Poesia crítica

Poesia crítica de Regis Bonvincino é destaque em programação da 9ª FeliS

Palestra será nesta sexta-feira, às 20h, no Teatro João do Vale; escritor também autografará “Estado Crítico”, seu mais recente lançamento

Fernando Abreu / Especial para o Alternativo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h54
Regis Bonvincino fará palestra e autografará livro na Feira do Livro de São Luís
Regis Bonvincino fará palestra e autografará livro na Feira do Livro de São Luís (regis)

Presente na cena poética brasileira pelo menos desde a década de 1970, Regis Bonvincino é um dos mais importantes poetas-críticos do país, atividade que mantém principalmente por meio da revista “Sibila”, publicação de expressão internacional considerada um dos mais importantes fóruns de discussão sobre poesia existentes no Brasil. Artista polêmico, é autor de uma obra que inclui tradução e crítica, além de 10 livros de poemas, trajetória iniciada com “Bicho Papel” (1975). O poeta é conhecido também por sua ligação com o poeta Paulo Leminski, que resultou no livro “Uma carta uma brasa através", que reúne a correspondência dos dois. Convidado da Feira do Livro, Regis Bonvicino faz palestra nesta sexta-feira, às 20h, no Espaço Mario Meirelles (Teatro João do Vale) onde também autografa “Estado Crítico” (Hedra Ed.) seu mais recente lançamento.

De modo geral, qual a percepção acerca da poesia brasileira hoje no exterior?

Não há poesia brasileira em inglês, chinês, espanhol; de um modo geral, ela não existe e inclui-se nesse não existir até Portugal. Não há um poeta brasileiro que tenha influenciado qualquer poeta no exterior.

Historicamente, a partir de quando se pode falar da presença dessa poesia além das fronteiras do país?

Nunca houve de verdade uma poesia além-fronteira, o modernismo foi nacionalista. Só pontualmente e a partir da poesia concreta e visual, pontualmente.

Quais nomes ainda são as principais referências da poesia brasileira fora do país?

Nenhum. Ou melhor, Paulo Coelho.

Escrever em português ajuda ou atrapalha em termos de visibilidade internacional?

O português é uma sepultura. Não há um prosador (daqueles considerados sérios) que consiga vender 10.000 exemplares, como Machado de Assis vendia no final do Império e começo da República.

Você é favorável aos esforços de padronização da língua portuguesa? Como vê essa questão do ponto de vista da produção poética?

Sou contrário a padronizações. Poesia talvez seja a arte de evitar o deduzível – aliás, hoje, com Facebook e Twitter, os likes etc, a padronização está aí; os poetas brasileiros pertencem ao protetorado norte-americano, via Facebook e Twitter. Aliás, o nível caiu demais. Não se pode mais falar talvez de Poesia, como em Drummond, Cabral, Murilo Mendes etc.

O movimento concretista foi uma tentativa importante de projetar a poesia no cenário internacional, seguido pelo Tropicalismo. Em sua avaliação os dois movimentos deixaram uma contribuição nesse sentido?

O tropicalismo repete ironicamente a fórmula de Juscelino: cinco anos de confronto e 50 anos de adesão. Essa história de mpb, tropicalismo, precisa ser reescrita de um ponto de vista independente. Não há como comparar um movimento literário a um de mpb. Mas o concretismo dos anos 1950 e 1960 é muito mais relevante do que o Tropicalismo, que se tornou a indistinção de tudo, a própria geleia geral. Entretanto não há como se comparar manifestações distintas - cada uma tem seu valor próprio. O tropicalismo teve seu valor também.

Você foi companheiro de jornada de Paulo Leminski durante parte dos anos 1970, relacionamento sobretudo epistolar que resultou no livro "Uma carta uma brasa através". Como vê a repercussão desse livro? Qual o legado da poesia de Leminski?

Não foi só epistolar, fomos muito amigos. O livro das cartas foi, digamos, inventado por mim, porque ele morreu sem saber que seriam publicadas; o livro foi pensado para que ele pudesse contar um pouco sua própria história. O legado de Leminski: o Catatau, prosa não realista. A poesia em si dele é um legado meio negativo: é o fácil, a autoajuda etc.

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