Demissões em massa

Sem vigilantes, escolas da rede municipal de ensino estão inseguras

Mais de 400 vigilantes de empresas terceirizadas foram demitidos, segundo sindicato; categoria estuda os próximos passos a serem tomados para solucionar impasse com empregadores

Atualizada em 11/10/2022 às 12h54

A escolas municipais de São Luís estão funcionando sem a presença de vigilantes. Durante o dia, são os próprios funcionários das unidades de ensino que estão controlando a entrada e saída nas escolas. A situação preocupa pais de alunos pela estrutura das escolas, que ficam desassistidas, e principalmente pela integridade de seus filhos.

O Estado percorreu várias escolas da rede municipal de ensino e constatou a ausência dos profissionais que deveriam guardar os prédios. A Unidade de Educação Básica (UEB) Neiva Moreira, localizada no Bequimão, é uma das escolas que está sem vigilância, o que deixa os pais de alunos temerosos.

Na saída dos alunos do turno matutino, os portões ficaram abertos, e as crianças podiam sair sem nenhum controle visual de um adulto. Para os pais, como o frentista Júnior Silva, o problema precisa ser solucionado urgentemente. “Com segurança, já entra qualquer pessoa. Sem ninguém, fica mais fácil ainda. Fiquei até com medo de trazê-la [sua filha] para a escola agora”, disse.

Outra escola em que também foi constatada a ausência de vigilantes foi a UEB Senador Miguel Lins, na Alemanha, onde os funcionários estavam controlando a saída dos estudantes.
Já na UEB Bernardina Spíndula, no Centro, os servidores informaram que a vigilância continuava trabalhando, apesar das demissões, mas o vigilante do turno teria precisado sair do prédio no momento em que O Estado chegou ao local.

Justiça
Segundo o secretário-geral do Sindicato dos Vigilantes do Maranhão (Sindvig-MA), Sílvio Carvalho, a Prefeitura de São Luís não tem mais contrato com a empresa ServiSan desde o dia 15 de fevereiro. Os vigilantes estavam trabalhando por meio de indenizações. Mas a empresa de segurança alega ao sindicato que não está pagando os trabalhadores, porque a Prefeitura não cumpre os compromissos.

Sílvio Carvalho lembrou ainda que o sindicato já havia buscado a Justiça para garantir o pagamento dos trabalhadores. Mas o Município de São Luís impetrou mandado de segurança com pedido de liminar contra a decisão de base da Justiça do Trabalho, que havia determinado o bloqueio nas contas do Município, no montante de pouco mais de R$ 5,5 milhões.

A decisão fora proferida para atender a pedido do Sindvig-MA, movido contra a empresa ServiSan Vigilância e Transportes de Valores Ltda., para fazer face aos direitos e créditos trabalhistas (salários retidos e verbas rescisórias dos trabalhadores) devidos desde fevereiro de 2015. A empresa alegava que os débitos para com os trabalhadores eram resultado de atraso por parte do ente municipal quanto aos repasses das respectivas faturas do contrato. O Tribunal Regional do Trabalho acatou integralmente o pedido do Município, determinando o imediato desbloqueio da conta.

Providências
O Sindicato dos Vigilantes do Estado do Maranhão (Sindvig-MA) convocou a categoria para uma assembleia a ser realizada no dia 23 deste mês na sede do sindicato, no centro da cidade, para discutir quais os próximos passos que serão adotados pelos vigilantes para resolver essa situação. “Estamos convocando a categoria para decidir no dia 23 o que vai ser feito, se vamos acampar na porta da Prefeitura, na porta do Tribunal de Justiça do Trabalho. Alguém tem de responder por essa irresponsabilidade”, frisou o secretário-geral.

Ainda de acordo com Sílvio Carvalho, não há ainda estimativa para que os vigilantes sejam alocados em outros órgãos. “As escolas estão à mercê, não tem nenhum vigilante. Ainda não sa­bemos o que a Prefeitura vai fazer: se vai colocar vigilantes deles ou chamar emergencial. Até agora, não fomos comunicados sobre nada. Só sei que não tem vigilantes nas escolas de São Luís”, disse.

O Estado manteve contato com a Prefeitura de São Luís, mas até o fechamento desta página não obteve resposta.

PROTESTO
NA RUA

Vigilantes que fazem a segurança de escolas da rede municipal de educação de São Luís bloquearam a Avenida Senador Vitorino Freire, no bairro Areinha, em protesto na terça-feira. Eles reclamaram do atraso no pagamento dos salários e das demissões em massa, que vêm acontecendo nos últimos meses. Os vigilantes concentraram-se próximo
ao prédio onde funciona a Justiça Federal e interromperam o fluxo de veículos ao longo da avenida. Nessa tarde, os manifestantes fizeram novo ato na Avenida Beira-Mar, próximo ao Terminal de Integração da Praia Grande.

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