Descarte indiscriminado

Descarte de lixo é obstáculo no combate ao Aedes aegypti

Enquanto os governos federal, estadual e municipal unem forças para intensificar as ações contra o mosquito que transmite a dengue, a zika e a febre chikungunya, parte da população mantém hábitos que vão contra isso

Atualizada em 11/10/2022 às 12h50

[e-s001]Com o surto de microcefalia no país, associado à zika, uma guerra ao mosquito Aedes aegypti foi lançada em todos os estados. Governos e sociedade foram convocados a colaborar eliminando os possíveis focos do mosquito. No Maranhão, não foi diferente. Mas na capital, São Luís, o descarte indiscriminado de lixo nas ruas ainda é prática muito co­mum e pode estar prejudicando o combate ao mosquito.

No último sábado, dia 13, o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner (PT), participou da solenidade de abertura do “Dia da Mobilização Nacional contra o mosquito Aedes Aegypti” na Igreja do São Francisco, em São Luís. Na ocasião, foi realizado o “Sábado da Faxina”, com vistoria em residências e orientação de moradores nos bairros São Francisco e Ilhinha.

Esses bairros foram escolhidos para sediar a mobilização por serem considerados de alto risco de infestação do mosquito pelo Levantamento de Índice Rápido do Aedes Aegypti (Liraa). Durante toda a manhã, mais de oito mil imóveis foram visitados por 286 agentes de controle de endemias e 48 supervisores de campo do município, acompanhados de 772 militares do Exército, Aeronáutica e Marinha; e 100 homens da Defesa Civil e Corpo de Bombeiros. Foram cer­ca de 1.200 profissionais, integrando três equipes.

Medida
Além disso, o Governado do Estado editou a Medida Provisória nº 31.428, do dia 4 de fevereiro de 2016, que permite o ingresso forçado de agentes de saúde em imóveis públicos e particulares abandonados, para ações de prevenção e combate ao mosquito transmissor da dengue, chikungunya e do zika vírus.

Já na esfera municipal, ainda em dezembro do ano passado, a Prefeitura resolveu ampliar as ações de combate ao mosquito. As visitas domiciliares foram intensificadas nos 342 bairros da cidade com o objetivo de conscientizar e sensibilizar a população.

Descomprometimento
Apesar de tantas ações, alguns hábitos da população ainda contribuem para a proliferação do mosquito. Em vários pontos da cidade, ainda é comum encontrar lixões em áreas verdes, canteiros centrais ou áreas destinadas à construção de praças ou outros equipamentos públicos.

Um desses casos é o da Avenida José Sarney, na Vila Mauro Fecury II. Uma grande quantidade de resíduos é descartada frequentemente no canteiro central. Ontem, havia carcaças de televisão e vasos sanitários, objetos que podem facilmente acu­mular água e servir de focos para o mosquito. Além disso, os resíduos atrapalham a passagem de pedestres.

[e-s001]Na Cidade Operária, são vários os pontos que foram transformados em pequenos lixões. Somente nas imediações da Avenida Este Interna, há dois espaços tomados pelo lixo. Um deles é o terreno onde deveria ser construída uma creche pela Prefeitura de São Luís, com recursos de programa do Governo Federal.

Nesse ponto, há uma placa com o aviso “Acabe com a dengue. Mantenha esse local sempre limpo. São Luís mais limpa, Responsabilidade de todos”. Ironicamente, ela está cercada de pneus, garrafas pet e outros resíduos domésticos, que podem acumular água da chuva.

A poucos metros desse ponto, em frente à Unidade de Educação Básica (UEB) Mata Roma os moradores têm de conviver com outro lixão. Ontem, o local estava tomado por dezenas de carcaças de televisão. Segundo os agentes que fazem a separação dos resíduos, carroceiros jogaram os resíduos no local.

Preocupação
Apesar de os resíduos serem recolhidos várias vezes durante a semana, o que impossibilitaria a proliferação dos mosquitos, quem é obrigado a conviver com o lixo se preocupa. Esse é o caso da comerciante Cléia Maria Viei­ra. Para ela, a Prefeitura deveria extinguir os pontos de descarte de lixo na Cidade Operária ao invés de ter colocado agentes nesse ponto para fazer a separação dos resíduos, confirmando assim o local como um lixão.

“Eu fico aqui constantemente e todo dia tenho de conviver com esse lixo e o mau cheiro. Às vezes, a gente não aguenta ficar aqui e os clientes reclamam muito também. A gente se preocupa com a dengue também e tem o cuidado de não deixar nenhum depósito, mas com o lixo do outro lado, não tem como não se preocupar”, disse Cléia Maria Vieira.

Valdenice Ferreira Rodrigues, que já teve dengue duas vezes, se preocupa com os cuidados fora dos imóveis, nas ruas dos bairros. Ela lembra que os dois filhos e o esposo também já tiveram dengue. Por isso, os cuidados dentro de casa foram reforçados. Mas a preocupação continua. “Fico triste e preocupada, principalmente quando chove. A Prefeitura manda limpar e, em questão de segundos, estão colocando lixo novamente. A culpa não é só da Prefeitura, não”, disse.

POR OUTRO LADO...
[e-s001]Moradores fazem mutirão de limpeza

Moradores da Rua 205, Unidade 205, da Cidade Operária, em São Luís, se reuniram no último domingo, 14, para fazer um mutirão contra focos do mosquito Aedes aegypti. A mobilização foi feita via redes sociais e os moradores compareceram em bom número no Campo Society, ao lado da Unidade Integrada Maria José Aragão, em busca de potenciais criadouros do mosquito. Em uma hora e meia de trabalho foram recolhidos pneus, garrafas PET e de vidro, um vaso sanitário e outros objetos que podem acumular água e se tornar criadouros do mosquito. A faxina feita pelos moradores no campo de futebol do bairro somou 10 sacos grandes cheios de lixo.

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