Coréias

Coreias do Sul e do Nortem mantêm diálogo de alto nível

Diálogo entre vice-ministros ocorreu ontem na zona industrial intercoreana de Kaesong; países assinaram acordo em agosto para reduzir tensão na península

Atualizada em 11/10/2022 às 12h52

Pyongyang - As duas Coreias mantiveram ontem uma reunião extraordinária de alto nível, na linha do acordo de compromisso assinado em agosto para reduzir a tensão na península.

"Demos um passo decisivo para abrir o caminho à reunificação. Espero que vários temas pendentes sejam solucionados um a um", declarou o chefe da delegação da Coreia do Sul, Hwang Boo-Gi, a seu colega norte-coreano Jon Jong-Su.

O diálogo entre vice-ministros ocorreu na zona industrial intercoreana de Kaesong, situada na Coreia do Norte, muito próxima da fronteira, e durou cerca de 30 minutos, com ambas as delegações lendo textos preparados de antemão.

Após consultar suas respectivas capitais, as autoridades deveriam retomar o diálogo nas primeiras horas da noite.

Não há uma agenda definida nem um limite de tempo para estas conversas que, no passado, já duraram várias horas ou dias. O último encontro deste tipo, com o mandato de abordar uma série de problemas intercoreanos, remonta a 2013.

Qualquer encontro entre os dois campos é saudado como um passo na direção certa, mas os precedentes incitam a evitar otimismo excessivo.

Esforços anteriores para estabelecer um diálogo regular falharam rapidamente após a primeira reunião, um sinal da profunda desconfiança que prevalece entre os dois países que permanecem tecnicamente em guerra após a assinatura de um cessar-fogo em 1953.

Em junho de 2013, os dois vizinhos concordaram em uma reunião semelhante sobre a organização de discussões no mais alto nível, que foi a primeira desse tipo em seis anos. Mas Pyongyang mudou de ideia de última hora e cancelou o encontro por questões de protocolo. Os dois países têm prioridades claras, mas distintas.

A Coreia do Norte, que sofre uma escassez de dinheiro, quer que seu vizinho do sul retome as visitas lucrativas organizadas no monte Kumgang até 2008, quando suspendeu após a morte de uma turista por um disparo de um guarda norte-coreano.

Propaganda

O retorno de turistas sul-coreanos ao monte Kumgang seria uma vitória para a propaganda do líder norte-coreano, Kim Jong-un, e traria a seu país algum dinheiro de que precisa.

"Kim precisa dar presentes para o partido e aos líderes políticos e se gabar da riqueza nacional ante seu povo", afirma Nam Sung-Wook, professor de Estudos Norte-Coreanos na Universidade da Coreia. m"Também precisa de dinheiro para completar uma série de obras recentes".

Seul quer, por sua vez, que o Norte permita que as famílias separadas pela Guerra da Coreia (1950-1953) possam se encontrar regularmente.

Estas reuniões são realizadas menos de uma vez por ano e com um número muito limitado de participantes, apesar da longa lista de espera, composta principalmente de idosos sul-coreanos desesperados em ver a sua família antes de morrer.

Para a presidente sul-coreana, Park Geun-hye, que chegou ao poder prometendo se aproximar de Pyongyang, um sucesso neste ponto seria como receber uma medalha.

Park já falou várias vezes da perspectiva de reunificação da Coreia, mas não tem dado passos políticos significativos para reduzir as tensões com o Norte e seu líder belicoso.

A questão espinhosa a ser evitada no diálogo intercoreano é o programa nuclear de Pyongyang. Embora Seul possa falar sobre desnuclearização, os especialistas acreditam que ambos os lados tendem a se concentrar em objetivos mais atingíveis.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.