O Estado contra o Aedes

Com medo do zika vírus, sonho de ser mãe acaba sendo adiado

Mulheres que planejavam ser mães repensam a decisão, com medo de terem filho com alguma complicação na saúde causada pelas doenças transmitidas pelo Aedes aegypti

Atualizada em 11/10/2022 às 12h51

[e-s001]Há cerca de dois anos, Marisa Sel Franco e o ma­rido, André Leonar­do Demaison, estão planejando uma gravidez. A preparação do casal inclui desde consultas médicas até uma poupança para os primeiros gastos com o nascimento da criança. Até novembro de 2015, a única preocupação do casal era a idade: ela tem 33 anos e ele 36. Mas agora um novo fator tem levado ao adiamento do sonho do casal que planeja o nascimento de um filho - o zika vírus. Com me­do de contrair a doença - que tem sido relacionada a um surto de microcefalia em bebês - e engravidar, eles já pensam em mudar os planos em relação à maternidade.

Seria a primeira gestação de Marisa Sel Franco. Ela e o marido planejavam ter apenas um filho. Então, ela começou todo um acom­panhamento médico para que pudesse engravidar no segun­do semestre deste ano e ter o bebê no primeiro semestre do ano que vem. “Atualmente, estou fazendo acompanhamento com um ginecologista que também é obstetra, porque, por ser a primeira gravidez, tê-la depois dos 35 anos aumenta os riscos de alguma complicação. Por isso, há cerca de dois anos eu e meu marido estamos analisando qual seria o melhor momento de termos nosso filho”, disse.

E o planejamento feito pelo ca­sal foi pensado nos mínimos detalhes. Além da idade, eles decidiram fazer também um planejamento financeiro, para que as despesas com o nascimento do bebê não pesassem no orçamento doméstico. Ela também já fez uma bateria de mais de 50 exames para verificar como está sua saúde. “Faço acompanhamento com endocrinologista e nutricionista porque eu estava acima do peso e queria evitar alguma consequência, como a obesidade gestacional e os riscos que ela pode trazer”, afirmou. Ela já perdeu nove quilos desde que começou a planejar a gravidez.

[e-s001]Incerteza
Até novembro do ano passado, ela e o marido já haviam batido o martelo. A gravidez ocorreria em 2016, para que o bebê nascesse até 2017, mas o noticiário a partir daquele mês mudou os planos do casal, pois foi quando o Ministério da Saúde confirmou a relação entre os casos de microcefalia e do vírus zika. A confirmação veio de exames em um bebê nascido no Ceará com microcefalia, no qual foi identificada a presença do vírus em amostras de sangue e tecidos. Os exames que confirmaram a relação foram feitos pelo Instituto Evandro Chagas.

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A preocupação de Marisa Sel Franco não é apenas com a possibilidade de contrair a doença durante a gestação. É que ela não tem certeza se teve o zika em julho de 2015. “No meu trabalho, muitas pessoas tiveram os sintomas clássicos da doença e eu cheguei a apresentar alguns deles, mas não sei se realmente foi zika e não sei que consequências isso poderia trazer para a minha gravidez e o bebê”, comentou. Por isso, ela deve fazer um exame para confirmar se tem ou não os anticorpos produzidos pelo organismo para combater o zika vírus.

Baseados nos resultados desse exame é que ela e o marido vão decidir se adiam o nascimento do filho. “Há todo um cenário de incerteza que também é preocupan­te. Porque não sabemos até onde essa endemia vai chegar. E se se tornar uma epidemia? Quais são exatamente todos os riscos que podem ocorrer?”, questionou-se.

O temor está fazendo até mes­mo o casal repensar a forma de aumentar a família. “Se a gente avaliar que o risco de uma gestação nesse momento é muito gran­de, talvez partamos para uma adoção. É uma possibilidade que es­tamos começando a considerar”, informou.

SAIBA MAIS
Riscos da doença

Segundo Ministério da Saúde, o risco do zika vírus foi identificado nos primeiros três meses de gravidez. As investigações sobre o tema continuam para esclarecer questões como a transmissão desse agente, a sua atuação no organismo humano, a infecção do feto e período de maior vulnerabilidade para a gestante.

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