Caso Constran

Em processo considerado político, Justiça decreta prisão de João Abreu

Ex-titular da Casa Civil é acusado pelo governo Flávio Dino de receber propina para pagar precatório à UTC-Constran

Gilberto Léda

Atualizada em 11/10/2022 às 12h54
(João Abreu)

O juiz Osmar Gomes, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, decretou ontem a prisão do empresário João Guilherme de Abreu, ex-secretário-chefe da Casa Civil do Governo do Estado. O pedido foi formulado pela Polícia Civil do Maranhão, após indiciamento por corrupção.

A prisão decorre de investigação iniciada após a criação, pelo governador Flávio Dino (PCdoB), da Secretaria de Estado da Transparência e Controle (STC), órgão por meio do qual o Executivo empenha-se em criminalizar ações da gestão anterior.

Segundo auditoria da pasta, que embasou o indiciamento pela Polícia Civil, o ex-auxiliar governamental teria recebido R$ 3 milhões para viabilizar o pagamento de um precatório de R$ 134 milhões à UTC Constran. O governo Flávio Dino diz que a empresa “furou a fila”. A gestão passada nega.

Junto com Abreu, foram indiciados, também, o doleiro Alberto Youssef, Rafael Angulo, Adarico Negromonte e Marco Antonio Ziegert, todos apontados como intermediadores do suposto negócio entre a Constran e o Governo do Maranhão.

Busca – Homens da Polícia Civil tentaram cumprir o mandado de busca e apreensão no apartamento de João Abreu, mas ele não foi encontrado.

No local, foi cumprido um mandado de busca e apreensão. Os policiais ainda vasculharam todo o prédio e chegaram a constranger moradores.

O magistrado que autorizou a prisão deferiu, ainda, pedido de bloqueio de R$ 3 milhões em bens do ex-secretário.

O indiciamento é injusto e motivado por decisão política”João Abreu, ex-secretário-chefe da Casa Civil
A jornalistas que acompanharam a ação policial, o advogado Carlos Seabra de Carvalho declarou apenas que o empresário nega as acusações.Ele informou não saber o paradeiro do cliente, mas revelou que ele estava em uma viagem a São Paulo no início da semana.

Para Ricardo Murad, prisão de empresário é abusiva

O ex-chefe da Casa Civil João Abreu já havia anunciado no final de agosto, por meio de publicação em O Estado, que seu indiciamento era um mero ato político. "Os delegados não conseguiram resistir às pressões disparadas do Palácio dos Leões", havia dito João Abreu. Hoje, o próprio secretário de Segurança e o delegado geral de Polícia Civil entregaram o pedido de prisão.

Em entrevista a O Estado, o ex-secretário de Saúde Ricardo Murad considerou a iniciativa da Polícia Civil do Maranhão um ato de perseguição política ordenado pessoalmente pelo governador Flávio Dino.

"Essa decretação tem como base um inquérito produzido nos porões da Secretaria de Segurança, orientado pessoalmente pelo governador Flávio Dino. Essa prisão é fruto de desejo doentio que ele tem de perseguir seus adversários políticos. Para ele, todos os que exerceram cargos no governo passado são seus inimigos e para isso aparelhou a administração estadual com esse objetivo de perseguir, criando a Secretaria da Transparência, espécie de Gestapo moderna. A prisão de João Abreu é despropositada e abusiva, típica de um estado policial de exceção como esse em que vivemos. O ex-secretário sempre esteve à disposição em todos os momentos da investigação. É um empresário conhecido, tem residência fixa e tem reiteradas vezes afirmado que está pronto a colaborar", disse Ricardo.

MAIS

Em despacho emitido em janeiro deste ano, o juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal do Paraná, chegou a afirmar que faltavam provas para incriminar João Abreu e os demais acusados de receber propina para viabilizar o pagamento do precatório à Constran. “Evidentemente, falta melhor apuração dos fatos, sendo necessário provas que corroborem a palavra do criminoso colaborador”, ressaltou, ao autorizar o compartilhamento de informações da Lava Jato com o Governo do Maranhão.

João Abreu se diz vítima de perseguição política

Em nota emitida logo após o seu indiciamento pela Polícia Civil, o ex-secretário da Casa Civil do governo Roseana, João Abreu, atribuiu a decisão do governo do Flávio Dino (PCdoB) a perseguição política.

O empresário disse que o indiciamento não tem “fundamento sólido” e que os delegados que trabalharam nas investigações foram pressionados pelo governo.

“Embora sem fundamento sólido, o meu indiciamento já era por mim esperado, e por todos os que me acompanham neste momento tormentoso, porque somos conscientes de que os ilustres delegados encarregados do inquérito não conseguiriam resistir às pressões disparadas do Palácio dos Leões”, declarou.

Ainda no comunicado, Abreu afirmou que o indiciamento foi “motivado por decisão política”.

“Não há nos autos do inquérito elementos mínimos indicadores da existência do alegado crime. Tudo se resume na afirmação feita pelo doleiro Alberto Yusself, um dos principais envolvidos na famosa Operação Lava Jato, que alega ter me mandado entregar vultosa quantia para ‘distribuir a integrantes do governo do Maranhão em troca do pagamento do precatório’. Mas não há comprovação alguma da materialidade desse delito”, completou.

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