Combate ao terror

Obama anuncia permanência de tropas dos EUA do Afeganistão

Estados Unidos vão manter os atuais 9.800 homens em 2016.; tropas serão reduzidas para 5.500 em 2017; manutenção das tropas parece indicar que Washington não confia nas forças afegãs para conter a insurgência do Taleban no país

Atualizada em 11/10/2022 às 12h54
Presidente dos EUA, Barack Obama, fala sobre permanência de tropas
Presidente dos EUA, Barack Obama, fala sobre permanência de tropas (Obama fala sobre a permanência de tropas no Afeganistão)

Washington - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou ontem a suspensão do processo de retirada das tropas de seu país no Afeganistão, até então programada para ser concluída até o final de seu mandato. A decisão prolonga a estadia dos americanos em uma guerra que se arrasta por 14 anos.

Essa é a coisa certa a se fazer. Como comandante-em-chefe, não permitirei que o Afeganistão seja usado como local seguro para terroristas atacarem nossa nação novamente" Barack Obama, presidente dos Estados Unidos
Conforme informado previamente pela imprensa americana, Obama afirmou em pronunciamento na Casa Branca que os 9.800 militares atualmente em solo afegão deverão ser mantidos ao menos "durante a maior parte de" de 2016. Entre o fim de 2016 e o início de 2017, o efetivo deve ser reduzido para 5.500 e ficará localizado em Cabul, Bagram, Jalalabad e Kandahar.

As tropas continuarão suas operações de combate ao terrorismo e de treinamento do Exército afegão.

"Essa é a coisa certa a se fazer. Como comandante-em-chefe, não permitirei que o Afeganistão seja usado como local seguro para terroristas atacarem nossa nação novamente."

Obama disse que a decisão deve mostrar ao Taleban que o único caminho para se obter a retirada total das tropas dos EUA é chegar a um acordo com o governo do Afeganistão.

O jornal "the New York Times" havia dito na quarta-feira, 14, que Obama estava reconsiderando a retirada dos militares americanos do Afeganistão.

No ano passado, Obama havia anunciado a previsão de encerrar a operação militar no Afeganistão até o fim de 2016, deixando um contingente mínimo, de cerca de mil militares, para cuidar da segurança de seus diplomatas em Cabul. Na ocasião, o presidente disse que era hora de os americanos "virarem a página".

A manutenção das tropas parece indicar que Washington não confia nas tropas afegãs para conter a insurgência do Taleban no país. O grupo radical islâmico esteve no poder no Afeganistão entre 1996 e 2001, tendo sido expulso após a invasão americana.

Desde então, a milícia tenta recuperar sua influência. Após a Otan (aliança militar do Ocidente) retirar suas tropas de combate do Afeganistão, no fim de 2014, os radicais têm intensificado seus ataques e sua ofensiva contra o governo.

A decisão de manter as tropas no Afeganistão foi oficializada depois de o Taleban ter tomado de surpresa o controle de Kunduz, cidade estratégica no norte do país. Após semanas de combate com o Exército afegão, os radicais anunciaram na terça-feira, 13, que haviam deixado a cidade, mas que poderiam retomá-la quando quisessem.

Durante os combates em Kunduz, um ataque aéreo coordenado pelos EUAatingiu um hospital da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras, matando 22 pessoas e deixando dezenas de milhares de pessoas sem atendimento médico.

Desde o início da incursão americana no país, em 2001, os EUA já gastaram US$ 65 bilhões (R$ 250 bilhões) –nos últimos cinco anos, a maior parte dos recursos foi utilizada na consolidação do Exército e da polícia locais. A guerra no Afeganistão é a mais longa já lutada pelos EUA em toda a sua história.

"A narrativa de que nós estamos deixando o Afeganistão é contraproducente", disse na quarta-feira o secretário de Defesa americano, Ash Carter, durante um discurso na Associação do Exército dos EUA. "Nós não estamos, não podemos e fazê-lo seria não aproveitar o sucesso que tivemos até aqui."

Implicações políticas

O fim das guerras no Afeganistão e no Iraque, iniciadas sob a administração de George W. Bush após os atentados de 11 de setembro de 2001, era uma importante promessa de Obama em suas campanhas eleitorais.

Obama encerrou a missão americana no Iraque em 2011, mas a ascensão da facção radical Estado Islâmico em partes do país fez com que fossem enviados militares americanos para treinar o Exército iraquiano.

O anúncio da manutenção das tropas americanas no Afeganistão deve impactar a campanha para as eleições presidenciais de 2016. Será a quarta disputa consecutiva pela Casa Branca em que o envolvimento dos EUA em guerras no Oriente Médio e na Ásia é um tema abordado pelos candidatos.

Essa é a coisa certa a se fazer. Como comandante-em-chefe, não permitirei que o Afeganistão seja usado como local seguro para terroristas atacarem nossa nação novamente" Barack Obama, presidente dos Estados Unidos

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