Artes Visuais

Para resgatar e preservar a memória

Projeto encabeçado pelo Museu da Memória Audiovisual do Maranhão registrará em 39 filmes e um longa-metragem nomes das artes plásticas do Maranhão

Atualizada em 11/10/2022 às 12h55
Lucap, Beto Matuck e Renata Valdejão compõem a equipe do projeto
Lucap, Beto Matuck e Renata Valdejão compõem a equipe do projeto ( Lucap, Beto Matuck e Renata Valdejão compõem a equipe do projeto )

A história e a memória de pintores e escultores maranhenses são a matéria-prima de uma série de documentários que o Museu da Memória Audiovisual do Maranhão (Mavam), da Fundação Nagib Haickel, prepara para lançar ano que vem. A produção resultará em 39 filmes de 26 minutos cada um e um longa-metragem que terá depoimentos e imagens pinceladas por meio de um trabalho de localização de fontes, obras, fotografias, reportagens e informações bibliográficas.

O projeto, aprovado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura, é feito pelo Mavam em conjunto com as empresas e os produtores independentes que compõem o Polo de Cinema Ficcional, Documental e de Animação do Maranhão e já começou.

Dos 39 filmes, 13 estão finalizados, 13 em fase de produção e os demais na etapa de pesquisas. Joaquim Haickel, que comanda a equipe composta pelo cineasta Beto Matuck, o diretor de som André Lucap e a roteirista e pesquisadora Renata Valdejão, explica que a ideia do projeto nasceu depois que ele concluiu, em parceria com Beto Matuck, uma série de documentários sobre imortais da Academia Maranhense de Letras.

Para se chegar aos nomes dos artistas retratados, a equipe teve como primeira referência o livro “Arte do Maranhão 1940/1990, publicado pelo extinto Banco do Estado do Maranhão. “Mas no decorrer das pesquisas, entendemos que deveríamos contemplar outros nomes”, destaca Beto Matuck, ressaltando que o trabalho é documental.

A pesquisadora Renata Valdejão conta que durante o trabalho eles foram alcançando nomes que até mesmo para a equipe eram desconhecidos. Ela cita como exemplo a artista plástica Tita do Rêgo, natural de Caxias, mas radicada há muitos anos na Alemanha e com grande reconhecimento na Europa. É dela a xilogravura exposta no Museu da Balaiada, em Caxias, que retrata aspectos da batalha.

Além de entrevistas com parentes e amigos dos artistas que já morreram, com estudiosos de arte, pesquisadores e escritores e depoimentos dos artistas que estão vivos, a equipe do Mavam busca também informações que incluem visitas a museus, centros de artes e casas de colecionadores.

Viagens - Para concretizar o projeto, a equipe tem viajado por diversas cidades não só no Maranhão, mas também para outros estados nos quais muitos artistas se radicaram. Para gravar a obra de Fernando Mendonça, por exemplo, eles acompanharam o artista até o povoado de Bacurituba, em Alcântara. Em Caxias, colheram informações sobre Celso Antônio e Tita do Rêgo. Visitaram ainda Alcântara, onde o pintor Péricles Rocha mantém um ateliê; Viana, terra natal do artista Cláudio Costa; e Vitória do Mearim, cidade do xilogravurista Ayrton Marinho.

No Rio de Janeiro, foram feitas gravações com João Atanásio e Marçal Athayde, dois dos vários artistas que precisaram sair do Maranhão em busca de novos mercados. A cidade fluminense será visitada ainda mais uma vez, na próxima etapa do projeto, que ocorrerá em outubro. Lá a equipe colherá depoimento do poeta Ferreira Gullar, amigo de juventude de alguns dos pintores retratados.

Também filmarão no Museu Nacional de Belas Artes, herdeiro da Academia Imperial e da Escola Nacional de Belas Artes, cujo acervo artístico de mais de 20 mil obras inclui trabalhos dos escultores maranhenses Celso Antônio e Flory Gama. A coleção é especializada na produção estética brasileira do século XIX à atualidade, mas também tem representantes da arte europeia.

Do Rio, eles seguem rumo a Brasília, onde será gravado o depoimento de José Sarney, um dos grandes apoiadores das artes no Maranhão. Já na Bahia eles visitarão a viúva e familiares de Floriano Teixeira, que passou grande parte de sua vida em Salvador.
O ilustrador e pintor Floriano Teixeira se tornou grande amigo do escritor baiano Jorge Amado. “Por isso mesmo, Floriano Teixeira acabou mais conhecido na Bahia do que no Maranhão, e hoje uma das principais fontes de informação sobre o artista maranhense é a Fundação Jorge Amado”, destaca a pesquisadora Renata Valdejão.

Joaquim Haickel ressalta que outra cidade baiana a ser visitada será Nova Viçosa. “Lá vamos falar com o escultor, gravador e fotógrafo polonês radicado no Brasil, Frans Krajcberg, que em uma de suas várias visitas a São Luís fez um livro de fotografias sobre a cidade. Em uma dessas ocasiões, Krajcberg foi apresentado a Maia Ramos, com quem teve muita afinidade estética”, diz Haickel.

Mais

Documentários em fase de produção - Artistas Vivos

Miguel Veiga, Lobato, Cosme, Ana Borges, Almir Valente, A. Garcês, Luis Carlos, Tita do Rêgo, J. Bezerra, Fransoufer, Cordeiro do Maranhão, Rosilan Garrido e ainda um vídeo com novos nomes da cena visual no Maranhão

Documentários prontos - Artistas Vivos
Dila, Fernando Mendonça, Marçal Athayde, Jesus Santos, Péricles Rocha, Mondego, Ciro Falcão, Thiago Martins, Airton Marinho, Cláudio Costa, Paulo Cesar, Marlene Barros e João Atanásio

Documentários em fase de produção – Artistas mortos

Antônio Almeida - Pintor, escultor, muralista, gravador, ilustrador, ceramista e entalhador nascido em Barra do Corda, em 1922. Autodidata, inspirou-se na literatura de cordel. Foi um dos precursores do Modernismo no Maranhão. Morreu em 2009.

- Celso Antônio de Menezes - Escultor nascido em Caxias em 1896. Estudou na França com Antoine Bourdelle, discípulo de Rodin. No Brasil, participou do movimento cultural modernista, ao lado de Anita Malfatti, Di Cavalcanti e Tarsila. Morreu em 1984.

- Fernando P - Pintor e gravurista nascido em 1917, em São Luís. Em 1939, transferiu-se para o Rio de Janeiro. Atuou como ajudante de Di Cavalcanti. Teve diversas participações no Salão Nacional de Arte Moderna, entre 1952 e 1965. Morreu no Rio, em 2005.

- Floriano Teixeira - Pintor, desenhista, miniaturista, gravador e escultor nascido em Cajapió, em 1923. No Ceará, atuou como o primeiro diretor do Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará. Em seguida, se mudou para a Bahia, onde trabalhou como gravurista do escritor Jorge Amado. Morreu na Bahia em 2000.
- Flory Gama - Escultor nascido em Vargem Grande, em 1916. Transferiu-se para o Rio, onde morou e trabalhou em seu ateliê no Museu Nacional de Belas Artes. Fez a máscara mortuária de Getúlio Vargas.Tem obras na França, Argentina e Índia. Morreu em 1996.

- Maia Ramos - Escultor e pintor nascido em Portugal e radicado em São Luís em 1929. Sua escultura explora raízes e troncos. As obras são composições híbridas que retratam pessoas, animais e plantas ao mesmo tempo. Morreu em 1995.

- Nagy Lajos - Pintor, desenhista e artesão húngaro que migrou para São Luís na década de 1960. Atuou como professor da maioria dos artistas de São Luís na década de 1970. Morreu em 1989.

- Newton Sá - Escultor nascido em Colinas, em 1908. É autor da “Mãe D´água”, escultura da Praça Dom Pedro II . Mudou-se para o Rio, onde morre em 1940.

- Ambrósio Amorim, Telésforo Rêgo, Zaque Pedro e Tonico Tavares também compõem esta fase do projeto

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