Poluição

Lixão causa transtornos no Conjunto Manuel Beckman

Dejetos são jogados em terreno baldio, causando riscos à saúde dos moradores do local; até mesmo pedaços de veículos são jogados na área

Leandro Santos/O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h53

Qual a diferença entre o antigo Aterro da Ribeira, para onde era levado todo o lixo produzido em São Luís, e um terreno baldio que está servindo como um lixão A céu aberto localizado no meio de uma área residencial próximo ao Conjunto Manuel Beckman, em São Luís? Com exceção do tamanho de cada um, praticamente não há distinções entre eles. A comparação faz-se necessária por causa do problema existente e que causa transtornos para a sociedade, que é a destinação irregular dos resíduos sólidos, situação essa causada pelo descaso do poder público municipal e também pela falta de educação dos moradores.

É evidente que o antigo Aterro Ribeiro era infinitamente maior que o espaço que está servindo como lixão no Conjunto Manuel Beckman. Mas os riscos à saúde das pessoas e as consequências negativas causadas ao meio ambiente pelo destino inadequado do lixo são os mesmos. Talvez, os transtornos ocasionados pelo lixão do conjunto sejam ainda maiores uma vez que ele está situado exatamente no meio de uma área residencial e por onde passa diariamente milhares de pessoas.

Problema - Com relação à Ribeira, eram os caminhões de lixo os responsáveis por recolher os dejetos de vários bairros de São Luís e os levá-los para o aterro sanitário. Já no lixão do Conjunto Manuel Beckman não são necessários os grandes caminhões de coleta. Eles são substituídos por pessoas com carros de mão e carroceiros que se encarregam de levar o lixo para o local.

Enquanto a reportagem de O Estado esteve na área, foram várias as pessoas que se dirigiram para o ponto para fazer o depósito de lixo e ainda entulhos, como restos de materiais de construções, por exemplo. Até mesmo um caminhão foi flagrado fazendo o depósito de materiais na área.

São diversos os materiais que são jogados na região. Restos de materiais orgânicos, eletrodomésticos, eletrônicos, móveis entre outras coisas compõem o lixão. Até mesmo pedaços de veículos podem ser encontrados no local.

Na manhã de ontem, o pintor José de Ribamar Pereira depositava restos de entulho no local sem se importar com as consequências que o seu ato causava. Conforme ele afirmou, não havia outro ponto para fazer o descarte desse material. “Eu coloco aqui porque não há outro local para colocar todo esse entulho e também tem outras pessoas que fazem a mesma coisa também”, disse José de Ribamar. No terreno baldio que está servindo como depósito de lixo, há um container para o depósito de todo esse entulho para que ele não fique espalho pelo chão. Todavia, esse container está emborcando, impossibilitando o seu uso.

Consequências - Mesmo existindo a coleta de lixo na região, que é feita três vezes na semana, os moradores insistem em depositar entulhos na localidade, contribuindo para intensificar ainda mais o problema.

A prefeitura limpava o terreno frenquentemente, no entanto, conforme denúncias das pessoas, essa atividades não é feita há mais de duas semanas. A combinação desses dois fatores tem como resultado a formação de montanhas de lixo e entulho na área.

Enquanto o problema não é resolvido, as pessoas que moram próximo à área reclamam da situação. A assistente social Sinaura Martins mora no local há 20 anos e, ao longo desse período, nada foi feito para evitar que o terreno baldio se transforme em um lixão à céu abeto. “É horrível essa situação. Já denunciei várias vezes esse problema e até agora nada foi feito”, destacou a moradora, que ainda reclamou do mau cheiro que exala do local, causando ainda mais incômodos.

A professora Jucileide Castro chamou atenção para a necessidade da utilização do espaço em benefício da população. “Podia ser construída uma escola, uma creche, uma praça, qualquer coisa. O que não pode é ficar dessa forma”, disse.

O Aterro da Ribeira foi desativado em julho deste ano e, desde então, os resíduos sólidos produzidos na capital maranhense estão sendo levados para um aterro sanitário do município de Rosário, onde recebe o tratamento necessário. Mas no terreno baldio do Conjunto Manuel Beckman, lixo e entulhos continuam sendo depositados diariamente, atraindo animais e também pessoas que vão ao local em busca de alguma coisa que possa ser aproveitada, da mesma forma como acontecia no antigo aterro do Distrito Industrial.

A Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Semosp) informou que a coleta no Conjunto Manuel Beckman é realizada regulamente às segundas, quartas e sextas-feiras no período noturno. A Secretaria informou ainda que vai encaminhar um fiscal até o local para verificar a situação e tomar as devidas providências.

Mais - Há alguns meses, famílias de moradores sem teto iniciaram a construção de casebres no local, pois eles alegavam não terem outro local para ir. No entanto, eles foram expulsos da região durante uma operação realizada em conjunto entre a Blitz Urbana e a Polícia Militar (PM).

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