Câmara

Leonardo Picciani é reeleito líder do PMDB na Câmara Federal

Eleição de parlamentar foi considerada vitória de Dilma Rousseff no Parlamento

Atualizada em 11/10/2022 às 12h50
Leonardo Picciani permanecerá na liderança do PMDB na Câmara Federal, o que favorecerá Dilma Rousseff
Leonardo Picciani permanecerá na liderança do PMDB na Câmara Federal, o que favorecerá Dilma Rousseff (LEONARDO18021601H)

O deputado federal Leonardo Picciani (RJ) foi reeleito no final da tarde desta quarta-feira, 17, líder do PMDB na Câmara em 2016. Picciani derrotou Hugo Motta (PB), seu único adversário na disputa, por 37 votos a 30. Houve ainda dois votos em branco.

A recondução do parlamentar carioca à liderança do PMDB representa uma vitória para o governo, que tinha Picciani como candidato favorito, e derrota para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que articulou e apoiou a candidatura de Motta.

A recondução de Picciani deverá ter impacto importante para o Planalto e na definição do futuro da presidente Dilma Rousseff - alvo da discussão de um processo de impeachment na Câmara. Isso porque o líder do PMDB indicará os oito integrantes da comissão especial do impeachment na Casa a que o partido tem direito.

Além disso, Picciani será o responsável indicar, neste ano, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Considerada o principal colegiado da Câmara, a CCJ é responsável por votar a admissibilidade de todas as matérias que tramitam na Casa e por julgar recursos de Cunha no processo no Conselho de Ética.

Para conseguir se eleger, Picciani articulou a volta de deputados do PMDB que estavam licenciados, como Pedro Paulo e Marco Antonio Cabral, que se licenciaram de secretarias na prefeitura do Rio e governo do Estado do Rio de Janeiro para apoiar o conterrâneo.

Com a anuência do Planalto, o ministro da Saúde, Marcelo Castro (PI), também pediu exoneração do cargo nesta quarta-feira para voltar à Câmara e apoiar Picciani. A atitude foi alvo de críticas devido à crise da saúde pública, em meio ao surto de dengue e zika, vírus causador da microcefalia.

Efeitos - O resultado tem pelo menos três efeitos diretos: primeiro: deve enfraquecer o movimento pró-impeachment de Dilma Rousseff, capitaneado principalmente por Cunha; segundo, diminui um pouco a resistência aos projetos de ajuste fiscal e aumento de arrecadação que o governo pretende ver aprovados; e terceiro, tem potencial de reforçar a pressão pelo afastamento do peemedebista da presidência da Câmara, decisão que o Supremo Tribunal Federal deve tomar nas próximas semanas.

Denunciado sob a acusação de integrar o esquema do petrolão, Cunha teve o pedido de afastamento do cargo e do mandato protocolado pela Procuradoria-Geral da República no ano passado.

A avaliação de aliados e de adversários era a de que uma vitória nesta quarta era fundamental politicamente como demonstração de que ainda mantém força suficiente na Câmara para derrotar o governo e resistir no cargo.

Cunha passou os últimos dias telefonando e conversando pessoalmente com vários peemedebistas pedindo voto para Motta, aliado que presidiu a CPI da Petrobras por indicação sua. A derrota, porém, mostra que o presidente da Câmara perdeu força em seu próprio partido, de quem foi líder de 2013 a 2015.

Já o governo, embora tivesse declarado publicamente neutralidade, atuou pela candidatura de Picciani. O lance mais explícito foi a liberação do ministro da Saúde, Marcelo Castro, que deixou o cargo por um dia, mesmo com a epidemia do vírus da zika, para reassumir o mandato e votar no nome apoiado pelo Planalto.

Mais

Ex-aliado do presidente da Câmara, Picciani rompeu com o peemedebista e se aproximou do governo Dilma, de quem ganhou o poder de indicar ministros na reforma que a petista fez em seu primeiro escalão. Picciani, então, passou a ser abertamente contrário ao pedido de impeachment contra Dilma, cuja tramitação foi deflagrada por Cunha.

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