Papa Francisco

Papa pede perdão pela exclusão dos indígenas em missa no sul do México

Francisco celebrou missa no estado de Chiapas, assolado pela pobreza; pontíficie também alertou para uma das maiores crise ambientais

Atualizada em 11/10/2022 às 12h50

Chiapas - O papa Francisco pediu perdão ontem pela exclusão sofrida pelos indígenas, em uma missa na cidade de San Cristobal de las Casas, no sul do México, onde pronunciou palavras em uma língua autóctone da região.

Francisco viajou ontem para o sul pobre e indígena do México, que ficou muito para trás de regiões mais ricas do país e onde ele autorizou o uso de línguas nativas na missa na tentativa de estancar uma onda de conversões protestantes.

"Muitas vezes, de modo sistemático e estrutural, seus povos (indígenas) não foram compreendidos e foram excluídos da sociedade. Alguns consideraram inferiores seus valores, sua cultura e suas tradições (...) Que tristeza! Que bem nos traria fazer um exame de consciência e aprender a dizer: Perdão!", manifestou o pontífice.

O Papa Francisco também alertou que o mundo vive uma das maiores crise ambientais de sua história, durante a missa realizada no montanhoso sul do México.

"O desafio ambiental que vivemos, e suas raízes humanas, nos impactam a todos e nos interpelam. Já não podemos nos fazer de surdos a uma das maiores crise ambientais da história", declarou Francisco na homilia.

Antes da madrugada de ontem, muitas pessoas - entre elas índias com vestimentas tradicionais - já se reuniam ao longo da rua diante de um estádio esportivo em San Cristóbal para assistir à missa do papa.

Estado pobre
Chiapas, na fronteira com a Guatemala, é porta de entrada da América Central e do Sul para um fluxo em massa de migrantes que viajam clandestinamente com a esperança de chegar aos Estados Unidos.

Assolado pela pobreza e pela insegurança crescente, o estado de Chiapas, onde fica San Cristobal, foi o cenário do levante zapatista de rebeldes maias nos anos 1990, e hoje é a linha de frente da repressão governamental à imigração ilegal aos Estados Unidos a partir da América Central.

Quando os zapatistas irromperam em cena, mais de dois terços da população de Chiapas era de católicos. Desde então, a expansão do cristianismo evangélico nas cidades indígenas pobres reduziu essa cifra para cerca de 60%, tornando-a a região menos católica do país.

Na cidade colonial montanhosa de San Cristóbal de las Casas, o Papa visitará a igreja que abriga a tumba de Samuel Ruiz, defensor dos direitos indígenas que serviu como mediador entre os zapatistas e o governo.

Ruiz, que morreu em 2011, pleiteou durante muito tempo a permissão para que as missas pudessem ser realizadas em idiomas como o tzotzil porque muitos dos moradores maias da área não falam espanhol.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.