Setembro Verde

Recusa familiar em doar órgãos de parentes diminui 20% no Maranhão

Está sendo realizada a Semana Nacional de Doação de Órgãos para conscientizar e melhorar os índices de doação no estado, dando uma segunda chance a pacientes que aguardam um transplante

Atualizada em 11/10/2022 às 12h54

A recusa de famílias em doar órgãos de parentes falecidos ainda é um grande entrave para muitos pacientes que esperam na fila de transplantes no Maranhão, segundo a Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos do Maranhão (CNCDO-MA). Desde 2013, foi registrada uma queda de 20% nessa recusa. Mas o cenário que começa a mudar ainda é muito superior à média nacional.

A sensibilização das famílias em autorizar a doação de órgãos é o tema central da campanha Setembro Verde deste ano, mês dedicado à atividades de conscientização da sociedade sobre o tema. Como parte da programação, está sendo realizada a Semana Nacional de Doação de Órgãos, que tem como tema “Eu Assumi e minha família já sabe! Sou Doador de Órgãos!”.

Para abrir a semana de atividades voltadas para o tema, médicos, profissionais da saúde e pacientes participaram de uma solenidade no campus da Universidade Federal do Maranhão contando suas experiências e expectativas.

Acho que as famílias começam a despertar para a importância da doação aos poucos. Há mais sensibilização, mas se precisa trabalhar arduamente para que isso se desmistifique e a informação se veicule de forma adequada e coerenteMédica Maria Inês Oliveira, coordenadora da CNCDO-MA

Doações

Segundo a coordenadora da CNCDO-MA, médica Maria Inês Oliveira, o cenário de doações no estado ainda está muito aquém do ideal. Em 2013, cerca de 88% das famílias não autorizavam a doação de órgãos de parentes já falecidos. Em 2014, esse número caiu para 69% e chegou a 68% em 2015. Ou seja, um avanço de 20 pontos percentuais em três anos.

Apesar de mais famílias aceitarem fazer a doação, a recusa das famílias ainda é considerada alta. Principalmente se comparado à média nacional que é de 46%. “Aqui no Maranhão, esse cenário vem melhorando muito lentamente, mas vem melhorando. Acho que as famílias começam a despertar para a importância da doação aos poucos. Há mais sensibilização, mas se precisa trabalhar arduamente para que isso se desmistifique e a informação se veicule de forma adequada e coerente”, disse.

A médica destaca que hoje, no Brasil, para ser doador não é necessário deixar nada por escrito, em nenhum documento, embora anteriormente já tenha existido a opção de colocar na carteira de identidade ou motorista. Basta comunicar a família do desejo da doação, pois a mesma só acontece após autorização familiar mesmo que o indivíduo tenha autorizado a doação em vida.

Experiências

Meire Lúcia Veras Pacheco foi uma das pacientes que conseguiu um transplante de rim. Ela compartilhou com os participantes da abertura da Semana Nacional de Doação de Órgãos a experiência de voltar a levar uma vida normal. “A gente entende que é difícil a pessoa se abrir para um gesto desses. Ele não perdeu uma coisa, um objeto. Ele perdeu uma pessoa. Não conheço a família do doador, mas agradeço muito a eles. Se não fosse por eles, eu não estaria aqui. Estaria na hemodiálise como eu fazia de segunda a sexta”, lembrou.

Já o publicitário William Azevedo, que continua na fila de espera por um transplante, comentou a sua rotina, que ele ainda tenta manter normal apesar do tratamento médico. “Eu faço hemodiálise três vezes por semana pela manhã. À tarde, às vezes, eu vou trabalhar. Às vezes, fico muito cansando e fico em casa. Mas no dia seguinte, volto à ativa, trabalho o dia todo. Mas a nossa esperança é muito grande de receber um rim. Apesar de não doer quando a gente faz hemodiálise, é cansativo. Tenho muita expectativa de receber um rim e ter uma vida normal novamente”, afirmou.

O Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão foi o pioneiro em transplantes no Maranhão e já realizou, desde março de 2000, um total de 486 transplantes renais, com doadores vivos e doadores falecidos. Além dele, o Hospital Santa Mônica, em Imperatriz, realizou cinco transplantes renais com doadores vivos.

No Maranhão, há ainda o transplante de córneas, com um número total de 1145 transplantes realizados em 15 anos. Apesar disso, os números estão muito aquém das necessidades da população maranhense, onde hoje há uma lista de espera de córneas com mais de 700 pacientes e de rim com cerca de 130 pacientes.

Programação

Desde o dia 1º, os profissionais da organização da Semana Nacional de Doação estão visitando diversas instituições com o objetivo maior de conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos e tecidos e como esse ato será fundamental para salvar vidas.

Além disso, ações de sensibilização também estão sendo realizadas em shoppings da capital. Até o dia 25, os profissionais estarão no Shopping da Ilha e no Rio Anil Shopping. No Shopping Tropical a ação será só no dia 25. Em todos os locais, as ações acontecem das 15h às 22h.

Além disso, acontece hoje a “Blitz Social” nos semáforos do Tropical Shopping e na frente à Universidade Federal do Maranhão no dia 30. Serão distribuídos folders da campanha. No dia 26, às 15h, é a vez da caminhada em prol da vida, com concentração na Praça do Pescador, na Avenida Litorânea.

Mais

A campanha Setembro Verde está sendo realizada no Maranhão pelo CNCDO-MA e Secretaria de Estado de Saúde (SES-MA) com o apoio do Hospital Universitário da UFMA (HU-UFMA), por meio do Banco de Olhos e da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT).

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