A gente conta...

Salvar vidas como missão

Capitão Diego Renier já havia salvado vidas, mas por telefone e em tão pouco tempo foi a primeira vez

Márcio Henrique Sales / Da equipe de O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h54

“Salvando Vidas, Protegen­do o Patrimônio e o Meio Ambiente”. O lema do Corpo de Bombeiros do Estado do Maranhão (CBMMA) nun­ca se fez tão presente na vida do capitão Diego Renier, 27 anos, como no mês passado. Em menos de duas semanas, ele salvou por telefone as vidas de dois bebês e de um idoso. Ocorridos em setembro, os três casos atendidos pelo oficial eram de obstrução das vias aéreas por corpo estranho (Ovace).

Não foi a primeira vez que seu trabalho foi decisivo para a sobrevivência de alguém. Há oito anos no CBMMA, o capitão Renier já participou de operações de salvamento, mas foi surpreendido pelo ineditismo de salvar alguém por telefone. “Fui guarda-vidas por seis anos e salvei muita gente de ser afogado, mas em todos estes anos de carreira nun­ca tinha acontecido de salvar três pessoas em um prazo de tempo tão curto e por telefone”, comentou.

Atualmente lotado no gerenciamento da Central de Operações do Corpo de Bombeiros do Centro Integrado de Polícia e Segurança (Ciops), ele disse que em alguns casos não dá para esperar o socorro chegar e o melhor a fazer é orientar alguém a fazer os primeiros procedimentos para salvar a vítima. “Quando a pessoa liga para o 193, imediatamente mandamos uma ambulância para o local, mas em alguns casos o socorro precisa ser imediato. No caso das três vítimas, elas estavam sufocando por estarem com a traqueia obstruída e com a realização de procedimentos puderam ser salvas”, contou.

Recém-nascido
O primeiro salvamento do capitão Renier foi um bebê de nove dias. No dia 23 de setembro, a criança engasgou e estava cianótica (ficando roxa pela falta de ar). O procedimento durou cerca de três minutos e foi realizado pelo vizinho da mãe do bebê, que ligou para o Ciops. Jéssica Miranda de Almeida, 24 anos, contou que amamentou a filha, a colocou para dormir e, ao perceber que ela estava ficando sem ar, pediu ajuda.

“Eu disse para ele manter a calma e passar calma para a mãe. Como se tratava de um ser muito frágil, as compressões e batidas não podiam ser muito fortes. Nós fomos passando as orientações, até que a criança ‘gorfou’ e depois começou a chorar. Aí, foi uma alegria muito grande para todos nós aqui. Estou feliz e muito motivado. Essas são informações importantes, que devem ser passadas como utilidade pública, mas o mais importante foi ter salvado essa vida”, disse o capitão.

Asfixia
Sete dias depois, no dia 30 de setembro, Renier atendeu outro chamado. A filha de um idoso de 72 anos ligou para o 193 pedindo aju­da. O pai, que teria Alzheimer, estava sofrendo de asfixia causada por um engasgamento. Ele orientou a vítima quanto aos procedimentos a serem adotados para ajudar a vítima. Após alguns minutos, o idoso conseguiu desengasgar com a ajuda da filha. “O idoso teria se engasgado com um pedaço de carne e mais uma vez tive de ensinar os procedimento para salvar a vítima. E para a nossa felicidade, quando a ambulância chegou ao local, ele já estava bem”, relata.

Na noite do mesmo dia, o capitão atendeu uma mãe que estava amamentando o filho com um mês de vida, quando ele se engasgou quando ainda estava no peito. Desesperada, ela pediu por socorro no 193 e mais uma vez o oficial teve que ensinar por telefone a Manobra de Heimlich. Neste procedimento, uma pessoa usa as mãos para fazer pressão sobre o final do músculo diafragma. Isso comprime os pulmões e faz pressão sobre qualquer objeto estranho na traqueia.

Para o capitão Renier, que é brasilense e foi policial militar por um ano e meio antes de entrar para o CBMMA, tudo tem uma razão para acontecer. “Sou professor de ioga e acredito que nada acontece por acaso. Acredito que Deus me usou para salvar estas pessoas. Toda vez que salvo uma vida, me encho de luz e me dá mais estímulo para salvar mais vidas. O curioso é que minha irmã passou pela mesma situação quando eu era criança e ela foi salva pela empregada da nossa casa. Aquela situação me marcou e acho que por isso escolhi ser bombeiro”, finalizou. l

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.