Brasília

O Nordeste por Péricles ROCHA

Artista plástico está em cartaz com a mostra “Do popular ao erudito”, em Brasília

Atualizada em 11/10/2022 às 12h53
(Quadro de Péricles Rocha)

O artista plástico Péricles Rocha celebra em 2015 40 anos de uma bem sucedida carreira. O maranhense, que já expôs em Amsterdan e Bruxelas, além de várias cidades do Brasil, prepara-se para comemorar 70 anos de vida ano que vem, quando lançará um livro sobre sua vida e obra, a ser organizado pelo amigo e colecionador de arte Eliézer Moreira. Antes disso, porém, exibe suas cores e traços inconfundíveis na mostra “Do popular ao erudito”, em cartaz até o fim deste mês no foyer da Câmara Legislativa, em Brasília (DF).

Tendo exposto pela última vez em São Luís em 2012, por ocasião dos 400 anos de fundação da cidade, Péricles Rocha, que não esconde de ninguém sua forte relação com o Maranhão, conta que recebeu o convite para montar esta exposição há dois anos. Desde então, se dedicou a pintar, em seus ateliês em São Luís, Alcântara e Benedito Leite, este último sua terra natal, as 26 telas que compõem a mostra na Capital Federal.

Com uma vernissage concorrida, o pintor diz que a mostra é ainda um presente para Brasília, cidade que o acolheu durante alguns anos de sua vida e que recebeu cinco individuais que lhe renderam prêmios como o da Bienal de São Paulo de 1976, quando o artista representou Brasília.

Amante da cultura popular, uma de suas fontes de inspiração, Péricles Rocha traz desta vez as cores e ritmos nordestinos retratados por meio de telas que revelam sutilezas expressas por meio de seus inconfundíveis ocres, beges e marrons, pigmentos retirados da terra, já que o artista é quem confecciona suas próprias tintas.

Com uma paleta cromática sem igual, o artista começa o processo de confecção de seus trabalhos bem antes das primeiras pinceladas. Usando cascas de árvores como cajueiro, mucunã (cipó de tinta vermelha) e pigmentos naturais e óxido de ferro, ele manipula a matéria prima criando tonalidades que imprimem às telas cores próprias.
Tons telúricos se mesclam a vermelhos intensos, amarelos ocres, azuis vibrantes e marrons dourados em composições de coloridos ricos e harmônicos.“Aprendi com os pescadores, barqueiros, gente do povo a observar suas cores,seu modo de pintar as velas dos barcos, por exemplo. Isso me estimulou a pintar usando o óxido de ferro, cascas de mangue e de outras fontes que trago tanto de Benedito Leite quanto de Alcântara e também de São Luís”, destaca o artista.

Cultura popular

O contato com a cultura do Nordeste possibilitou a Péricles Rocha ilustrar, ainda na década de 1980, o livro “Zé Limeira, o poeta do absurdo”, de Orlando Tejo. Foi inspirado no poeta que ele pintou uma das telas que integram a mostra. “Foi um trabalho que me deu grande prazer em fazer, gosto desta coisa do cordel, da arte nordestina e quis reviver isso na tela”, relata.
Aliás, a cultura popular é fonte inesgotável de inspiração para Péricles Rocha. Ele, que bebe das práticas e vivências locais, constrói um grande caleidoscópio no qual se mesclam formas e cores, em composições poéticas. “Os poetas fazem poesia com a palavra, eu faço com as tintas e pincéis”, filosofa.

Nas obras de Péricles é possível vislumbrar um jogo bem feito de luz e sombras que dão a ideia de movimento. É assim na tela “Assunção”, na qual representa uma mulher em uma rede, mas que, a a qualquer momento flutuará sobre a tela.
Péricles Rocha iniciou na pintar ainda criança, aos oito anos. Foi na infância que ele começou a desenhar suas primeiras figuras, moldando esculturas e construindo brinquedos.l

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