O Estado contra o Aedes

Na gravidez, prevenção contra o Aedes aegypti é indispensável

Uso de repelentes, mosquiteiros, mudanças no vestuário e na rotina doméstica fazem parte das medidas tomadas por quem está grávida

Atualizada em 11/10/2022 às 12h51

[e-s001]O casal Yane Botelho Robson e Ronald Robson montou uma verdadei­ra operação de guerra em casa contra o mosquito Aedes aegypti: em todas as janelas e portas da casa em que eles moram fo­ram colocadas telas. No imóvel, não falta repelente em creme e elétrico. Eles também compraram um difusor de ambiente e até uma raquete elétrica. Esse arsenal é para impedir que o mosquito chegue perto do casal, já que Yane Botelho Robson está no quarto mês de gestação e com medo de contrair o zika vírus e alguma consequência para a criança.

Dois dias após o Governo Federal confirmar a relação entre o zika vírus e os casos de microcefalia, Yane Botelho Robson descobriu que estava grávida. Imediatamen­te, ela começou a tomar cuidados pa­ra se prevenir contra o mosquito transmissor da doença. “Fui logo a uma loja comprar roupas de mangas compridas”, afirmou. A preocupação dela em relação ao zika vírus é porque, segundo o governo, 80% das pessoas não apresentam sintomas da doença. “Mas isso não significa que o bebê não vá nascer com microcefalia”, comentou.

Casa antimosquito
Mas não foi apenas o vestuário da futura mamãe que mudou. Toda a casa foi preparada para evitar a presença indesejada do mosquito. “A gente colocou telas em todas as por­tas e janelas, temos inseticida, difusor, repelente elétrico e uma raquete elétrica para matar os mosquitos. Pode parecer exagero, mas a gente já encontrou o mosquito Aedes aqui em casa”, frisou.

Incorporamos uma série de elementos no nosso cotidiano para combater o mosquito em nossa casa. Desde nossas roupas até atividades do dia a dia foram modificadas para evitar que o mosquito me pique”Yane Botelho Robson, grávida de quatro meses

Pequenos hábitos da casa também foram alterados. “A gente procura manter as portas fechadas, apesar das telas, já que eles podem entrar quando uma porta é aberta. As idas ao quintal também foram modificadas e até minhas refeições eu faço na cama, debaixo do mosquiteiro”, disse. Até as saídas do casal levam em consideração a possibilidade de contato com o mosquito. “A gente evita locais muito abertos, onde ae sabe que pode haver mosquitos. Deixamos de ir para um casamento, porque era em um sítio, durante o dia, e eu não quis me arriscar”, comentou Yane Botelho Robson.

Repelente
Além de tudo isso, ainda há o cuidado com o uso do repelente para pele e em spray, que é colocado so­bre a roupa. “Tem de passar sempre e ficar repondo toda hora, principalmente quando vou para o trabalho”, disse Yane Botelho Robson.

O medo do zika vírus, sobretudo de gestantes, fez com que a busca por repelentes crescesse nas farmárcias de São Luís. Em uma grande rede a procura aumentou em mais de 80% e o produto chegou a faltar no estoque. “Desde dezembro cresceu muito a demanda e vendemos tudo que tínhamos no estoque. Alguns clien­tes chegaram a reservar o produto para que não corressem o risco de ficar sem quando chegasse”, disse Maria do Socorro de Oliveira Sousa, gerente de uma farmácia. O Estado foi até o estabelecimento na quinta-feira à tarde, mas há quatro dias o produto estava em falta e um novo lote de repelentes só chegou on­tem.

[e-s001]Em outra grande rede de farmácias, apenas repelentes de mar­cas menos populares ainda restavam nas prateleiras, mas em pouca quantidade. Segundo Renê Barros Filho, farmacêutico de uma das lojas, a procura por repelentes tem aumentado muito, sobretudo pelos à base de Icaridina, DEET e óleo natural de eucalipto. “Esses são considerados mais eficazes no combate ao mosquito. Por isso, a procura, principalmente depois de algumas reportagens que foram veiculadas na televisão. E são justamente esses que estão em falta no mercado”, informou.

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Telas
Outro produto cuja venda aumentou por causa da preocupação da população com o Aedes aegypti são as telas, principalmente as do tipo mosquiteiro, como as que Yane Botelho Robson colocou nas janelas e portas de casa. Em uma loja especializada na venda do item, as vendas cresceram 20%, em São Luís. “A que mais está vendendo é a tela tipo mosquiteiro de poliéster, por­que, além de proteger, é fácil de armar. A própria pessoa consegue fazer em casa, sem dificuldades”, informou Paulo Filho, vendedor. O produto custa R$ 18,00 o metro.

Pela rapidez e economia, outro modelo que está entre os mais procurados é o sem moldura e feito com velcro. Custa em média R$50,00 e pode ser comprado pronto ou feito sob medida. Basta levar para casa, retirar a fita e co­lar. Além disso, o uso de mosquiteiros em camas de gestantes e berços de crianças está entre os hábitos de antigamente que fo­ram recuperados pela população na tentativa de proteger das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.

Colaboração
Mas todo o cuidado tomado pelo casal Yane Botelho Robson e Ronald Robson fica comprometido por causa da falta de consciência do restante da população. Na rua dos fundos do local de trabalho de Yane Botelho Robson, no São Francisco, há vários exemplos de pessoas que parecem não ter a mesma preocupação em relação ao mosquito.

[e-s001]Da janela da sala onde trabalha, ela pode ver diversas caixas d’água e até uma caixa de isopor destampadas e acumulando água, tornando-se criadouros per­feitos para o mosquito.
Também na rua há um terreno baldio onde é jogado lixo, como um pneu velho, que também pode se tornar criadouro. Até na via em que o casal mora, há exemplos da falta de colaboração ao combate contra o mosquito. No jardim de um dos vizinhos, garrafas PETs e até um garrafão de água mineral são deixados destampados e cheios de água.

PREVENÇÃO

- Adoção de medidas que eliminem a presença de mosquitos transmissores de doenças e seus criadouros (retirar recipientes que tenham água parada e cobrir adequadamente locais de armazenamento de água)
- Proteção contra mosquitos, com portas e janelas fechadas ou teladas
- Uso de calça e camisa de manga comprida e com cores claras
- Denúncia de locais com focos do mosquito à prefeitura
- Mosquiteiros proporcionam boa proteção pra aqueles que dormem durante o dia (por exemplo: bebês, pessoas acamadas e trabalhadores noturnos)
- Uso de repelentes indicados para gestantes

Denúncia de focos do mosquito
A população pode denunciar focos do mosquito Aedes aegypti - transmissor da dengue, chikungunya e zika vírus. Em São Luís, a denúncia pode ser feita direto para a coordenação municipal pelo telefone 3212-8282. O atendimento funciona todos os dias da semana, das 8h às 12h e das 14h às 18h. Para auxiliar na denúncia, é importante que a população informe o endereço ou ponto de referência do local onde o foco do mosquito precisa ser verificado e exterminado. Todas as denúncias são encaminhadas às equipes do Programa de Combate ao Aedes aegypti de cada município do Maranhão, que realizam a vistoria e executam os procedimentos de aplicação de larvicidas, entre outras atividades de campo.

O que o Ministério da saúde recomenda às gestantes?
O Ministério da Saúde reforça às gestantes que não usem medicamentos não prescritos pelos profissionais de saúde e que façam um pré-natal qualificado e todos os exames previstos nesta fase, além de relatarem aos profissionais de saúde qualquer alteração que perceberem durante a gestação. Também é importante que elas reforcem as medidas de prevenção ao mosquito Aedes aegypti, com o uso de repelentes indicados para o período de gestação, uso de roupas de manga comprida e todas as outras medidas para evitar o contato com mosquitos, além de evitar o acúmulo de água parada em casa ou no trabalho. Independentemente do destino ou motivo, toda grávida deve consultar o seu médico antes de viajar.

Zika no Maranhão

O número de casos registrados de microcefalia aumentou 435% no Maranhão, segundo os dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES). O último boletim epidemiológico divulgado pelo órgão, dia 11, mostra que o total de casos, que em 4 de dezembro de 2015 era de 28, saltou para 150 de acordo com o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc). Dos casos apresentados, 47 mães tiveram sintomas do zika vírus em algum período da gestação. Os casos foram confirmados em 59 cidades do estado, entre elas a capital. No relatório do dia 4 de dezembro do ano passado, eram 43 municípios com casos notificados.

Zika em São Luís

Em São Luís, já são 44 casos confirmados de microcefalia. A capital figura como a cidade em que ocorreu a primeira morte com ligação com o zika vírus no Brasil. O Instituto Evandro Chagas notificou o Ministério da Saúde sobre dois óbitos relacionados ao vírus no dia 27 de novembro. As análises indicam que o agente pode ter contribuído para o agravamento dos casos e as mortes. Um deles foi de um morador da capital com histórico de lúpus e de uso crônico de medicamentos corticóides. Com suspeita de dengue no indivíduo, foi realizada coleta de amostra de sangue e fragmentos de vísceras. O exame laboratorial apresentou resultado negativo para dengue. No entanto, foi detectado o genoma do zika vírus.

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