Vida de Awá

Fogo se alastra nas terras dos índios da etnia Awá no Maranhão

ONG Survival International divulgou em todo o mundo que o perigo do aumento de focos de incêndio na Região da Amazônia Legal é dizimar a última tribo nômade e sem agricultura do planeta, portanto em situação de vulnerabilidade

Atualizada em 11/10/2022 às 12h52
Índio Awá salva espécie da fauna brasileira em incêndio na Floresta Amazônica no Maranhão, provando que é o melhor guardião da mata
Índio Awá salva espécie da fauna brasileira em incêndio na Floresta Amazônica no Maranhão, provando que é o melhor guardião da mata (Índio)

Incêndios florestais estão se espalhando pela Amazônia Legal, região que inclui o Maranhão. São centenas de focos de queimadas. Essa área que está sendo degradada ameaça um dos últimos povos isolados do planeta, os Awá. Os focos de incêndio, segundo denúncia da organização não governamental (ONG) Survival Intenational, estão sendo iniciados por madeireiros ilegais, em represália aos esforços de povos indígenas para defender seu território e manter os invasores fora.

Essa floresta é o lar de parte da etnia Awá, uma das sociedades mais vulneráveis do planeta. Eles dependem da terra para a sua sobrevivência. Eles e outros povos indígenas ao redor do mundo estão à frente da luta contra as alterações climáticas e a destruição dos ambientes naturais em que eles vivem. Os índios são os melhores guardiões de suas florestas, e a maneira mais barata e rápida para conservar a Amazônia – o pulmão do mundo - é respeitando seus direitos à terra.

Tatuxa’a, um representante Awá, disse ao Conselho Indigenista Missionário (Cimi), no Maranhão: "Hoje eu estava na mata, e tinha muita poeira e fogo. Tem fogo em todo os lugares e ele está muito perto da nossa comunidade. Precisamos que o governo nos ajude. Sozinhos não podemos apagar por que é muito”.

Como disse o awá, a floresta tem riqueza, tem frutos, está sendo destruída. “Nosso riacho está secando também. Onde vamos caçar? Onde vamos pegar o mel? Eu estou triste agora, estou preocupado”, questinou.

Cerca de 100 Awá são isolados. Eles vivem sem contato com o resto da sociedade. Parte da etnia pode ser aniquilada, se os incêndios não forem apagados, mas os Awá e tribos vizinhas estão só, combatendo o incêndio.

No ano passado, a campanha global da Survival pressionou o Ministério da Justiça a mandar agentes ao território central dos Awá para expulsar madeireiros ilegais. “Mas agora a terra Awá não está sendo devidamente protegida e os madeireiros estão retornando”, diz relatório da Survival.

Araribóia

Em outubro, incêndios destruíram quase metade de um território indígena vizinho, conhecido como Araribóia, onde também vivem os Awá. A Survival International, o movimento global pelos direitos dos povos indígenas, está pedindo ao governo brasileiro que apague o incêndio, proteja a terra dos Awá e salve-os da extinção.

O diretor da Survival, Stephen Corry, disse que a menos que mais seja feito para proteger as florestas dos Awá de madeireiros incendiários, um dos povos mais ameaçados do planeta e o ambiente que eles conservaram com sucesso por gerações, serão destruídos.

A Survival denuncia que “verdadeiras gangues de madeireiros – estão se alastrando no Maranhão”. Há no relatório deste ano que, embora haja um chamado global por ação para proteger a Floresta Amazônica e impedir que os indígenas Awá sejam aniquilados, até agora as autoridades fizeram pouco para conter o fogo. Os incêndios começaram há semanas. Os Awá tentaram repetidamente apagá-los, porém, mais focos surgem nas proximidades.

Apoio

O governo do Maranhão enviou apoio mínimo para a região, informou a ONG. “Essa atitude já foi tomada outras vezes, e pode ser resultado da proximidade de oficiais do governo com a poderosa indústria madeireira”, denuncia a Survival.

A Survival International, o movimento global pelos direitos dos povos indígenas, faz apelo urgente às autoridades brasileiras, para que façam mais para salvar os Awá dos incêndios e para apoiá-los nos esforços para preservar a floresta. “A Survival está fazendo tudo o que pode para aumentar a atenção em relação ao apelo dos Awá e pressionar por mais ações que levem ao fim desses incêndios”, afirmou Stephen Corry

Os awás até bem pouco tempo jamais tinham feito contato com o não índio, segundo a organização não governamental. “Agora, imagine o susto, a sensação de pavor desses índios, quando eles perceberam a presença de madeireiros invadindo o território deles, dando tiros, derrubando árvores. Só restou correr desesperadamente em busca de socorro”, diz trecho de relatório.

“Os não indígenas estão colocando fogo na nossa mata, encontramos homens armados. Tentamos controlar o fogo”

Tatuxa'a

Índio etnia Awá

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