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O Rio Itapecuru

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Atualizada em 11/10/2022 às 12h52

Jacques Inandy Medeiros

Eu, que já molhei as mãos no Tejo, passeei de Bateau Mouche no Sena; atravessei pontes sobre o Tâmisa; naveguei de Colônia até próximo a Frankfurt, no Reno; viajei de Duls a Viena no Danúbio (não é azul); olhei o Pó; debrucei-me sobre o Tibre; molhei os pés e me benzi no Jordão; fiz passeio no Nilo; margeei o São Lourenço de Otawa a Quebec; cruzei várias vezes o Potomac, em Washington D.C.; fui de Belém a Manaus navegando sobre o Amazonas; já vi várias vezes o São Francisco; atravessei a nado o Parnaíba, quando estudei no Liceu Piauiense. Assim conheci grandes rios e outros de menor porte. Porém, o mais importante para mim é o Itapecuru, pois como diz o poeta quando se refere ao rio de sua aldeia, o Itapecuru é o rio da minha infância, nele tive as primeiras audácias de natação depois de uma aprendizagem no riacho do Ponte.
O Itapecuru é o rio que banha a cidade em que nasci, a nossa opulenta Caxias. Segundo o caxiense César Marques, são desencontradas as opiniões sobre a etmologia desta palavra. Em uma das notas à “História da Revolução do Maranhão”, o dr. Domingos José Gonçalves de Magalhães, impressa na oficina tipográfica do senhor B. Matos, se diz que esta palavra é escrita por uns Itapycuru, por outros Itapecuru e Itapicuru. Mas o editor, em seu entender, considera errado todos estes modos de escrever, sendo Itapecuru o etmológico e único exato.
Tem as suas nascentes em um buritizal nas fraldas da serra do mesmo nome. Entre os seus principais afluentes destacam-se os rios Alpercatas (o principal), Corrente, Riachão, Itapecuruzinho, Limpeza, Ponte, Ouro, Prata, Codozinho, Peritoró e Pirapemas. Das cachoeiras existentes citamos: Sanharó(arrecife de pedras), Criminosa, Cajazeiras, Terra Dura e Canal Torto.
Durante o século XIX e início do século XX, era o rio Itapecuru o mais rápido meio de comunicação de Caxias com a capital do Estado. Seu transporte era feito através de companhias fluviais, onde destacamos a Empresa de Navegações a vapor dos Rios do Maranhão, o Loide Maranhense e a Empresa de Navegação São Luís. Somente com a inauguração da estrada de ferro, em 1920 (governo Epitácio Pessoa), trecho São Luís-Caxias, deixou o rio Itapecuru o seu importante papel, com a diminuição do tráfego fluvial. Mesmo assim, continuou a rota Caxias-Colinas hoje extinta.
Atualmente, o rio Itapecuru vem sofrendo várias agressões ecológicas pelo próprio homem, tornando-se poluído em algumas áreas, inclusive quando atravessa nossa cidade. Vários movimentos já se formaram pelos ecologistas em defesa do nosso rio, na tentativa de impedir que resíduos de indústrias, matadouros e rede de esgotos sejam lançados nele e nos afluentes, bem como interferir no desmatamento de suas margens.
O rio Itapecuru não pode ser ameaçado pelo homem, considerado o maior predador do planeta terra, uma vez que é ele também a maior vítima desta destruição. Esse rio é responsável hoje por grande parte do abastecimento de água da capital do nosso Estado através da Caema (Italuis), e também da nossa cidade (Saae).
Destacam-se às suas margens cidades importantes como Mirador, Colinas, Caxias, Aldeias Altas, Codó, Timbiras, Coroatá, Pirapemas, Cantanhede, Itapecuru-Mirim, Santa Rita e Rosário. Nas margens desse rio, nasceram cidadãos notáveis, por sua posição nas artes, letras, política e economia, talentos com importantes serviços prestados às suas cidades, seu estado e seu país. Entre eles destacamos: Gonçalves Dias, Coelho Neto, Teixeira Mendes, João Lisboa, Gomes de Sousa e tantos outros.
Nascidos às margens do Itapecuru e que já governaram o Maranhão, citamos: Benedito Leite, Godofredo Viana, Paulo Ramos, Eleazar Campos, Eugênio Barros, Alderico Machado, João Castelo, Ivar Saldanha, Edison Lobão e José Ribamar Fiquene.
Diante do amor que tenho ao “rio da minha infância” e a sua importância para o Maranhão, nossos governantes deverão estar atentos para a sua conservação, impedindo a poluição e o seu assoreamento.

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