Roteiro

Para as telonas

“A Infeliz Perpetinha”, roteiro cinematográfico de Lenita Estrela de Sá, será lançado amanhã, às 19h, no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho

Atualizada em 11/10/2022 às 12h51
Lenita Estrela de Sá escreveu o roteiro há 20 anos
Lenita Estrela de Sá escreveu o roteiro há 20 anos (Lenita Estrela de Sá)

O ano era 1901, mais precisamente no dia 13 de março. A comunidade era Alto Alegre, localizada no município de Barra do Corda. Este foi o cenário de uma das maiores tragédias ocorridas no Maranhão e que ficou conhecida como O Massacre de Alto Alegre, quando índios Guajajaras invadiram a Missão Católica de São José da Providência e mataram mais de 200 pessoas. Uma delas, no entanto, a estudante Perpétua Moreira, foi levada como “refém”.

É baseada na história desta estudante que a escritora Lenita Estrela de Sá escreveu “A Infeliz Perpetinha”, um roteiro cinematográfico que ganhou a forma de livro, a ser lançado amanhã, às 19h, no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho (Praia Grande). O roteiro está em fase de pré-produção por meio de uma parceria entre a cineasta maranhense radicada no Rio de Janeiro, Isa Albuquerque, da Íris Cinematográfica e Vicente Simão, da Fábrica Filmes.

Lenita Estrela de Sá conta que o projeto foi escrito e registrado na Biblioteca Nacional há 20 anos. “Escrevi o roteiro a pedido de um amigo cineasta, mas a ideia não foi adiante. Foi quando em 2009 enviei o roteiro para a Isa Albuquerque, assinamos um contrato e agora o filme está em fase de captação de recursos”, diz Lenita.

Ela ressalta que a ideia de lançar o roteiro em forma de livro se deu pela necessidade de tornar públicos seus escritos. “Destino de texto não é gaveta. Além do mais considero que não há literatura menor, o que interessa é a forma de trabalhar a linguagem, tornar a história, que é imaginária, em verossímil”, acredita Lenita Estrela de Sá.

Tendo como fonte principal de pesquisa exemplares do jornal O Norte, que publicou relatos do caso à época, a escritora conta que o roteiro mescla realidade e ficção. “A história é real até o ponto em que a Perpétua é sequestrada. Depois, a ficção entra em cena, inclusive com personagens principais criados por mim”, ressalta ela.

Cercada de muitas lendas, a história da estudante ganha, pelas mãos de Lenta Estrela de Sá, toques de romantismo com o amor puro entre Perpetua e Zeca, filho do médico que visitava a missão para tratar dos doentes.

Afastados pelo fato de Zeca ter de estudar na capital para tornar-se médico como o pai, os adolescentes cultivam um amor quase impossível. Primeiro pelo fato de Zeca ter sido obrigado a se casar com uma prima e depois, pelo sequestro de Perpétua. “Após o massacre, Zeca, que fica viúvo, decide trabalhar na região habitada pelos índios empregando-se no então Serviço de Proteção ao Índio, na tentativa de localizar a amada”, adianta Lenita Estrela de Sá.

Massacre - A Missão Católica de São José da Providência foi atacada pelos índios Guajajaras, depois de anos de violência e desrespeito à cultura indígena. No lugar havia dispunha de um colégio interno para onde afluíam as adolescentes oriundas das famílias abastadas da região, notadamente dos municípios de Grajaú e Barra do Corda. Para lá foi mandada a jovem Perpétua Moreira.

As crianças brancas dividiam espaço com as índias, sendo que estas últimas eram arrancadas de suas mães desde muito cedo, para serem catequizadas longe dos costumes “primitivos” de suas aldeias. Os índios adultos, já convertidos, trabalhavam na comunidade surgida em torno da Missão. A poligamia - natural na cultura indígena – era terminantemente proibida.

Mas, certo dia, um índio semi-aculturado, chamado João Caboré, rebelou-se contra a tirania dos religiosos, organizando o levante que culminou no massacre de padres, freiras e moradores que assistiam, num domingo de manhã, à missa de Páscoa.

O corpo de Perpétua – a Perpetinha – nunca foi encontrado, o que fomentou a lenda. Até hoje se conta que foi levada por um índio e que, pelo caminho, no tronco das árvores, escrevia desesperada: “por aqui passou a infeliz Perpetinha”. Outra versão dá conta de que Perpetinha, impedida por seus próprios valores morais de voltar à sociedade de Barra do Corda, teria terminado por se acostumar à vida na tribo.

Serviço

O quê

Lançamento do livro ““A Infeliz Perpetinha”

Quando

Amanhã, às 19h

Onde

Centro de Criatividade Odylo Costa, filho (Praia Grande)

Preço

R$ 30,00 (no lançamento) depois à venda nas livrarias Vozes (Rua do Sol, 539) e Leitura (São Luís Shopping)

Sobre a autora

Lenita Estrela de Sá é romancista, contista, poeta, dramaturga e roteirista. Nasceu em São Luís e é graduada em Letras e Direito, com pós-graduação em Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas Materna e Estrangeira. Publicou as obras “Ana do Maranhão”, “A Filha de Pai Francisco”, “A Lagartinha Crisencrise”, “Cinderela de Berlim e outras histórias” e “A Estrelinha Aparecida”, entre outros livros.

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