Perigo

Área da Barragem do Bacanga enfrenta infestação de mosquitos

Pescadores reclamam que também estão sendo prejudicados pelos serviços executados no local; peixes já morreram na área por falta de oxigenação

Atualizada em 11/10/2022 às 12h51

Desde o início das obras na Barragem do Bacan­ga, no fim do ano passado, as comunidades vizinhas vêm enfrentando problemas. O mais recente deles é uma infestação de mosquitos, que tem incomo­dado muito os moradores de bairros como Sá Viana, Jambeiro e Ga­­­para. Eles reclamam que a água represada tem favorecido a proliferação de insetos.

Quem mora no Gapara não tem conseguido ficar em casa sem ter de recorrer a repelentes e mosquiteiros. Alguns estão até evitando sair de casa ou deixar as crianças brincarem na rua e mantendo portas e janelas fechadas para evitar picadas. Tudo por causa da grande quan­tidade de mosquitos que existem na região.

Paulo Sales mora há 2 anos e meio no bairro. Ele conta que a comunidade passou duas semanas enfrentando a infestação de mosquitos e o que teria favorecido essa proliferação seria a falta de troca de águas entre o Rio Bacanga e a Baía de São Marcos, por causa das obras que estão sendo realizadas na Barragem do Bacanga. “A água está ficando acumulada, ela não circula como antes. Com esse período de chuva, criou uma grande quantidade de mosquitos, e a gente não tem noção de quais mosquitos são esses”, disse.

Nos bairros Jambeiro e Sá Viana, a situação é semelhante. Moradores reclamam da proliferação anormal de mosquitos nas últimas semanas. O pescador Jerdier Silva Mendes disse que eles estão fazen­do uso frequente de inseticida aerossol, para combater os mosquitos, mas isso tem sido em vão.

Mortandade
Ele também acredita que o fechamento do canal tenha relação com a proliferação dos insetos, pois nun­ca havia enfrentado uma situação semelhante em 20 anos morando no mesmo local. Além disso, como pescador há 40 anos, ele também relaciona o fechamento do canal da barragem aos problemas que os pescadores vêm enfrentando atualmente.

Sem sua principal comporta, que desabou em setembro, a Barragem do Bacanga foi fechada por um monte de pedras, o que impede a circulação da maré. Os efeitos dessa resolução começaram a aparecer em dezembro do ano passado, quando milhares de peixes apareceram mortos às margens do rio.

Na ocasião, pescadores reclamavam que os pescados estavam escassos. Esse é o mesmo discurso de hoje. Nicolau Rodrigues pesca na barragem há décadas e frisa que ainda não havia enfrentado tantas dificuldades para pescar. “Tem dias em que a gente tem de jogar a tarrafa 10 vezes para vir um peixe. E se eles não trocarem essa água logo, os peixes que ainda têm vão morrer igual ao ano passado”, afirmou.

Obras
A comporta da Barragem do Bacanga se rompeu no dia 17 de setembro de 2015 permitindo o avan­ço da maré sobre o rio sem nenhum controle. Nos dias seguintes, foi construído um dique, que fechou quase todo o leito do rio. A medida foi tomada para garantir a recuperação da comporta danificada.

Após o bloqueio do canal, deveria ser feito o resgate e manutenção da comporta. Enquanto estivesse sendo feita a recuperação da comporta, o volume de água em comunicação entre Rio Bacanga e a Baía de São Marcos seria reduzido em 80% na maré alta. Durante as obras, seria utilizado o sistema stop log logs (comporta de apoio para manter o nível do lago) de emergência como escape no período chuvoso.

A Secretaria de Estado da Infraestrutura (Sinfra) informou, em nota, que os serviços na Barragem do Bacanga estão sendo realizados em três fases simultaneamente. A primeira foi a recuperação e instalação elétrica de seis stops. Essa fase foi concluída e está em funcionamento, a segunda fase é a recuperação estrutural das pontes nos dois sentidos, começando pelo sentido São Luís/Porto, onde foram colocados andaimes suspensos com estrutura metálica. A última fase é a instalação do sistema da comporta que está sendo fabricada. A empresa Lotil assinou o contrato com o fabricante da comporta para entregá-la em 90 dias. A instalação deve durar 30 dias.

A Sinfra frisa que não há relação da proliferação dos insetos com a obra na barragem, os técnicos informam que no início do período chuvoso é perceptível o aumento do número de mosquitos não apenas na barragem como em toda a região. A secretaria providenciará uma equipe exclusiva para fazer o monitoramento da lagoa durante o período de obras ao que se refere a salinização, oxigenação e PH da água.

SAIBA MAIS

O prazo para toda a obra de reforma e recuperação da Barragem do Bacanga é de 360 dias. Estão sendo investidos R$ 7.500.321,47 nos serviços.

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