Saúde

Médica alerta para importância da vacinação contra o HPV

Campanha para que meninas de 9 a 11 anos recebam a segunda dose da vacina começou este mês; doença sexualmente transmissível é responsável por 70% dos casos de câncer do colo do útero

Juliene Hidelfonso / Da equipe de O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h54
Meninas de 9 a 11 anos devem receber a segunda dose da vacina contra HPV; sem ela, as garotas não estão imunizadas contra o papiloma vírus
Meninas de 9 a 11 anos devem receber a segunda dose da vacina contra HPV; sem ela, as garotas não estão imunizadas contra o papiloma vírus

No Maranhão, 132.459 meninas de 9 a 11 anos foram vacinadas contra o Papiloma Vírus Humano (HPV) na segunda etapa de vacinação promovida pelo Ministério da Saúde, conforme dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES), com base no Programa Nacional de Imunização. Em São Luís, 12.892 meninas foram imunizadas. No total, 63,47% do público-alvo no estado recebeu a vacina. Por isso, na última semana os órgãos de saúde voltaram a mobilizar os brasileiros para a segunda fase de vacinação de meninas de 9 a 11 anos contra o HPV.

A doença é responsável por 70% dos casos de câncer do colo do útero e a terceira causa de morte de mulheres no Brasil. A estratégia do Ministério da Saúde, que já foi adotada em outros 60 países, é vacinar meninas que não tenham tido contato com o vírus, garantindo que no futuro elas estejam imunizadas contra a doença, que é sexualmente transmissível.

Entretanto, órgãos de saúde têm constatado uma baixa procura pela vacina, em parte por causa do preconceito, do medo e da desinformação. Além dos casos divulgados em redes sociais que não foram comprovados como reação à vacina, muitos pais e responsáveis acham as garotas muito novas para serem in­cluídas nesta realidade.

A ginecologista e obstetra Honorina Anne Pessoa Costa reforça, porém, que a vacinação contra o HPV é importante, mesmo que não previna contra todos os tipos existentes de HPV. “As duas vacinas existentes no mercado previnem contra o HPV 16 e 18, que são responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo uterino no mundo”, disse em entrevista a O Estado.

Para garantir a eficácia da vacina, as garotas precisam tomar as três doses. Após a primeira, a menina deve receber a segunda seis meses depois, e a terceira, de reforço, cinco anos após a primeira.

O Estado - Quem pode se vacinar e qual a faixa de idade?
A Organização Mundial de Saúde recomenda a vacinação contra HPV como rotina, sendo a população-alvo primária meninas de 9 a 13 anos de idade que ainda não entraram em contato com o vírus.

O Estado - Em casos de meninas/mulheres que tenham idade que ultrapasse a faixa etária da vacinação e que não tomaram a vacina antes, como devem agir? Podem tomar?
A vacina quadrivalente contém dois tipos adicionais, os HPV 6 e 11, responsáveis por 90% dos condilomas culminados. No Brasil, as vacinas foram aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Então, em casos de mulheres que ultrapassaram a faixa etária, a vacina é indicada para mulheres de 9 a 26 anos e homens de 9 a 26 anos para a vacina quadrivalente (6,11,16,18); bivalente(16 e 18) mulheres 10 a 25 anos e homens não têm indicação.

O Estado - Qual a importância da vacinação?
Hoje, sabe-se que existem mais de 45 tipos diferentes de HPV, que infectam o trato genital inferior, sendo pelo menos 14 de alto risco oncogênico (com chances de evoluir para um câncer). As duas vacinas existentes no mercado previnem contra os HPV 16 e 18, que são responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo uterino no mundo, 50% do câncer de vulva, 70% do câncer vaginal, 93% do câncer anal e 60% do câncer de oro faringe.

O Estado – A vacina atua em quem já tem HPV?
Estudos publicados mostram que a vacina não tem efeito no curso da infecção estabelecida, tanto verrugas quanto neoplasia intraepitelial, ou ainda como infecção persistente, independente da sorologia ser positiva ou negativa, não estando contraindicado o uso da vacina na presença da doença, mas deve ser explicado à paciente que a vacina não trata a infecção atual, podendo ter um papel no futuro contra outras infecções, inclusive contra a reinfecção pelo mesmo tipo viral da infecção atual, após a mesma se negativar. O uso da vacina não interfere negativamente no curso de infecção existente.

Prevenção primária
1- Orientação da paciente sobre a forma de transmissão do vírus, explicando que o contágio é realizado por contato de pele com pele. Portanto, barreiras mecânicas são fundamentais;
2- Vacinas que já estão disponíveis no mercado e em programas do governo.
Prevenção secundária
1 - Realizada por detecção precoce de lesões por meio de uma boa citologia oncótica, método de rastreio de lesões precursora do câncer do cólo uterino;
2 - Diagnóstico da lesão HPV induzida se baseia no tripé: citologia, colposcopia ampliada e histopatológico da biópsia dirigida.

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