Renascimento

Trigêmeos que mobilizaram São Luís seguem luta pela vida

Abimael, Abdiel e Abizael perderam a mãe com apenas três meses de nascidos, mas venceram 2015 com auxílio de muitas campanhas para arrecadação de donativos

Jock Dean/ O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h52

Tão pequenos e já cheios de histórias que ainda não sa­bem contar. Com apenas 8 meses de nascidos, os trigêmeos Abimael, Abdiel e Abizael, ainda não sabem, mas já tiveram uma grande reviravolta em suas vidas. Quando eram ainda menores, com 3 meses, a mãe deles, Raimunda Vieira Rodrigues, 40 anos, faleceu. Órfãos, os três meninos provocaram uma grande mobilização em São Luís. Daqui alguns anos, quando lerem a edição deste domingo de O Estado, eles vão finalmente poder saber que estão entre os milhares de maranhenses que “venceram” o ano de 2015.

Raimunda Vieira Rodrigues faleceu em 19 de julho deste ano, após complicações decorrentes de uma pré-eclâmpsia. Ao falecer, ela deixou sete filhos, entre os quais os trigêmeos Abimael, Abdiel e Abizael, que à época tinham apenas três meses de vida. As crianças ficaram na casa da avó, Maria da Paz Vieira Rodrigues, 66 anos. Hoje, as crianças estão sob a guarda de Maria José Rodrigues Coutinho, uma das tias, mas toda a família se reveza nos cuidados com as crianças. Além da avó e da tutora legal, a tia Domingas Vieira Diniz, os irmãos e primos mais velhos ajudam.

Ajuda
A partir daí, diversos grupos, entidades, artistas e pessoas comuns começaram a mobilizar campanhas, compartilhando fotos, notícias e postagens sobre a situação dos trigêmeos para arrecadar latas de leite, fraldas, berços e até auxílio médico para os irmãos. A mobilização aconteceu pelas redes sociais, em que foram publicadas fotos dos trigêmeos, cuja história foi compartilhada milhares de vezes. Somente uma das reportagens publicadas no site de O Estado teve mais de 17 mil compartilhamentos. Nas redes sociais, postagens de pessoas pedindo ajuda para os meninos ultrapassaram a marca de 10 mil compartilhamentos em poucos dias.

Ajuda foi muito importante, segundo Maria José Rodrigues Coutinho, 44 anos, tia das crianças. “A gente recebeu leite, fraldas, cestas básicas. Muita gente mesmo veio nos procurar oferecendo ajuda”, lembrou.

Mas cinco meses depois, a história das crianças parece ter saído dos trending topics - termo para postagens mais populares nas redes sociais. “Hoje, praticamente pararam a ajuda. Lá uma vez ou outra aparece alguém”, afirmou.

Quem até hoje acompanha a rotina da família, oferecendo ajuda é a cuidadora especialista, Eliana Dias, responsável pela campanha na internet que desencadeou toda a mobilização que se viu logo após o falecimento da mãe dos bebês. “Até hoje ela procura a gente, pede para eu lhe informar como eles estão. Ela nos presta assistência até hoje”, contou.

Vamos cuidar dos nossos meninos, tratar da saúde deles e buscar tudo que eles precisarem.O ano de 2015 foi difícil, mas a gente tem fé que em 2016 as coisas vão começar a melhorar”Maria José Rodrigues Coutinho, tia dos trigêmeos

A assistência é importante por-que uma das crianças, Abizael, teve um acidente vascular cerebral (AVC) ao nascer e ficou com paralisia cerebral do lado esquerdo. “A gente está tratando ele na APAE”, afirmou Maria José Rodrigues Coutinho. Mas o tratamento da criança tem como entrave o transporte até a unidade de saúde, que fica no Outeiro da Cruz, enquanto a família mora no povoado Santa Helena, comunida­de próxima ao Quebra-Pote, zona rural de São Luís.

Tratamento
A continuidade do tratamento é extremamente importante, pois, ao que tudo indica, apesar da paralisia, a criança não terá grandes sequelas em seu desenvolvimento. “A médica que está tratando dele nos disse que ele vai falar, vai poder estudar normalmente, vai ser uma criança independente. Só vai ter o desenvolvimento um pouco mais lento que uma criança sem o problema dele”, informou a tia. Além disso, o menino tem uma hérnia, que precisa ser operada, mas o procedimento já está encaminhado.

A família, que é numerosa, tem como renda fixa dois salários mínimos mensais. Um recebido por Ma­ria José Rodrigues Coutinho, que é pensionista do Município. O outro é a aposentadoria de Maria da Paz Viei­ra Rodrigues, avó das crianças. É na casa dela que moram os outros quatro irmãos dos trigêmeos, além de outras 11 pessoas, totalizando 16 o número de moradores do imóvel de apenas um quarto.

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Mas o problema de moradia está perto de ser resolvido. Uma casa foi construída pelo Governo do Estado para os trigêmeos. A residência fica ao lado da casa da avó, que recebeu como doação o material que sobrou da obra para poder iniciar também uma reforma na sua casa. “Mas ainda faltam outros materiais para a gente reformar a casa. O que recebemos já dá para começar, mas não para fazer tudo”, comentou Maria da Paz Vieira Rodrigues. A casa que foi construída pelo Governo do Estado ainda não foi entregue porque a Companhia Energética do Maranhão (Cemar) ainda não fez a ligação elétrica.

Após um 2015 difícil, a família espera que as coisas comecem a melhorar a partir agora. “O ano foi muito difícil por causa da perda da nossa irmã, que deixou sete filhos. Agora, a gente quer poder ter mais condições de criar os meninos, porque eu tive quatro filhos e quem já criou quatro cria mais três. O que a gente quer é dar uma vida melhor para eles”, disse Maria José Coutinho.

Doações

A cuidadora Eliana Dias continua acompanhando o dia a dia dos trigêmeos, então, quem quiser prestar assistência ou fazer novas doações pode entrar em contato pelo telefone (98) 98923-9220.

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