Uma das mais conhecidas lendas maranhenses vai para as telas do cinema com o filme “Muleque Té Doido 2”, do diretor maranhense Erlanes Duarte. O longa-metragem terá fragmentos do primeiro filme intercalados com uma nova história sobre o rei que se transformou em touro e assombra a comunidade dos “Filhos da Lua” na Ilha de Lençóis. O lançamento está previsto para julho de 2016.

Segundo Erlanes Duarte, o primeiro filme bateu recordes de bilheteria do cinema maranhense e isso gerou grande responsabilidade para a produção do segundo. “Antes, éramos uma surpresa. Agora, as pessoas esperam muito de nós. Por isso, estamos produzindo com carinho e mais zelo com a estética cinematográfica. O segundo filme está mais ousado e queremos uma repercussão fora do estado. Deveremos lançar simultaneamente em cinco estados da federação. Algo inédito em nosso estado”, adiantou Erlanes Duarte.

A trama vai girar em torno de quatro personagens: Erlanes, Nikima, Guida e Sorriso. Erlanes é o líder do grupo e sonha em fazer sucesso com sua banda “Raça Ruim”. É extremamente desastrado e endividado. Vive fugindo dos cobradores. É apaixonado por Laura, uma mulher bonita que adora reggae. Nikima é o baiano que reside no Maranhão há 12 anos. Ele é o amigo inseparável de Erlanes. Suas madeixas exóticas e sua gargalhada aguda são os traços marcantes do personagem. Guida Gue Vara é um gay cheio de trejeitos típicos da região. Seus bordões e roupa rosa revelam sua personalidade forte e, ao mesmo tempo, delicada. Sorriso, por sua vez, é um personagem completamente “sem noção” da história. Mas também é sensível e chora fácil. Mas quando a amizade está em jogo, é extremamente solidário e fiel.

“Nós temos o certificado de mérito pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura, mas infelizmente ainda não conseguimos a empresa para captar os recursos. Acreditamos que seja a crise e a forte queda na arrecadação de ICMS. Já começamos a gravar, mas acreditamos e contamos com a sensibilidade dos empresários para apoiar o projeto que está orçado em aproximadamente R$ 500 mil”, apelou o diretor.

No filme, o touro da lenda de Dom Sebastião assombra o povo de uma pequena comunidade de pescadores habitantes da Ilha de Lençóis, situada no arquipélago de Maiaú, pertencente ao município de Cururupu (MA). A representante desse povo é Luna, uma mulher bonita e alva. Ela é uma órfã adotada por Ádila, o intrigante mentor espiritual e líder dos filhos da lua. Eles são chamados assim pela grande incidência de albinos na ilha e só saem para pescar à noite para se protegerem do sol escaldante durante o dia. Luna vai a São Luís em busca da ajuda de Erlanes e seus amigos. Ela acredita que sejam eles os guardiões dos três cristais do poder.

Esses cristais sagrados são capazes de realizar desejos e também destruir o touro encantado que atormenta seu povo. O grupo acaba cedendo ao pedido de Luna e passa a ter dois objetivos: salvar Laura do domínio de Zé Mucura e ajudar Luna a encontrar os cristais sagrados.

Paralelo

Em alguns momentos da trama é traçado um paralelo entre a nova e a velha São Luís, resgatando brincadeiras infantis já esquecidas pelos jovens. As expressões regionais e gírias comuns dos maranhenses são um ponto forte para despertar o sentimento de identificação e pertencimento. Erlanes e seus amigos precisam, em um determinado momento, voltar ao passado para resgatar um dos cristais sagrados. O choque cultural de épocas diferentes constrói diálogos divertidos entre os protagonistas e os anfitriões do passado.

O destaque dessa viagem no tempo é o reencontro do grupo com a antagônica serpente encantada, na Fonte do Ribeirão, e a participação deles em um evento famoso da corte portuguesa. Os efeitos visuais dão o molho especial à aventura, por meio dos cristais do poder, da serpente encantada e do poderoso touro negro com a estrela dourada na testa. No filme, estarão envolvidas mais de 400 pessoas, entre atores, produtores, equipe técnica, figurantes e colaboradores.

“Em minha opinião, o apoio à produção cinematográfica no Maranhão ainda é tímido, mas estamos melhorando com o lançamento recente do edital do audiovisual e também pela crescente demanda nas produções locais. O Maranhão possui grandes cineastas. Nós acreditamos no cinema do Maranhão”, enfatizou Erlanes Duarte. l

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