísse o reajuste anual da tarifa de ônibus, a exemplo do que ocorre em outras capitais. “A nossa tarifa mais cara é de R$ 2,60 e é a mais barata do Brasil. O SET não está pleiteando o reajuste da tarifa por que é obrigação da Prefeitura avaliar qual o melhor momento de fazê-lo”, disse.

Aumento de passagens
O Estado solicitou à Prefeitura de São Luís um posicionamento oficial so­bre um possível aumento de tarifa. Por meio de e-mail enviado à Secretaria Municipal de Comunicação (Secom) foi perguntado se há possibilidade de reajuste das passagens ainda este ano e quando, de quanto seria esse percentual de aumento e como a Prefeitura analisa a crítica do SET referente ao Bilhete Único, que também estaria contribuindo para a cada da receita das empresas.

A resposta enviada pelo Município trata apenas da reunião ocorrida na terça-feira, dia da paralisação do serviço de transporte coletivo. Na nota respondida pela Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte, a Prefeitura informou que a reunião ocorrida da terça-feira com representantes do Sindicato dos Trabalhadores de Transporte Rodoviário de São Luís, Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís e a Agência Estadual de Transporte e Mobilidade Urbana (MOB) tratou do fim da greve dos rodoviários mediante o pagamento da categoria, que deveria ocorrer ontem e hoje.

NÚMEROS
Sistema de transporte de São Luís
740 mil usuários
21 empresas
174 linhas urbanas

Tarifas em vigor
R$ 1,90 é o valor da tarifa nível 1
R$ 2,20 é o valor da tarifa nível 2
R$ 2,60 é o valor da tarifa integrada

SAIBA MAIS
Reajuste nos últimos dois anos

No dia 27 de março de 2015, a Prefeitura de São Luís reajustou o valor das passagens de ônibus. Os preços passaram de R$ 1,60 para R$ 1,90; R$ 1,90 para R$ 2,20 e R$ 2,40 para R$ 2,80. O reajuste desagradou à população e durante três dias houve protestos na capital. No dia 3 de abril, a Prefeitura anunciou uma redução de R$ 0,20 no valor da tarifa mais cara, que havia sido reajustada para R$ 2,80 e passou a custar R$ 2,60. Esse reajuste ocorreu apenas 10 meses após o último reajuste que havia sido concedido. Em junho de 2014, o preço das passagens de ônibus sofreram acréscimo de R$ 0,30. O reajuste no valor das tarifas em 2014 foi o desfecho da greve dos rodoviários, que já se estendia por 16 dias. Na ocasião, o secretário Municipal de Trânsito e Transportes, Canindé Barros, afirmou que se tratava do primeiro reajuste em quatro anos e que o maior preço cobrado era semelhante à média que cobrada em todo o Nordeste.

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