Mais Golden Park

Acidente com outro brinquedo em 2013 deixou rapaz debilitado

Jhonata Aguiar Costa caiu de um brinquedo do Golden Park durante uma festa; três empresas foram responsabilizadas e obrigadas pela Justiça a custear o tratamento do rapaz; hoje, ele ainda sofre com várias sequelas da queda

Leandro Santos/O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h54

[e-s001]O acidente que culminou com a morte de Luzivânia Brito não foi o primeiro com brinquedos do Golden Park, em São Luís. Em 15 de setembro de 2013, o jovem Jhonata Aguiar Costa, de 24 anos, caiu do “Tappeto Volante”, um brinquedo que faz movimentos em 360º, durante uma festa realizada ao lado de um shopping na capital.

Hoje ele vive com a saúde muito comprometida. Três empresas foram responsabilizadas pelo acidente e obrigadas pela Justiça a custear o tratamento do jovem até que ele apresente melhora em seu quadro clínico.

Logo após o acidente, o jovem foi levado para o Hospital Municipal Djalma Marques (Socorrão I), no centro da cidade, e depois para a UTI do Hospital São Domingos, onde permaneceu aproximadamente cinco meses em coma. Após ter recobrado a consciência, o jovem foi liberado para continuar o tratamento em casa.

[e-s001]Tratamento
Em novembro de 2013, o advogado do jovem, Athos Alvim, entrou com um processo na 13ª Vara Cível para que as empresas Golden Park LTDA, Jean Carlo Batista EPP e American Park LTDA fossem responsabilizadas pelo acidente e custeassem o tratamento de Jhonata Costa. Ainda naquele mês, foi deferida uma liminar em favor do requerente, e em abril deste ano a sentença confirmou a decisão.

Por causa do acidente, Jhonata Costa tem dificuldades para falar e mobilidade reduzida e perdeu 60% da visão. Além disso, ele precisa de ajuda para se levantar e manter-se em pé e precisa de um andador para locomover-se, mesmo assim anda com ajuda das pessoas. A alimentação dele é normal.

Atualmente, ele está sendo acompanhado por uma equipe multiprofissional, formada por fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicó­logos. Ele mora no bairro do Cohama com a sua mãe e dois irmãos menores de idade.

Antes do acidente, Jhonata Costa trabalhava como motorista, e a sua fonte de renda ajudava nas despesas da família. Na época do acidente, sua mãe teve de sair do trabalho para ajudar no tratamento do filho. O jovem foi aposentado por invalidez e recebe um benefício mensal de aproximadamente R$ 1 mil.

Procon fiscaliza parques e investigação prossegue
A Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-MA), por meio da Polícia Civil, pediu judicialmente a apreensão dos equipamentos e brinquedos, especialmente o “Polvo”. A estrutura é peça-chave das investigações do acidente ocorrido no dia 14.

“Pedimos a apreensão, visto que poderá ser realizada perícia complementar e a estrutura está sendo desmontada. Da mesma forma, determinamos que o responsável pelo local permaneça na cidade”, explica a titular do 1º Distrito, Irla Maria Silva Lima, que investiga o caso. A delegada intimou, ainda, o gerente do parque, identificado como Antônio César Santana Santos, que será interrogado hoje. Ele deve explicar sobre o funcionamento dos equipamentos, condições das estruturas e dos brinquedos.

Ontem, parques de diversão em São Luís e no interior do estado foram fiscalizados em operação realizada pelo Instituto de Defesa e Proteção do Consumidor (Procon). Durante as ações, 10 parques em atividade que estavam em operação em shoppings e em locais públicos na capital maranhense e também na cidade de Imperatriz, foram vistoriados.

Os parques vistoriados foram notificados e devem apresentar, no prazo de 10 dias, a documentação referente ao funcionamento do estabelecimento, como alvará, Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), laudo técnico e o documento de vistoria do Corpo de Bombeiro Militar do Maranhão (CBMMA).

Por meio dos documentos, o Procon-MA avaliará se existe alguma irregularidade. “Independentemente de estar em um shopping, o parque precisa ter a autorização do Corpo de Bombeiros, do Crea, de órgãos que possam legitimar a atividade, e o Procon realiza a fiscalização para garantir a proteção integral da vida, saúde e segurança do consumidor”, destacou o presidente do órgão, Duarte Júnior.

Ele explicou que não é o Procon-MA quem autoriza o exercício da atividade dos parques. “A ação do Procon-MA é cautelar, preventiva, para verificar se as autorizações emitidas estão de acordo com a atividade exercida, em prol da segurança do cidadão. Aplicaremos imediatamen­te a sanção de interdição, caso sejam constatadas irregularidades, protegendo o bem de maior valor do cidadão: a vida”, disse.

Também foram indicados os cuidados que os usuários devem ter, entre os quais observar placas indicativas nos brinquedos, informando altura mínima, capacidade, se há contraindicação em caso de alguma doença ou para portadores de marca­passo; verificar a existência de fiação solta, que possa oferecer risco de choque, e solicitar ao responsável pelo estabelecimento a documentação que comprove a autorização de funcionamento.

Na capital, foram vistoriados os parques dos shoppings São Luís, Jaracati, Rio Anil, Pátio Norte e Shopping da Ilha. O Parque Bola de Ou­ro, instalado no bairro Cidade Ope­rária, também foi alvo da fiscalização do Procon.l

INTERDIÇÃO
Procon acompanha caso

A retirada do parque está sob a mira do Procon-MA, que o interditou após o acidente. Em entrevista a O Estado, o diretor do órgão, Duarte Júnior, afirmou que a interdição aplicada em São Luís vale para todo o território do Maranhão. Por isso, o parque de diversões não poderá funcionar em nenhum outro município durante apuração das responsabilidades pelo acidente e morte de Luzivânia Brito. “Isso não impede que eles saiam do estado, pois só temos autonomia na nossa circunscrição. Mas diante disso fiz uma conferência com outras unidades do Procon do país para informar o que aconteceu aqui na capital e que medidas adotamos, pois outros acidentes já foram relatados e continuam acontecendo, como ocorreu em São Luís. Isso demonstra uma falta de compromisso com o público”, afirmou Duarte
Júnior.

ENTENDA O CASO
ACIDENTE QUE MATOU LUZIVÂNIA

Acidente
Dia 14 deste mês, Luzivânia Brito se divertia com a filha de oito anos de idade em um brinquedo chamado “Polvo”, quando as duas foram arremessadas ao chão. As vítimas foram socorridas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Luzivânia Brito, 39 anos, estava com dores, principalmente na região da cabeça. A menina de oito anos sofreu apenas ferimentos leves

Início do inquérito policial
No dia 15, o marido de Luzivânia, Celso Oliveira, registrou boletim de ocorrência no 1º DP, em frente ao Parque do Bom Menino. A partir daí, começam as investigações.

Interdição
Nesse mesmo dia, o parque foi interditado. A interdição aconteceu durante uma vistoria realizada pelo Instituto de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), o Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão (CBMMA) e do Instituto de Metrologia e Qualidade Industrial do Maranhão (Inmeq). No fim da atividade, o Procon notificou a direção do parque e a entregou uma decisão cautelar de suspensão das atividades para que as medidas de segurança fossem adotadas.

Perícia
No dia 16, peritos do Instituto de Criminalística do Maranhão fizeram perícia técnica no brinquedo “Polvo”.

Retirada
Segunda-feira, 21, o parque de diversões começou a ser desmontado.

Falecimento da vítima
Ontem, por volta das 6h30, Luzivânia Brito morreu após passar uma semana internada em UTI.

OUTRO ACIDENTE
Brinquedos do Golden Park

Além do acidente ocorrido em setembro de 2013, tendo como vítima Jonatha Costa, que ficou com graves sequelas, outro grave acidente e com morte ocorreu nesse parque, mas em
Fortaleza, no Ceará, no dia 13 de agosto do ano passado. A vítima foi Tiago Fernandes,
de 28 anos, que morreu após despencar de um brinquedo do parque de diversões.
Outras cinco pessoas também ficaram feridas neste acidente, que ocorreu no brinquedo conhecido como “Caos”, um tipo de roda-gigante que gira vertical e horizontalmente. Segundo
testemunhas, o braço hidráulico do brinquedo se rompeu e as cadeiras em que estava o rapaz se chocaram contra o chão. Tiago Fernandes foi retirado das ferragens por
bombeiros civis no parque. A morte foi confirmada após a chegada do Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O jovem perdeu muito sangue e não resistiu ao
traumatismo craniano encefálico causado pela queda do brinquedo.

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