Polêmica

Indonésia proíbe emoticons gays em aplicativos de mensagens

Governo conservador tenta desencorajar a homossexualidade, que é uma questão delicada no país; declaração causou controvérsia pública

Atualizada em 11/10/2022 às 12h51

Jacarta - O governo da Indonésia exigiu que os aplicativos de mensagens instantâneas removam stickers que mostrem casais homossexuais, em seu mais recente esforço para desencorajar a homossexualidade no país socialmente conservador.

A decisão do governo surge depois da reação adversa nas mídias sociais ao aplicativo de mensagens para smartphone Line, por oferecer stickers –uma forma mais elaborada de emoticon– com temas homossexuais em sua loja on-line.

Ismail Cawidu, porta-voz do Ministério da Informação e Comunicação, anunciou nesta quinta-feira (11) que as plataformas de mídias sociais e mensagens deveriam abandonar stickers que expressem apoio à comunidade LGBT, uma abreviação comum para lésbica, gay, bissexual e transgênero.

"A mídia social precisa respeitar a cultura e a sabedoria local de um país no qual ela tem grande número de usuários", afirmou.

A homossexualidade não é ilegal na Indonésia, mas é uma questão delicada para a nação de mais de 250 milhões de habitantes, de maioria muçulmana.

Ao mesmo tempo, a maior parte da sociedade indonésia, que segue uma forma moderada de islamismo, é tolerante, com artistas gays e transexuais sendo presença frequente em programas de televisão.

Queixas de usuários

O Line na terça-feira anunciou ter removido todos os stickers com temas LGBT de sua loja local na Indonésia, depois de receber queixas de usuários do país.

O Twitter e o Facebook logo explodiram em críticas ao Line e ao concorrente WhatsApp por oferecerem conteúdo gay.

Ismail disse que o governo instruiria o WhatsApp a fazer a mesma coisa que o Line.

No mês passado, o ministro da Pesquisa, Tecnologia e Ensino Superior, Muhammad Nasir, afirmou que os estudantes abertamente homossexuais seriam excluídos dos campi da Universidade da Indonésia.

As suas declarações se seguem a uma controvérsia quanto a notícias sobre um centro de pesquisa da sexualidade que planejava oferecer serviços de aconselhamento aos estudantes.

Controvérsia

A declaração de Nasir causou controvérsia pública na Indonésia por muitas semanas, com objeções de grupos de defesa dos direitos humanos, mas teve apoio da parte do Conselho dos Ulemás Indonésios, um influente órgão religioso.

Kin Oey, defensor dos direitos dos homossexuais, instou o governo a respeitar tratados internacionais assinados pela Indonésia que garantem a proteção dos direitos das minorias e das mulheres.

"Ser gay ou lésbica não é ilegal na Indonésia", disse Oey. "Instamos as pessoas preocupadas com os direitos humanos a não assistirem em silêncio ao que está acontecendo".

Em 2014, os legisladores de Aceh, uma província conservadora da Indonésia, aprovaram uma lei que pune o sexo gay com bastonadas aplicadas em público e sujeita os não muçulmanos da região à interpretação estrita da sharia, a lei islâmica.

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