Publicação

O terecô e suas origens

Livro “Terecô de Codó: uma religião a ser descoberta”, de autoria de Cícero Centriny, reúne textos sbre diversos assuntos ligados ao culto religioso, com enfoque na cidade de Codó; obra será lançada hoje, às 16h30, na Universidade Federal do Maranhão

Atualizada em 11/10/2022 às 12h54
Livro resgata as tradições religiosas do terecô
Livro resgata as tradições religiosas do terecô (Livro terecô)

Depois de nove anos de pesquisa, Cícero Centriny está apresentando o livro “Terecô de Codó: uma religião a ser descoberta”, no qual apresenta pontos de vista de autoridades religiosas, entrevistas e depoimentos, além de material fruto de extenso convívio com os “terecozeiros” e suas práticas religiosas. A obra reúne pequenos textos sobre diversos assuntos ligados ao terecô, como se estivesse repensando alguns temas ou enfatizando algumas ideias. A obra será lançada hoje, às 16h30, durante evento comemorativo aos 30 anos do Núcleo de Pesquisas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), que acontece no Auditório Paulo Freire.

O município de Codó, conforme o autor, era um reduto de escravos fugitivos das fazendas de arroz e algodão instaladas naquela região. Em 2006, segundo pesquisas do IBGE, o município contava com uma população estimada em 135.856 habitantes. Nos dados da prefeitura municipal, existiam na cidade aproximadamente 400 terreiros onde se praticava o Terecô.

“O Maranhão é um estado que trouxe negros escravizados da África de várias etnias e, entre elas, os minas jejes-nagôs e os Fanti-Ashantis, que se concentraram mais na ilha de São Luís. Os escravos que foram para a região de Codó eram de etnias diferentes, como os Cabindas, Bantus, Cacheus, Fons. E entre as religiões afrobrasileiras nascidas na escravidão, surgiu o terecô, que preservava o culto ao grande vodum Legba, trazido pelo povo ewe-fon do Togo e do Benin, e invocado em Codó, como Légua-Boji Buá e com suas variantes locais, que não passam de invocações que denunciam a sua mítica origem na cidade daomeana de Covetó, respeitada como maior centro da encantaria na África Ocidental, da mesma maneira como a cidade de Codó é considerada no Maranhão”, revela o autor.

Pinceladas

A obra de Cícero Centriny procura deixar um registro em pinceladas da história do negro codoense, tendo como pano de fundo a sua religião de matriz africana e uma trajetória de resistência para a sua preservação. “Apesar das atrocidades e dos preconceitos, continua viva a tradição do Terecô de Codó, que, mesmo com o peso de sua importância, nunca teve uma pesquisa mais fundamentada e nem estudos mais elaborados do ponto de vista de uma autoridade religiosa, para que as novas gerações tenham uma fonte de informação deixada por quem faz parte dessa verdadeira história. Enfim, para que o negro codoense conheça sua própria história através de uma de suas religiões”, diz Cícero.

Segundo o antropólogo Sérgio Ferretti, o trabalho de Cícero Centriny sobre o Terecô de Codó é um depoimento exaustivo de pessoa que tem longa vivência sobre o tema e uma contribuição importante para preservar a memória da cultura popular no Brasil. Cícero foi iniciado no Tambor de mina e desde criança frequenta o Terecô de sua cidade, do qual é praticante, conhecendo-o a fundo.

Cícero, filho da yalorixá Maria do Caboclo Sete Flexas, falecida há poucos anos, nasceu em Codó, em 1960. Foi iniciado aos 12 anos no Terecô, tornou-se coordenador dos tocadores de tambor no terreiro do afamado Mestre Bita do Barão, onde sua mãe era pessoa importante na hierarquia da casa, e abriu com ela um terreiro de Terecô em Araçajy, na ilha de São Luís - o Kamafêu de Oxóssi. Em meados da década de 90 do século XX, como declara, maravilhado com relatos de pessoas de Codó muito ligados ao terecô, começou a fazer anotações que depois deram origem a textos reunidos mais tarde no livro que esta sendo publicado. l

Serviço

O quê

Lançamento do livro “Terecô de Codó: uma religião a ser descoberta”

Quando

Hoje, às 16h30

Onde

Universidade Federal do Maranhão (Campus Bacanga)

Preço do livro: R$ 50,00, à venda na Livraria Mundo de Sofia (Monte Castelo) e durante o evento

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