Opinião

Aos professores maranhenses

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Atualizada em 11/10/2022 às 12h54

Considero como alicerce para a instrução um professorado consciente das responsabilidades do seu cargo. Professores há muitos. O problema do ensino no Maranhão, como no Brasil, vive em equação. E dentre os fatores imprescindíveis à sua solução estão os professores, em primeiro plano.

O professor Luís Rego, quando da entrega de diplomas às neoprofessoras de 1932, disse-lhes: “Não desconheceis a necessidade de que temos de professores. São fatos e não palavras que bradam. Façamos professores. Não como somos, mas como idealizamos ser. E não sejamos pedantes, fingindo ser o que não somos julgando-nos completos pelo diploma que temos, quando o labor diário, a prática e a boa leitura consideram-nos sempre no começo da perfeição. E esse julgar consciente é que impulsiona para frente. Procedamos assim”.

Precisamos na verdade de professores. Não de professores empregados públicos, mas de indivíduos identificados com a profissão, que a exerçam com dedicação e honestidade. A percentagem de analfabetos no Brasil ainda é dolorosa. Infelizmente mais dolorosa considero a proporção dos que passando pelos bancos escolares de lá tragam diplomas, atestado de conhecimentos de disciplinas que não representam valor próprio, mas oferenda de exames.

Se não é caso geral, entretanto existem professores desonestos, indivíduos que pela negação ao magistério que deprimem e aviltam deviam ser afastados como medida de defesa à formação moral e intelectual da geração futura. Logo, a moralização do ensino depende do professorado. Não precisa o Maranhão, o Brasil, de professores sábios, mas que saibam ensinar.

“O educador do futuro é, pois, aquele que tende a ser, com a máxima simplicidade, um homem completo, isto é, aquele que, mostrando-se tal como a natureza o fez, procura elevar-se no sentido dum ideal moral de equilíbrio, de razão, de bondade e de amor”. (Do livro Transformaremos a Escola, de Ferrière).

São qualidades do bom mestre, declara o professor Jonatas Serrano, no seu livro “A Escola Nova”: “possui o fogo sagrado, o entusiasmo comunicativo e irresistível logo sentido pelos alunos, que ao cabo de alguns minutos descobrem o que é repetição mecânica ou, pelo contrário, linguagem do coração”. Professor que possua o segredo de “graduar o ensino à capacidade dos discentes; de dar vida e interesse às narrativas; de comunicar um pouco do próprio coração e não só da inteligência; de ter entusiasmo, alegria e fé”.

Ainda mais, professores em que o bom caráter seja particular.

Se há governos displicentes que concorrem para tal, aos professores cabe se opor à onda da imoralidade a responsabilidade da função. Que fiquem com o cargo, mas que deixem a honorabilidade profissional intacta.

O ideal seria encontrar-se governo bem intencionado, das vantagens de uma geração instruída com seriedade, e ajudado por um corpo de professores dedicados e honestos e entusiasmados por sua profissão.

Quanto ao professorado, manda a franqueza: há pontos fracos. São exceções, é alegada a insuficiência de honorários. Não se deduza daí, porém, que essa razão permita proceder a desonestos.

Não é impossível levar a instrução do nosso estado ao limite desejado. Que os dirigentes saibam fazê-lo. É verdade que o trabalho é grande e lento, mas o resultado é colhido, como agora está sendo observado. E o maior estímulo para esse entusiasmo é possuir a escola um corpo discente desejoso de aprender.

* José Raimundo Santos
*engenheiro agrônomo, primeiro-tenente da Reserva Remunerada da Polícia Militar do Maranhão e membro da Academia Vianense de Letras.

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