O Estado contra o Aedes

Maioria dos focos do mosquito está dentro de imóveis

De cada 10 focos do mosquito, nove estão em imóveis de São Luís, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (Semus); agentes de controle de endemias fazem vistorias a cada 60 dias, mas enfrentam dificuldades, como imóveis fechados

Jock Dean

Atualizada em 11/10/2022 às 12h50

[e-s001]Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde (Semus), 94% dos focos do mosquito estão em imóveis. Em São Luís, os locais são vistoriados por agentes de controle de endemias, que verificam a presença de criadouros e orientam os moradores quanto aos cuidados que devem tomar. No entanto, o trabalho é dificultado por causa da impossibilidade de vistoriar imóveis fechados ou em que os moradores não autorizam a entrada do agente.

A maioria das pessoas tem um vaso de planta nos terraços de suas casas como parte da decoração. Só que esse item inofensivo pode representar perigo para toda a família, pois ele pode esconder um criadouro do mosquito Aedes aegypti. Por isso, a cada 60 dias um agente de controle de endemias visita as residências. “Nessa visita, o agente faz uma vistoria técnica em todo o imóvel, sobretudo na área externa, procurando possíveis focos do mos­quito em locais como tanques de água, garrafas, vasos de plantas e outras. Independentemente de haver ou não criadouros, é aplicado larvicida no reservatório de água e também são passadas orientações aos moradores”, explicou coordenador do Programa Municipal de Controle da Dengue, da Superintendência de Vigilância Epidemiológica Municipal, Pedro Tavares.

[e-s001]Visitação
Alaíde Pereira da Silva, moradora do São Francisco, recebeu a visita dos agentes de controle de endemias na semana passada e segue à risca as orientações que recebeu. “Lavo minha caixa d’água uma vez por semana, troco a água do cachorro todos os dias, varro o quintal para não acumular lixo e não acumulo água nos vasos”, afirmou. Na casa de Alaíde Pereira da Silva, os vasos são pendurados no muro para não ter necessidade do uso de pratinhos e evitar o acúmulo de água.

No entanto, nem toda a população tem a mesma conscientização que Alaíde Pereira da Silva. Segundo Pedro Tavares, São Luís tem hoje uma pendência de 17% a 20% de imóveis não vistoriados pelos mais variados motivos. “Seja porque o imóvel está fechado; porque o morador não permitiu a entrada do agente, porque as imobiliárias não facilitam o acesso às unidades”, destacou. Segundo o Ministério da Saúde, a pendência não pode ser superior a 10% dos imóveis visitados.

[e-s001]Imóveis abandonados
Por dia, cada agente de controle de endemias visita 25 imóveis. Com isso, ao fim do mês deveriam ter sido vistoriados quase 8 mil imóveis. Mas por causa das dificuldades enfrentadas pelos profissionais, um a cada cinco imóveis não é vistoriado e pode se tornar criadouro do mosquito. Um exemplo é uma casa localizada na Rua Santa Rita, Centro. Fechada, a antiga residência não é limpa há meses. “Eu já falei com o proprietário, mas ele não toma nenhuma atitude. Já avisei a ele que se for preciso vou denunciá-lo”, disse Maria do Amparo de Oliveira, que mora vizinha da casa, que hoje está à venda.

Também no centro de São Luís, moradores do Beco dos Burgos temem a proliferação do mos­­quito por causa de um imóvel abandonado há quase 15 anos na via. O imóvel fica em frente à Praça da Saudade, que fica em frente ao Cemitério do Gavião. A necrópole é outro local que têm focos do mosquito por causa da grande quantidade de vasos de plantas e outros locais que po­dem se tornar criadouros do Aedes aegypti.

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No Centro, índice de infestação pelo Aedes é um dos maiores

Até mesmo em grandes avenidas de São Luís é possível encontrar imóveis abandonados que podem conter focos do mosquito. Na Avenida Getúlio Vargas, no Mon­te Castelo, três casas estão abando­nadas. Em suas fachadas, o lixo se acumula e quem mora no entorno teme que antigos reservatórios de água que estejam destampados possam virar criadouros. “Já liguei para o dono, mas ele não veio aqui fazer uma vistoria. A gente não tem como fazer muita coisa, só torcer para não adoecer”, disse Meirejane Castro.

[e-s001]Mobilização
Com medo da proliferação do Aedes aegypti, moradores de São Luís têm se mobilizado para fazer mutirões em seus bairros. Um desses mutirões ocorreu na Cidade Operária. No domingo, dia 14, moradores da Rua 205 se reuniram para recolher o lixo acumulado em um terreno baldio que serve como praça e cam­po de futebol pela comunidade.

Foram recolhidos pneus, garrafas PET e de vidro, um vaso sanitário e outros objetos que podem acumular água e se tornarem criadouros do mosquito. A faxina feita pelos moradores no campo de futebol do bairro somou 10 sa­cos grandes cheios de lixo. Segundos eles, a ação será realizada to­dos os domingos para manter a área limpa.

NÚMEROS
25 imóveis
são visitadas por dia por cada um dos 317 agentes de controle de endemias de São Luís
7.925 imóveis deveriam ser vistoriados por mês
1.585 imóveis não são vistoriados por estarem trancados ou porque o proprietário negou o acesso do agente

LEVANTAMENTO
Conforme o levantamento do Ministério da Saúde são consideradas em situação satisfatória as cidades cujo índice de infestação é menor que 1%. Em situação de risco estão os municípios cujo resultado do LIRAa é maior que 3,9%. As cidades cujo resultado foi igual a 1% e menor que 3,9% são consideradas em situação de alerta. É o caso de São Luís cujo índice de infestação é 1%.

SAIBA MAIS
Entrada liberada

Em casos de imóveis trancados, os agentes de controle de endemias estão autorizados a entrar por meio da Medida Provisória nº 31.428, do Governo do Estado do Maranhão, que permite o ingresso forçado em imóveis públicos e particulares abandonados para ações de prevenção e combate ao mosquito transmissor da dengue, chikungunya e do zika vírus. A Medida Provisória classifica como imóvel abandonado aquele com flagrante ausência prolongada de utilização, situação que pode ser verificada por características físicas do imóvel, por sinais de inexistência de conservação, pelo relato de moradores da área ou por outros indícios.

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