Opinião

Em defesa da comunicação virtual

editorial

Atualizada em 11/10/2022 às 12h52

E de repente, em poucas horas de suspensão do aplicativo WhatsApp,
a comunicação entre os brasileiros entrou em colapso. Em meio ao desespero só encerrado por um desembargador de São Paulo, que cancelou a primeira decisão judicial, o povo mostrou mais uma vez sua capacidade de “dar um jeitinho” para resolver seus problemas e ampliou de forma espantosa o acesso a outras formas de relacionamento via internet.

Além do velho Facebook, vários outros instrumentos foram descobertos por milhares de pessoas para “sobreviver” a algumas horas de suspensão do WatshApp. Viber, Skype, Line, Hangouts, Wechat, GroupMe e Telegram foram alguns dos aplicativos que supriram a necessidade dos brasileiros de se manter conectados, uns por razões profissionais, outros por motivos pessoais e particulares.

A lição tirada desse breve colapso é a de que os brasileiros, assim como os demais povos do mundo, não conseguem mais viver sem as modernas tecnologias. Ninguém consegue mais imaginar a vida sem as redes sociais, sem a comunicação via internet, sem os relacionamentos virtuais.

Para os mais jovens, instrumentos como cartas via Correios, ligações telefônicas de telefones públicos ou mesmo residenciais são coisas do passado que muitos, inclusive, nunca utilizaram. São da era da internet, do celular, dos e-mails e das mensagens por aplicativos, virtuais e instantâneas, da velocidade que a modernidade exige. As crianças, essas então só conhecem essa (nem tanto) nova realidade.

As mudanças nos modos de vida e nos instrumentos utilizados na comunicação moderna são naturais, mas preocupa a interferência nos relacionamentos entre as pessoas. As rodas de conversa, principalmente entre os jovens, são cada vez mais raras, mesmo quando há grupos reunidos em um mesmo local.

Nos nossos dias, ninguém consegue sair de casa sem o celular, e a maioria não abre mão de interagir nas redes sociais, mesmo quando está em companhia de outras pessoas, com as quais deveria simplesmente conversar, mas no mundo real. A comunicação virtual predomina, é mais forte, condiciona comportamentos, promove ou evita encontros e desencontros.

A suspensão do WhatsApp por algumas horas expôs o Brasil ao mundo, não pelos graves problemas sociais, políticos e econômicos por que passa o país. Mas pelo ineditismo da situação, considerada absurda pelos defensores da liberdade de expressão, do direito de se comunicar por meio do aplicativo, já que milhões de pessoas foram atingidas sem ter qualquer relação com os motivos da decisão judicial.

Mas nem toda a polêmica causada favoreceu uma reflexão mais profunda sobre a comunicação tecnológica, tampouco obrigou os brasileiros a voltar à comunicação tradicional, apesar dos apelos para que a decisão judicial servisse de estímulo a uma pausa nas relações virtuais, que agora conta com novos instrumentos.

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