“O Império do Brasil: Educação, Impressos e Confrontos Sociopolíticos” é o título da coletânea que reúne 18 artigos de 21 autores de 10 instituições de ensino superior do país. Editado pela Café & Lápis e publicado pela Editora UEMA, o livro é organizado pelos professores Claudia Engler Cury, Marcelo Cherche Galves e Regina Helena Martins de Faria e aborda assuntos pertinentes a época do Brasil imperial. Ele será lançado hoje, a partir das 19h, na Livraria Leitura (São Luís Shopping).

Segundo a profª Regina de Faria, a maioria dos autores da coletânea é formada por palestrantes de dois eventos realizados em São Luís: o III Encontro de História do Império Brasileiro (2012) e o III Encontro de História do Maranhão Oitocentista (2013). Os demais foram convidados.

Dos 18 artigos que compõem a obra, quatro deles são de autoria compartilhada, estão agrupados por eixos temáticos, constituindo quatro partes: Cultura Escolar, Instituições Escolares e Impressos; Cultura Política, Estados e Impressos; Escravidão, Abolição e Imprensa; e Sertão: Integração e Narrativas. De acordo com Regina de Faria, o livro tem por objetivo “servir de um painel do que está sendo produzido por pesquisadores que se voltam para o estudo do Brasil no Império. Divulgar o que está sendo feito nas universidades”.

Maranhão no Império

Dos quatro blocos que formam o livro, o Maranhão é objeto de estudo de todos. Um dos fatores para a pesquisa do Estado está na relevância que a capital tinha na época do Brasil imperial. “No início do Império, São Luís era considerada a quarta cidade do Brasil, depois do Rio de Janeiro, Salvador e Recife. Essa classificação advinha da condição econômica da Província do Maranhão, mas a projeção política não era equivalente à econômica. Ao longo do Império, a posição econômica do Maranhão no contexto do país só decaiu”, explicou a professora.

É dela um artigo em parceria com Adriana Monteiro Santos que apresenta a relação de policiamento e escravidão na cidade de São Luís, em 1830. Segundo a autora, foi possível mostrar como era constituída a cidade (dividida em paróquias, as principais ruas, os principais locais de circulação das pessoas, etc.). “Enquanto durou a escravidão, o policiamento tinha como principal alvo os escravos ou a população negra de uma forma geral. Qualquer negro ou mulato precisava provar que era livre ou liberto (isto é, o escravo que havia conseguido a liberdade), senão era preso como escravo fugido. O artigo procura mostrar como os sujeitos escravizados confrontavam e burlavam a vigilância e o controle dos policiais em São Luís”, descreveu Regina de Faria.

Dos quatro artigos sobre abolição, três analisam como essa questão foi abordada na imprensa da época. Josenildo de J. Pereira analisou os três principais jornais que circulavam na província no decênio de 1880: o “Diário do Maranhão”, “O Paiz” e “O Pacotilha”. O autor traçou o perfil de cada jornal, identificando as vinculações ideológicas dos proprietários, editores e articulistas. A conclusão foi de que os dois primeiros expressavam a mesma visão de mundo dos antigos proprietários de terras e escravos; por isso, mesmo diante da crise do escravismo e da iminência da abolição não aceitavam o fim imediato e incondicional da escravidão, defendendo projetos de teor emancipacionista, ou seja, a emancipação gradual com indenização dos proprietários de escravos. Enquanto isso, “O Pacotilha” apresentava-se como “a vanguarda da modernidade” no Maranhão, tendo um posicionamento abolicionista.

Serviço

O quê: lançamento do livro “O Império do Brasil: Educação, Impressos e Confrontos Sociopolíticos”

Quando: hoje, a partir das 19h

Onde: Livraria Leitura (São Luís Shopping)

Preço: R$ 40,00

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